A primeira leitura (Ex 17,8-13) descreve um momento de guerra do povo de Israel. Guerra contra os amalecitas, inimigos ferrenhos de Israel. Moisés intercede junto a Deus para que Josué, que está no combate, vença os inimigos. Moisés levanta os braços em direção ao céu: é um gesto de comunhão com o Senhor verdadeiro do mundo. Enquanto os braços de Moisés estão erguidos em oração, Israel vence; quando seus braços cansam e baixam, Israel perde. Por seu gesto de oração, Moisés suplica de Deus a bênção e a integridade física do povo de Israel, mas também o esconjuramento do inimigo.
Para mostrar o valor de rezar sempre e nunca desanimar, Jesus contou a parábola da viúva insistente, que, no final, acabou conseguindo que juiz procedesse em seu favor. Ela insistiu tanto que, como se diz, “matou o juiz no cansaço”. É claro que em nossa oração, Deus não age como aquele juiz interesseiro e partidário, mas Deus nos atende se tivermos fé. É a oração feita com fé, não por exibição, mas com humildade, que toca o coração de Deus. É por isso que Jesus, no final da parábola, pergunta: “Será que o Filho do Homem encontrará ainda fé na terra, quando ele vier?”
Por que é importante a oração? Porque a oração quebra nosso orgulho, nossa auto-suficiência, nosso engano de pensar que somos capazes de vencer todas as dificuldades. Rezando, experimentamos a confiança de que não trabalhamos sozinhos e de que existe Alguém que trabalha em nosso favor.
Muita gente já não reza mais, perdeu o encanto de se aproximar de Deus, e vive sem espiritualidade. É engano pensar que a oração é sem importância ou inútil. Sem a oração, é impossível permanecer firmes na fé. Quem reza, se parece com Jesus. Jesus rezou tantas vezes em sua vida oculta e em sua vida pública. De dia trabalhava, à noite se retirava sozinho, onde não havia barulho, para ficar em comunhão com o Pai e o Espírito. Na hora mais difícil de sua vida, com o rosto prostrado por terra, rezou: “Não se faça a minha vontade, mas a tua seja feita” (Lc 22,42).
Rezar é importante para acertar na vida. Quanta gente erra na vida: falha na educação dos filhos, falha no casamento, falha nos compromissos e deveres, falha nas responsabilidades. Os grandes sofrimentos atuais parecem ter origem justamente na falta de oração e de espiritualidade. O que se torna o ser humano que não reza? Dizia o papa Bento XVI na abertura da Conferência de Aparecida: “Quem exclui Deus de seu horizonte [de vida] falsifica o conceito de realidade e, em consequência, só pode terminar em caminhos equivocados e com receitas destrutivas” (DA, p. 254)
Na segunda leitura, Paulo escreve a Timóteo em uma época em que a fé ia enfraquecendo. A demora da chegada do fim do mundo, as perseguições, as influências do Império Romano favoreciam o enfraquecimento da fé. Os cristãos se viam ameaçados de todos os lados, e a fé ia perdendo vigor. Então Paulo lembra que não basta só ser perseverante na oração, mas perseverar também na Palavra de Deus. Ou seja, é necessário insistir na pregação do evangelho, oportuna e inoportunamente.
Hoje, muitos pregam a Palavra de Deus. E, como o fazem? Sem querer generalizar, porque seria injusto, mas muitos pregam a Palavra de Deus pelo dinheiro. Não estão preocupados com o Reino do bem, mas com os bens do reino. Ser insistente não é ser fanático, mas ser fiel. O fanatismo é o disfarce da insegurança. Ser convicto não é ser fundamentalista, mas testemunha. Retomemos as palavras de Paulo: “Permanece firme naquilo que aprendeste e aceitaste como verdade [...] eu te peço com insistência: proclama a palavra, insiste oportuna e inoportunamente, argumenta, repreende, aconselha, com toda a paciência e doutrina” (2Tm 3,14ss).
Frei Nedio Pertile
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