sexta-feira, 25 de março de 2011

Homilia dia (27/03/2011) “Derramarei sobre vós uma água pura”.


LITURGIA – 13.
3o Dom da Quaresma  - 27.03.2011.

“Derramarei sobre vós uma água pura”.
1.Introdução.
Na Igreja antiga, a Quaresma era tempo de preparação para o Batismo. Os candidatos eram examinados a respeito da doutrina e do comportamento. O Batismo era compromisso sério para uma vida cristã. Na Páscoa celebrava-se a grande festa do nascimento dos novos membros da Igreja. Nasciam do alto e do poder de Deus, como Jesus havia dito: “Se alguém não nascer da água e do Espírito Santo não pode entrar no Reino de Deus”  (Jo 3,5).
O simbolismo da água é muito importante: sem água não há vida natural, e sem o Espírito Santo não há vida divina no coração dos homens. A água viva, prometida por Jesus à mulher samaritana e ao povo de Israel, é o Espírito Santo! Jesus promete uma água viva e diz para os sedentos: “Quem tem sede, venha e beba!”(Jo 4,10;7,37-39).
Todos nós somos sedentos, mas qual é a água que procuramos para beber? A samaritana procurava água no poço de Jacó, e nós bebemos em que poços da vida? Bebemos água e drogas e continuamos sedentos, pois, somente Jesus tem a água viva que sacia e faz viver a vida divina de filhos de Deus.

2.Palavra de Deus.
Ex 17,3-7 – O Povo de Israel, no deserto, tem sede, mas esqueceu o poder de Deus; por isso, resmungou e quase apedrejou seu líder, Moisés. A água do deserto é símbolo da água viva do Batismo, do Espírito Santo, prometida por Jesus. Sem o Espírito Santo não há vida divina no coração humano!
Rm 5,1-2.5-8 – O Espírito Santo é derramado, de maneira abundante, como uma água vida que apaga nossa sede e faz nascer a vida divina mediante o Batismo. Deus derrama o Espírito Santo, gratuitamente, apaga o pecado e suscita a vida divina, necessária para entrar no Reino de Deus.
Jo 4,5-42 – A mulher samaritana procura água no antigo poço do Patriarca Jacó, mas Jesus promete-lhe a água viva que apaga sua sede para sempre e a fará viver de maneira diferente. Ela acredita e torna-se missionária junto aos samaritanos. Discípula missionária, bem do jeito que a Igreja nos recomenda no Documento de Aparecida!

3.Reflexão
·         A Igreja questionava os catecúmenos (candidatos ao Batismo) a respeito de sua decisão existencial  ou seja, se desejavam mesmo assumir o compromisso de viver como cristãos, discípulos missionários de Cristo no meio do mundo pagão daquele tempo. No dizer de um grande Padre da Igreja, “os cristãos não nascem cristãos, fazem-se pela fé e pela escolha pessoal de seguir Jesus Cristo!”. O Batismo era um ato consciente, por isso que a Igreja Antiga foi a Igreja dos Mártires. Hoje, temos a impressão que a Igreja perdeu o gosto pelo martírio!
·         O Povo de Israel esquecia os milagres de Deus e pensava apenas na água para beber ele e seus animais! Os milagres de Deus continuam acontecendo, mas nós pensamos nos prazeres da vida material e nunca tem “água” que chega para apagar nossa sede! Todo santo dia nós vamos ao “poço de Jacó”, como a samaritana, em busca de água que não apaga nossa sede. Somente Jesus tem água viva! É preciso ir a Ele e beber: Venham a mim e bebam!(Jo  7,37).
·         A água que Ele nos dá é o Espírito Santo – “derramado em nossos corações” -  que faz nascer a esperança de uma vida melhor e mais plena de sentido. Sem água, não há vida; sem o Espírito Santo de Deus não há vida divina! Não há salvação.

“Senhor, dai-me desta água a fim de que eu não tenha mais sede!”(Jo 4,15)

Frei Carlos Zagonel

Homilia dia (27/03/2011) Retornemos à fonte, para beber água pura!


III Domingo da Quaresma – Ano A
Ex 17,3-7; Sl 95(94); Rm 5,1-2.5-8; Jo 4,5-42

Bebemos água raras vezes diretamente da fonte; normalmente, bebemos a água já tratada, que chega até nós depois de passar por logos canos, para finalmente ser sorvida em copos. Quem não tem saudade da fonte de água lá na roça em que se a bebia na palma da mão! Lá a água é fresca e pura. “Queres água limpa? Cuida das fontes!”, dizia um pregador cristão, empenhado na luta pela conservação dos mananciais que abastecem as populações. Com efeito, beber água cristalina, pura, é desejo de todo habitante deste planeta, chamado Terra. São Francisco de Assis, no século XII, já louvava o Criador do mundo pelo presente da água: “Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã água, que é mui útil e humilde e preciosa e casta” (Cântico do Irmão Sol).

Sim, a água é presente de Deus à humanidade. É dom. Nós, humanos, não a inventamos, nem a produzimos, mas ela está aí e nós a acolhemos. Ela faz bem a todos os seres vivos, estes precisam dela para sobreviver, a ponto de que, sem ela, todo ser vivo morreria. Santo Antônio de Pádua já dizia em seus sermões, no século XII, que “o segredo da vida está na umidade”. A “humildade” da água pode escapar de nossa percepção. Com efeito, nós a utilizamos para a limpeza, para fazer comida, para irrigar a plantação, etc., e nos damos conta de sua importância quando ela começa a faltar.  

Infelizmente, nas últimas décadas, a água vem sofrendo maus tratos por parte de seres humanos, dominados pela avareza sem limites, que a desperdiçam, a comercializam e a contaminam com venenos, colocando em risco as suas reservas disponíveis na natureza, a sobrevivência das espécies vivas, alterando inclusive o clima no planeta.

Foi por falta de água que o povo eleito, enquanto peregrinava pelo deserto, conforme a primeira leitura deste domingo (Ex 17,3-7) começou a murmurar contra Moisés. O deserto, sabemos, é seco e árido, raros são os oásis ali existentes: “Por que nos fizeste sair do Egito? Foi para nos fazer morrer de sede, a nós, nossos filhos e nosso gado? (Ex 17,3). Ao murmurar, o povo duvidou de Deus, e o colocou à prova: “Será que Deus nos abandonou ou Ele está conosco?”(Ex 17,7). Mas nesta provação, bem como em outras, Deus se mostrou fiel, não abandonando o seu povo, fazendo brotar água da rocha, por meio da intercessão de Moisés: “Toma a tua vara com que feriste o rio Nilo e vai. Eu estarei lá, diante de ti, sobre o rochedo, no monte Horeb. Ferirás a pedra e dela sairá água para o povo beber” (Ex 17,5-6). Deus deu água ao povo para beber, mas não por causa da murmuração, e sim por amor, por graça.

Este episódio da murmuração contra a falta de água mostra como é difícil assumir o destino e a própria liberdade. A liberdade é uma provação e tem seu custo. A murmuração do povo eleito é uma atitude saudosista da escravidão do Egito, onde havia água e comida, mas não havia liberdade. Diante das dificuldades da vida, a tentação é escapar da situação em que se está, evadir-se, ou querer voltar para trás. O retorno parece ser mais cômodo do que seguir adiante superando os obstáculos que se apresentam. Diante do sofrimento, a tentação do ser humano é “sair pela tangente” e responsabilizar Deus pelo que está acontecendo. A omissão é o princípio da desresponsabilização, o caminho mais fácil das tentações. Os seguidores de Jesus da primeira hora ouviram do próprio Mestre uma dura advertência: “Quem põe a mão no arado e olha para trás não é apto para o Reino de Deus” (Lc 9,62). Por que colocar Deus à prova quando a vida começa a ficar dificultosa? Será que a caminhada da vida é sem pedras e sem espinhos? Ou então será que preferimos que todas as coisas caiam prontas do céu?!

O apóstolo Paulo relê o acontecimento da água que brotou na rocha do deserto à luz da revelação de Cristo: Ele é a rocha que já jorrava no Antigo Testamento para aqueles que o esperavam: “Não quero que ignoreis, irmãos, que os nossos pais (...) comeram o mesmo alimento espiritual, e todos beberam a mesma bebida espiritual, pois bebiam de uma rocha espiritual que os acompanhava, e essa rocha era Cristo” (1Cor 10,1.3-4). Para o apóstolo, a água que brotou da rocha é dom de Cristo associado ao dom do batismo cristão, pois, na morte de Jesus, conforme a segunda leitura, Deus “demonstra seu amor por nós pelo fato de Cristo ter morrido por nós quando éramos ainda pecadores” (Rm 5,8).

O evangelho deste domingo narra a longa conversa, paciente e pedagógica, que Jesus teve com a mulher samaritana sobre o “dom de Deus”, a “água viva” (Jo 4,5-42), ocasião em que Jesus infringiu costumes sociais de então e mostrou superação da aversão dos samaritanos contra os judeus. À parte essas superações, nem todos compreendem esse mistério da “água viva”. Jesus, inicialmente, desconcerta a samaritana ao pedir-lhe água: “Dá-me de beber” (Jo 4,7). A samaritana, ao deparar-se com um pedido inusitado, não sabe quem é Jesus, vê nele apenas um judeu peregrino, que se aproximou do poço por causa da sede, sob o sol escaldante do meio-dia. Quando Jesus lhe fala sobre a “água viva”, a samaritana pensa na água corrente de um poço ou de uma cisterna, por isso reage com ironia: “Senhor, nem sequer tens balde e o poço é fundo. De onde vais tirar a água viva? Por acaso, és maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço e que dele bebeu como também seus filhos e seus animais?” (Jo 4,11-12).

Alguns mistérios da fé são compreendidos somente quando o próprio Deus nos instruir. O longo diálogo de Jesus com a samaritana é uma catequese sobre o “dom de Deus”. Jesus parte da água do poço de Jacó, mas quer fazer a samaritana compreender a respeito de “outra água”, a água que sacia plenamente: “Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é que te pede: ‘Dá-me de beber’, tu mesma lhe pedirias a ele, e ele te daria água viva (...). Todo aquele que bebe desta água terá sede de novo. Mas quem beber da água que eu lhe darei, esse nunca mais terá sede. E a água que eu lhe darei se tornará nele uma fonte de água que jorra para a vida eterna” (Jo 4,4.13-14).

O que mesmo Jesus quis dizer à samaritana quando lhe falou da “água viva”? Não se trata da água corrente do poço, como ele mesmo disse, mas de uma realidade espiritual dado ao que tem fé para reconhecer “o dom de Deus” e que o conduz à vida eterna. Para os estudiosos da Bíblia, a “água viva” é a revelação que Jesus faz de si mesmo, o seu evangelho, a novidade de sua mensagem, que, com a sua presença, gestos e ensinamentos, instaura no mundo as primícias da salvação cristã; neste sentido, Jesus é a sabedoria de Deus, a “luz do mundo” (Jo 8,12) e o “pão da vida” (Jo 6,35), que substitui a Lei. Ainda, segundo os estudiosos da Bíblia, a “água viva” é o Espírito Santo (“dom de Deus”), dado pelo Cristo glorificado, conforme Ele mesmo havia prometido antes de ressuscitar: “No último dia da festa, o mais solene, Jesus, de pé, disse em voz alta: ‘Se alguém tem sede, venha a mim e beba, aquele que crê em mim!’, conforme a palavra da Escritura: Do seu seio jorrarão rios de água viva. Ele fala do Espírito que deviam receber aqueles que tinham crido nele; pois não havia ainda Espírito, porque Jesus ainda não fora glorificado” (Jo 7,37-39). A “água viva” (“dom de Deus”) é o Espírito Santo, conforme testemunha o evangelista Lucas (At 2,38; 8,20) e como testemunha a Carta aos Hebreus (6,4). E ainda conforme o evangelista João, é o dom do Espírito quem nos faz compreender o evangelho de Jesus: “O Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará tudo e vos recordará tudo o que eu vos disse” (Jo 14,26).

A tradição cristã compreendeu o diálogo de Jesus com a samaritana como uma catequese batismal. Mas, nessa instrução do Senhor, note-se uma diferença: enquanto, para Nicodemos, Jesus fala em “nascer da água e do Espírito” (Jo 3,5), para a samaritana, fala em “beber da água viva”. É assim que o apóstolo Paulo lembra o batismo cristão: “Fomos todos batizados num só Espírito para ser um só corpo, judeus e gregos, escravos e livres, e todos bebemos de um só Espírito” (1Cor 12,13). Um dos primeiros símbolos cristãos do batismo foi o cervo que bebe água da fonte, inspirado no salmo 42. A cena da samaritana junto ao poço de Jacó aparece na arte primitiva das catacumbas como símbolo do batismo.

Jesus conduziu a samaritana e muitos de seus contemporâneos a confessar abertamente a fé em Cristo: “Este é verdadeiramente o salvador do mundo” (Jo 4,42). É Cristo quem dá a “água viva”, saciando plenamente a quem o busca na fé. O Prefácio da missa de hoje proclama que Cristo nos dá o dom da fé a fim de fazer brotar no coração dos fiéis – como aconteceu com a samaritana – o amor de Deus: “Ao pedir à samaritana que lhe desse de beber, Jesus lhe dava o dom de crer. E, saciada sua sede de fé, lhe acrescentou o fogo do amor”.

A quaresma é um tempo apropriado para retornar à fonte de “água viva”, à fonte batismal, não para ser rebatizado, pois o batismo cristão é recebido uma única vez, e sim para renovar a “vida nova” iniciada no batismo e relembrar os compromissos batismais. No batismo recebemos o “dom de Deus” por intermédio da água abençoada. Não foi a água corrente que ganhamos no dia do batismo, e sim uma vida que nos une a Deus e aos irmãos, começada nesta vida terrena para terminar na vida eterna. Ser batizado não é somente ser lavado na pia batismal, mas deixar-se encharcar por uma água invisível, água da vida divina, que nos faz participar da vida da Trindade e de sua missão no mundo. O batismo é uma graça, sem dúvida a melhor das graças recebidas, que nos afeiçoa e nos enxerta na vida mesma de Deus, mas é também uma graça que nos capacita para o testemunho e a solidariedade sem limites e sem fronteiras. O batismo nos dá a força para renovar o mundo. É como a água que verdeja e rejuvenesce a Igreja e a face da terra.

Em tempos de consumo desenfreado de produtos, emoções e ilusões, em tempos de uso irresponsável dos bens da natureza cósmica, em tempos de experiências de “extravio” e de buscas sem resposta, procuremos o oásis que sacia plenamente as nossas buscas, as nossas angústias, as nossas esperanças, enfim, a nossa sede, fazendo-nos repousar em sua sombra. E, com a samaritana, peçamos: “Senhor, dá-me desta água, para que eu não tenha mais sede” (Jo  4,15). E, com o salmista, ouçamos os gemidos silenciosos de nossos corações: “Como a corça bramindo por águas correntes, assim minha alma aspira por ti, ó meu Deus! A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: quando voltarei a ver a face de Deus?” (Sl 42,2-3). Retornemos à fonte, para beber água pura! Retornemos a Deus, ao evangelho do Filho, ao dom do Espírito, para beber de sua água! Retornemos à comunidade de fé para saciar os outros e a nós mesmos! Retornemos à fonte que “jorra para a vida eterna” e nos tornemos fonte para os outros!

Frei Nedio Pertile
Cuiabá, 24 de março de 2011

terça-feira, 22 de março de 2011

Evangelho de hoje (22/03/2011) Mateus 23, 1-12

 
Então Jesus falou à multidão e aos seus discípulos. Ele disse:
- Os mestres da Lei e os fariseus têm autoridade para explicar a Lei de Moisés. Por isso vocês devem obedecer e seguir tudo o que eles dizem. Porém não imitem as suas ações, pois eles não fazem o que ensinam. Amarram fardos pesados e os põem nas costas dos outros, mas eles mesmos não os ajudam, nem ao menos com um dedo, a carregar esses fardos. Tudo o que eles fazem é para serem vistos pelos outros. Vejam como são grandes os trechos das Escrituras Sagradas que eles copiam e amarram na testa e nos braços! E olhem os pingentes grandes das suas capas! Eles preferem os melhores lugares nos banquetes e os lugares de honra nas sinagogas. Gostam de ser cumprimentados com respeito nas praças e de ser chamados de “mestre”. Porém vocês não devem ser chamados de “mestre”, pois todos vocês são membros de uma mesma família e têm somente um Mestre. E aqui na terra não chamem ninguém de pai porque vocês têm somente um Pai, que está no céu. Vocês não devem também ser chamados de “líderes” porque vocês têm um líder, o Messias. Entre vocês, o mais importante é aquele que serve os outros. Quem se engrandece será humilhado, mas quem se humilha será engrandecido.
Bíblia Sagrada – Nova Tradução na Linguagem de Hoje
Bom dia!
Já perdi as contas quantas vezes ouvi alguém dizer ou afirmar que os “piores estão dentro da igreja”. De fato estão e talvez também não estejam, depende do critério que adotamos. No entanto independentemente do critério, em ambos os casos, temos os piores exemplos.
Sim! Temos os piores exemplos em ambas as pontas. Veja! Piores exemplos e NÃO piores pessoas.
Os piores exemplos dos “de fora” (…)
Quem não esta na igreja e vê esse fato como vitória sobre quem tem um gosto diferente; quem ofende ou trata alguém diferenciadamente porque tem uma postura ou valores cristãos; quem caçoa ou ridiculariza o filho que quer ser coroinha, acólito ou seguir uma vocação religiosa; quem incentiva a outros (namorados, amigos, parentes) a se afastarem; quem só procura a benção da igreja movida por medo, status ou visualização social, ou seja, aqueles que só vão a igreja em datas festivas ou de profunda tristeza (casamento, sétimo dia, formaturas, batizados) e ainda ficam olhando no relógio “doidos” para ir embora. Que usam a catequese como babá dos seus filhos para poder ficar em casa assistindo futebol, (…).

“(…) Eu não me envergonho do evangelho, pois ele é a força salvadora de Deus para todo aquele que crê, primeiro para o judeu, mas também para o grego. Nele se revela a justiça de Deus, que vem pela fé e conduz à fé, como está escrito: “O justo viverá pela fé”. Ao mesmo tempo revela-se, lá do céu, a ira de Deus contra toda impiedade e injustiça humana, daqueles que por sua injustiça reprimem a verdade. Pois o que de Deus se pode conhecer é a eles manifesto, já que Deus mesmo lhes deu esse conhecimento. De fato, as perfeições invisíveis de Deus — não somente seu poder eterno, mas também a sua eterna divindade — são claramente conhecidas, através de suas obras, desde a criação do mundo. Portanto, eles não têm desculpa: apesar de conhecerem a Deus, não o glorificaram como Deus nem lhe deram graças. Pelo contrário, perderam-se em seus pensamentos fúteis, e seu coração insensato se obscureceu”. (Romanos 1, 16-21)

Os piores exemplos dos “de dentro” são os narrados por Jesus no Evangelho de hoje.
Aquele que “vira dono da igreja”; que faz acordos para se eleger coordenador de um movimento ou pastoral; que só participa visando criticar; que afasta as pessoas; que implica por tudo e por coisas pequenas; que cobra regras, mas não as segue; que punem a comunidade por orgulho; que não vê seus próprios defeitos; que fazem da homilia um desabafo; que toca pensando que é show; que fala mais que o padre; (…). Engraçado! Toda boa comunidade tem desses tipos “pitorescos”
Mas será que são os piores? Não, não são! Como também não são aqueles que são criticados por esses “santos”.
Apesar de estarem equivocados quanto à forma de conduzir sua vida em relação aos outros, são pessoas que ainda buscam ficar do lado certo. O “dono da igreja” me lembra o namorado que de tanto amor “morre” de ciúmes da namorada. Não quer que ninguém converse com ela e tawls. É estranho, amor demais que vira ciúme! Só ele (a) esta certo; só ele (a) resolve… (risos), só ele será salvo.. É um tremendo contra censo com a mensagem de hoje. “(…) Entre vocês, o mais importante é aquele que serve os outros. Quem se engrandece será humilhado, mas quem se humilha será engrandecido”.
Quantas vezes já nos pegamos fazendo algumas dessas situações também? Quaresma é um tempo propício para rever posturas… Reflitamos a primeira leitura

“(…) Lavai-vos, purificai-vos. Tirai a maldade de vossas ações de minha frente. Deixai de fazer o mal! Aprendei a fazer o bem! Procurai o direito, corrigi o opressor. Julgai a causa do órfão, defendei a viúva”. (Isaias 1, 16-17)

Um imenso abraço fraterno!

http://deusemaior.com.br/

domingo, 20 de março de 2011

homilia dia (20/03/2011) “Senhor, é vossa face que eu procuro!”(Sl 26-9).


LITURGIA – 12.
2o Dom da Quaresma – 20.03.2011.

“Senhor, é vossa face que eu procuro!”(Sl 26-9).
1.Introdução.
A vida é a história de uma caminhada pessoal, mais ou menos longa, dependendo da sorte de cada um. Há quem caminha por vinte anos... e até por 100 anos.  É uma caminhada sem volta, e ao longo da mesma construímos a nossa História pessoal
O Patriarca Abrahão saiu mundo afora, confiante na “Bênção prometida por Deus”. Não conhecia previamente seu destino; apenas acreditou que seria abençoado e pai de um grande povo. Seria fonte de bênção para muita gente. Não conhecia seu destino; apenas caminhou,  atento à voz do Deus que o chamou! E foi caminhando que ele conheceu o “Deus da Promessa” e o adorou como seu Deus e Senhor!
Se prestarmos atenção e afinarmos os ouvidos, seremos, cm certeza, guiados por Deus que se revela  misericordioso e fiel. Sai de tua terra, mas caminha escutando a voz de Deus que ressoa em teu íntimo!

2.Palavra de Deus.
Gn 12,1-4ª – Abraão põe-se a caminho rumo ao desconhecido, apenas, confiante na palavra de um Deus que, ainda, não lhe havia revelado seu rosto. Foi caminhando na penumbra da fé. Caminhou atento, pois, Deus o surpreendia cada dia com novos detalhes da promessa. Deus é assim, Ele fala nas curvas dos caminhos de cada um! Sem atenção, podemos andar por caminhos errados!
2Tm 1,8b-10 – Deus nos concede a graça da vida divina destruindo nossa morte mediante a  Morte dolorosa de Jesus Cristo na Cruz. Não somos agraciados e salvos por nossas eventuais boas obras, mas, pela a força da Ressurreição de Jesus, nosso Salvador. Somos salvos gratuitamente! Por causa disso somos chamados à santidade. Ser santo, mais que dever, é questão de gratidão!
Mt 17,1-9 – Foi no silêncio da montanha que Jesus buscou conhecer os detalhes de sua missão em Jerusalém e, ao mesmo tempo, revelá-la a seus discípulos prediletos – Pedro Tiago e João. Mas estes dormiram no monte e não entenderam o recado. Deus se revela nas curvas dos caminhos, por isso, é necessário estar atento e em silêncio para ouvir! Quaresma é tempo de silêncio. Silêncio para ouvir!

3.Reflexão.
·         Abraão acreditou na ordem de Deus e meteu pé na estrada atento aos sinais de um Deus, ainda, desconhecido. Caminhou escutando. Tornou-se, aos poucos, íntimo de Deus. Quaresma é uma caminhada de quatro semanas (resumo de nossa vida); por isso, prestemos atenção, pois, o Senhor pode indicar-nos detalhes importantes de nossa caminhada! Diz o provérbio que a vida não é um caminho já desenhado; o caminho se faz caminhando e escolhendo. A vida cristã é uma seqüência de escolhas pessoais, sugeridas por Deus que nos revela seu rosto aos poucos!
·         Nas alturas do Monte Tabor, Jesus conhece os detalhes de sua missão: pela morte em Jerusalém, chegar à glória da Ressurreição. Pelo caminho da Cruz, à glória celestial. Nosso caminho pode repetir o Caminho de Jesus: obedientes à Palavra de Deus, vencer as humilhações da cruz  e, assim, chegar à glória da vida divina partilhada com Jesus.
·         Assumir os sofrimentos cotidianos na esperança da salvação que nos é oferecida pelos merecimentos de Jesus Cristo, morto e ressuscitado e constituído nosso Salvador. Com Ele participaremos de sua vida divina e imortal.

“Este é meu Filho bem amado, ouvi-o” (Mc 9,7).


 Frei Carlos Zagonel


terça-feira, 15 de março de 2011

Evangelho de hoje (15/03/2011) Mateus 6, 7-15

- Nas suas orações, não fiquem repetindo o que vocês já disseram, como fazem os pagãos. Eles pensam que Deus os ouvirá porque fazem orações compridas. Não sejam como eles, pois, antes de vocês pedirem, o Pai de vocês já sabe o que vocês precisam. Portanto, orem assim:
“Pai nosso, que estás no céu, que todos reconheçam que o teu nome é santo. Venha o teu Reino. Que a tua vontade seja feita aqui na terra como é feita no céu! Dá-nos hoje o alimento que precisamos. Perdoa as nossas ofensas como também nós perdoamos as pessoas que nos ofenderam. E não deixes que sejamos tentados, mas livra-nos do mal. [Pois teu é o Reino, o poder e a glória, para sempre. Amém!]“
- Porque, se vocês perdoarem as pessoas que ofenderem vocês, o Pai de vocês, que está no céu, também perdoará vocês. Mas, se não perdoarem essas pessoas, o Pai de vocês também não perdoará as ofensas de vocês.
Bíblia Sagrada – Nova Tradução na Linguagem de Hoje
Bom dia!
Esses dias ficou enfatizado a importância do Jejum, hoje falaremos da oração.
Comecemos pela primeira leitura de hoje :

“(…) Isto diz o Senhor: assim como a chuva e a neve descem do céu e para lá não voltam mais, mas vêm irrigar e fecundar a terra, e fazê-la germinar e dar semente, para o plantio e para a alimentação, assim a palavra que sair de minha boca: não voltará para mim vazia; antes, realizará tudo que for de minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi, ao enviá-la. (Isaias 55, 10-11)

Como rezar? Como saber se nossa prece chegou ao Senhor? Como saber? Saibam que esse é um dos maiores dilemas dos cristãos. Sabemos que Ele nos ouve e que suas palavras não voltam sem cumprir seu destino, mas não sabemos se o tocamos. Como suprimir essa angustia?
Nossa humanidade requer respostas. Viramos o volante, esperamos que o carro mude de direção; pisamos no freio, esperamos que pare; compramos um bilhete de rifa, esperamos pelo menos saber o número sorteado. Precisamos dessa alimentação, que chamam de feedback para saber se a atitude que tomamos correspondeu ao desejado. Importante salientar: tudo isso faz parte de um conjunto de atos instintivos, primitivos e bem normais.
Um bebê chora esperando assim chamar atenção para algo; uma criança rola no chão esperando a mesma coisa; rezamos esperando ser ouvidos… Será que somos ouvidos?
É claro que sim! Mas essa angústia é tão remota que os mais antigos queimavam suas ofertas, imaginando assim, ao ver a fumaça subir ao seu, levava consigo as suas preces. A fumaça era um sinal visível da oração. Ela reforçava a sua fé. Ela ainda é muito usada ainda hoje só que na forma de incenso, mas em nossas orações diárias não vemos fumaça (graças a Deus! risos), mas então o que nos faz ter a certeza que elas chegaram a Deus? Uma resposta simples – A fé!!
Jesus nos deu a matiz de todas as orações – O Pai Nosso – partindo dela saem e originam as outras orações. Decoradas ou espontâneas o que as diferencia é a fé de quem as proclama. Celina Borges sintetizou numa canção como devemos evocar a Deus em nossa oração:

“(…) Vou te buscar com todo o meu coração. E além do véu te encontrar. Face a face te ver, te tocar te sentir. E dizer tudo aquilo, que eu tenho em mim. Hoje eu vou tocar no Senhor, COM MINHA FÉ, VOU RASGAR O CÉU COM A MINHA ORAÇÃO E te ver face a face”. (Hoje eu vou tocar no Senhor – Celina Borges)

A oração é uma busca por Deus. É não se contentar de vê-lo passar sem o tocá-LO. Portanto O FOCO DA ORAÇÃO NÃO É O PEDIDO OU O QUE É VISÍVEL E SIM A CONVERSA.
O Apostolo Paulo alertava que não sabemos pedir e em virtude disso o Espírito Santo vem para pedir por nós (Romanos 8, 26). Esse mesmo Espírito faz-se agitar pela fé, confiança esta que fez o cego saber que Jesus passava por ali mesmo sem vê-lo ou quando moveu a mulher que sofria de Hemorragia a enfrentar as cotoveladas e empurrões da multidão para pelo menos tocar a orla de seu manto.
Saiba que a oração termina, mas a amizade não! Ele não é um Deus injusto ou insensível (Romanos 6, 10); precisamos ter paciência, não precisamos ver a fumaça, os sinais, os milagres… A confiança daqueles que crêem esta, como diz o Dunga da Canção Nova, em se aproximar corajosamente do Trono de Graça.

“(…) Nenhuma criatura lhe é invisível. Tudo é nu e descoberto aos olhos daquele a quem havemos de prestar contas. Temos, portanto, um grande Sumo Sacerdote que penetrou nos céus, Jesus, Filho de Deus. Conservemos firme a nossa fé. Porque não temos nele um pontífice incapaz de compadecer-se das nossas fraquezas. Ao contrário, passou pelas mesmas provações que nós, com exceção do pecado. Aproximemo-nos, pois, confiadamente do trono da graça, a fim de alcançar misericórdia e achar a graça de um auxílio oportuno”. (Hebreus 4, 13-16)

Como já afirmei o PAI NOSSO é a matiz das orações, mas ele muda de acordo com a fé de quem reza. Vamos tentar novamente?
Pai Nosso que estais no céu…
Um imenso abraço fraterno!
Deus é Maior

segunda-feira, 14 de março de 2011

Vinde e Vede 2011 "Por causa da tua palavra lancarei as redes" Lc 5,5


Agradecemos a todos os Ministros (as) que estiveram presentes no Vinde e Vede,
aos que serviram o nosso muito obrigado e esperamos sempre contar com vocês, Deus abençoe o nosso Ministério. Louvado Seja nosso Senhor Jesus Cristo. Para Sempre seja Louvado! 

sábado, 12 de março de 2011

Homilia dia (13/03/2011) “Quando meu servo chamar, hei de atendê-lo.(Sl 90).


LITURGIA – 11.
1o Dom da QUARESMA – 13.03.2011.

“Quando meu servo chamar, hei de atendê-lo.(Sl 90).
1.Introdução.
Passaram as férias e passou o carnaval. Iniciamos o “Tempo da Quaresma”; com certeza, tempo de conversão e de esperança de um mundo melhor. Deus quer ouvir os apelos de seus servos cansados de sofrimento e enjoados das palavras vazias de nossos MCS. Nós queremos ouvir a Palavra de Deus!
A Quaresma nos traz, também, a “Campanha da Fraternidade” com o tema: “Fraternidade e a Vida no Planeta”, e com o lema: “A criação geme em dores de parto” (Rm 8,22). A Igreja recorda a solidariedade existente entre a terra e a gente. Há um cordão umbilical que nos liga à sorte da terra: o homem não vive sem a terra, e castigar a terra é castigar a si mesmo! Cuidemos de nossa vida salvando o planeta.

2.Palavra de Deus.
Gn 2,7-9; 3,1-7 – Deus não quer a morte do homem; mas o pecado é caminho para a morte! O homem moderno não acredita no pecado! Hoje, ele tem diante dos olhos a devastação da natureza que causa a morte lenta do planeta. O planeta está enfermo e nós, aos poucos, morremos com ele!
Rm 5,12-19 - O pecado de nossos pais compara-se a uma epidemia feroz que contagia toda a humanidade causando-lhe a morte; mas, Deus é maior que todo o mal. Jesus Cristo, por sua morte, restitui a vida para todos aqueles que aceitam sua proposta. Mortos em Adão, mas, vivos pelo Sangue de Jesus Cristo!
Mt 4,1-11 – Jesus é nosso Salvador e Mestre; lá no deserto Ele nos ensinou como se vence o demônio.  A vitória sobre o mal, passa pelo caminho da oração e da meditação da Palavra de Deus. Foi pela Palavra que Jesus silenciou o demônio; é pela Palavra que podemos superar o mal e viver a vida divina.

3.Reflexão.
·         Há muita fantasia em torno do pecado de nossos pais no início da Humanidade. A maça e sua explicação sexual nem é sugerida no texto; pelo contrário, Deus criou o homem e a mulher e viu que era muito bom e ordenou que gerassem filhos e cuidassem do jardim! O pecado de Adão e Eva foi um pecado de orgulho; o orgulho está na raiz de nossos pecados antigos e modernos. Queremos ser deuses e quebramos a cara!
·         Deus colocou Adão e Eva num jardim com ordem de zelar por ele e desfrutar de todas as vantagens provenientes de terra fecunda e bem irrigada. Era suficiente obedecer para ser feliz, mas o orgulho, sugerido pela serpente, estragou a festa! A fruta comida é como o veneno: doce no início, mas amarga no fim! O pecado é maravilhoso no início, mas desastroso no fim!
·         Jesus faz o caminho inverso: suporta a fome e a sede no deserto para depois ser servido pelos anjos! A penitência é amarga ao longo de toda a Quaresma, mas os frutos da Ressurreição do Senhor são gostosos e causadores de vida divina no coração do homem.
·         A Campanha da Fraternidade é um tempo de evangelização: anuncia a “Boa Nova” da Palavra de Deus a respeito da natureza e da responsabilidade humana na sua defesa e cuidado. Cuidemos da natureza e ela cuidará de nós e de nossa saúde.

“O Planeta, terra de todos e criatura de Deus!”

Frei Carlos Zagonel

quinta-feira, 10 de março de 2011

Campanha da Fraternidade 2011

Tema: Fraternidade e a vida no planeta
Lema: "A Criação geme em dores de parto" Rm 8,22

Hoje iniciamos a Quaresma onde somos convidados a refletir sobre a vida no planeta.
A vivencia desses 40 dias de preparação para a grande festa da Pascoa do Senhor nos convoca a ir além das renuncias pessoais, também seremos instrumentos de uma nova proposta de vida e sobrevivência no planeta, cabe a cada um de nós o compromisso e a missão de contribuir para um futuro de muitas riquezas naturais como Deus fez.Deus disse: Que a terra produza relva, ervas que produzam semente, e arvores que deem frutos sobre a terra, frutos que  contenham semente, cada uma segundo a sua espécie. E assim se fez.  Genesis 1, 11”.
Tudo era bom ate que nós seres humanos resolvemos mudar aquilo que era perfeito e fomos com o tempo destruindo e acabando com a criação natural...
Aí entra a nossa percepção referente a CF 2011, o que estamos fazendo de errado? Qual e a forma correta de cuidar da natureza? O que devo fazer?
Muito mais que refletir é preciso colocar em ação nossos objetivos e metas para que não seja tarde de mais. Não se pede para fazer grandes coisas, comece por você, pela sua família e pode ter certeza, que a pequenez de sua ação será muito grande no final.
Não se pode mudar o mundo sozinho, mas para mudar o mundo é preciso mudar a si mesmo!
Façamos dessa quaresma um grande momento de encontro com o Pai!
Para nossa maior reflexão abaixo segue o vídeo da CF 2011.

Susany Pereira

terça-feira, 8 de março de 2011

Evangelho de hoje (08/03/2011) Marcos 12, 13-17

Depois mandaram que alguns fariseus e alguns membros do partido de Herodes fossem falar com Jesus a fim de conseguirem alguma prova contra ele. Eles chegaram e disseram:
- Mestre, sabemos que o senhor é honesto e não se importa com a opinião dos outros. O senhor não julga pela aparência, mas ensina a verdade sobre a maneira de viver que Deus exige. Diga: é ou não é contra a nossa Lei pagar impostos ao Imperador romano? Devemos pagar ou não? Mas Jesus percebeu a malícia deles e respondeu:
- Por que é que vocês estão procurando uma prova contra mim? Tragam uma moeda para eu ver. Eles trouxeram, e ele perguntou:
- De quem são o nome e a cara que estão gravados nesta moeda?
Eles responderam: – São do Imperador. Então Jesus disse:
- Dêem ao Imperador o que é do Imperador e dêem a Deus o que é de Deus.
E eles ficaram admirados com Jesus.
Bíblia Sagrada – Nova Tradução na Linguagem de hoje – Ed. Paulinas
Bom dia!
No site da CNBB é apresentada a seguinte reflexão inicial: “(…) Dois pontos nos são sugeridos pelo Evangelho de hoje. O primeiro é: por que nos aproximamos de Jesus? Condenamos as autoridades porque mandaram pessoas até Jesus para o apanharem em alguma palavra, mas muitas vezes nos aproximamos de Jesus para a satisfação de nossos interesses pessoais e não para o encontro pessoal com aquele que é nosso Deus e que nos ama com amor eterno”.
O que pertence a Deus em nossa vida, no nosso dia-a-dia, no nosso trabalho, no serviço comunitário que prestamos? Qual é o motivo que nos tem atraído a sua presença? Da hora que levanto, tomo meu café da manhã (quando tenho tempo ou condição) e chego ao trabalho, em que momento tenho para dar a Deus o que é Dele?
Quem vai a missa aos domingos cumpre uma doce obrigação de todo católico; quem clama ao seu santo nome através da oração ou do louvor não deixa de ser ouvido, mas quais são os reais motivos que me levam a missa e quais são os motivo que aumentam minha vontade de rezar? Um cristão não á reconhecido pelo que pede e tão pouco por estar na missa, num grupo ou pastoral e sim, se tenta, a cada dia, ser uma pessoa melhor, que resiste cada vez mais eficientemente às tentações, que conhece suas limitações, mas não as usa como escudo para continuar errando…
Cristão verdadeiro é o que retira o véu dos seus olhos e começa a entender que o que há de Deus em mim é muito maior que qualquer coisa que eu possa conquistar ou comprar.

 “(…) Mas, todas as vezes que o coração se converte ao Senhor, o véu é tirado. Pois o Senhor é o Espírito, e onde está o Espírito do Senhor, aí está a liberdade. Todos nós, porém, com o rosto descoberto, refletimos a glória do Senhor e, segundo esta imagem, somos transformados, com uma glória cada vez maior, pelo Espírito do Senhor”. (II Coríntios 3, 16-18)

O esforço, a dedicação, a força de vontade fazem parte das armas dos cristãos. Isso entra em conflito com a preguiça, a apatia e a fraqueza na vontade de lutar. Quantos de nós exercemos nossa perseverança ao rezarmos nosso terços no caminho do trabalho dentro do ônibus apertado, no entanto quando vamos de carro ao serviço, no conforto, o espaço reservado do terço é ficar pendurado no retrovisor? Quantos de nós sentamos do lado de uma pessoa na missa pra poder acompanhar juntos as leituras da missa, mas tendo uma bíblia em casa, não dedicamos nem cinco minutos diários para lê-la?
Ser cristão dentro da igreja é fácil. E no domingo também, mas a proposta de Santo Inácio de Antioquia é que possamos viver a semana como se fosse uma extensão do domingo. Dar a Deus o domingo, por uma hora é fácil, mas será que temos essa mesma vontade ao desligarmos a TV no horário do Big Brother ou de outros programas que poderiam ser substituídos por uma boa leitura, um bom filme, uma conversa em família?
Não estou dizendo que assistir TV é ruim, mas não posso reclamar se meu tempo é aproveitado sem verificar o que é prioritário. Tem gente que não vai a escola por causa do fim de uma novela que reprisará no sábado; gente que endividada, não aceita um determinado emprego por orgulho ou pelo que vão pensar, gente que mente tanto que nem mesmo ela sabe o que é verdade em sua vida…
É isso que vemos na primeira leitura. Um homem de Deus, cego pelo orgulho, que recusa ajuda e duvida até mesmo dos seus

“(…) Quando entrou em minha casa, o cabrito começou a balar. Chamei minha mulher e perguntei-lhe: ‘De onde vem este cabrito? Não terá sido roubado? Devolve-o a seus donos, pois não temos o direito de comer coisa alguma roubada’. Ela respondeu-me: ‘É um presente que me foi dado além do salário’. Mas não acreditei nela e insisti que o devolvesse aos patrões, ficando bastante contrariado por causa disso. Ela então replicou: ‘Onde estão as tuas esmolas? Onde estão as tuas obras de justiça? Vê-se bem em ti o que elas são”. (Tobias 2, 13-14)

Esse orgulho e vaidade que também cativamos também não são de Deus. Cativemos o que é de Deus. Esforcemos-nos para abandonar o que não é Dele.
Um imenso abraço fraterno!

domingo, 6 de março de 2011

Feliz Aniversário Frei Eliseu 06/03


Uma das grandes bênçãos da vida é a experiência que os anos vividos nos concedem.

Aniversariar é uma amostra das oportunidades que temos de aprender a contar os nossos dias.

Hoje, mais um a janela se abre diante de seus olhos, mais um espinho foi retirado da flor, restando apenas a beleza de tão bela data.

Os sintomas da felicidade se traduzem do otimismo, na fé,
na esperança tenho empenho por se ser melhor a cada dia.

Continue firme pelos caminhos da virilidade e suas verdades.

Continue trilhando pelos vales da vida, pois um dia encontrarás o mais belo jardim,
o jardim que representará a realização de seus maiores sonhos.

Que Deus te ilumine, todos os dias de sua vida.
Feliz Aniversário! 

Nossa Paróquia é abençoada por tê-lo como nosso pároco! Esses são os votos de todos os Ministros Extraordinários!

sábado, 5 de março de 2011

Homilia dia (06/03/2011) Ouvir e praticar a Palavra de Deus é o fundamento da vida cristã



IX Domingo do Tempo Comum – Ano A
Dt 11,18.26-28; Sl 31(30); Rm 3,21-25.28; Mt 7,21-27

Em cada domingo do ano, em clima de alegria, reunimo-nos na igreja, “a nossa casa”, para ouvir o que Deus tem a nos dizer. Neste ambiente comunitário e litúrgico, ouvimos a proclamação da Palavra de Deus e nos alimentamos de Jesus Cristo, a Palavra viva do Pai, que se fez alimento de salvação para a nossa vida, a fim de que, no decorrer da vida cotidiana semanal, possamos prolongar a vivência e a prática da Palavra proclamada liturgicamente.  É por isso que, na Oração depois da Comunhão, suplica-se: “Dai-nos proclamar nossa fé não somente em palavras, mas também na verdade de nossas ações, para que mereçamos entrar no reino dos céus”.
Existe, em nosso tempo, entre os cristãos das mais variadas denominações, uma infinidade de iniciativas, destinadas ao anúncio da Palavra de Deus, envolvendo grande número de pessoas, que o fazem pela via da pregação, de impressos e de outros meios. Há, sim, um grande interesse e zelo em divulgar a Palavra, porém, pode-se perguntar se este interesse e zelo são iguais em relação ao seu testemunho e à sua prática. Não basta ouvir e compreender a Palavra de Deus, mas é preciso praticá-la, e nisto se decide a salvação cristã: é isto que trata a liturgia deste domingo.
Alguns documentos recentes da Igreja têm enfatizado a necessidade de unir o anúncio do evangelho e o exemplo de vida. A credibilidade do anúncio do evangelho e da missão da Igreja depende do testemunho dos cristãos, pois “para manifestar diante dos homens sua força de verdade e de irradiação, a mensagem da salvação deve ser autenticada pelo testemunho de vida dos cristãos” (Catecismo da Igreja Católica, nº 2044). A unidade entre o anúncio da salvação e a prática correspondente, para os batizados, “não é tarefa opcional, mas parte integrante da identidade cristã, porque é a extensão testemunhal da vocação mesma”, diz o Documento de Aparecida (nº 144). E, prossegue o mesmo documento: “Ao participar dessa missão, o discípulo caminha para a santidade. Vivê-la na missão o conduz ao coração do mundo. Por isso, a santidade não é fuga para o intimismo ou para o individualismo religioso, tampouco abandono da realidade urgente dos grandes problemas econômicos, sociais e políticos da América Latina e do mundo, e muito menos fuga da realidade para um mundo exclusivamente espiritual” (Documento de Aparecida, nº 148).  A vida do evangelho deve reluzir no evangelho da vida dos cristãos: “(...) é importante que cada modalidade de anúncio tenha presente a relação intrínseca entre a comunicação da Palavra de Deus e o testemunho cristão; disso depende a credibilidade do anúncio. (...) um implica e conduz ao outro (...). Deste modo, aqueles que encontram testemunhas credíveis do Evangelho são levados a constatar a eficácia da Palavra de Deus naqueles que a acolhem” (Bento XVI, Exortação Apostólica Pós-sinodal Verbum Domini, nº 99).
Deus ofereceu a Lei ao povo israelita como caminho de salvação, cuja prática era garantia da sua bênção, e, ao invés, o abandono da prática da Lei acarretaria a maldição: “Eis que ponho diante de vós a bênção e a maldição; a bênção se obedecerdes aos mandamentos do Senhor vosso Deus, que hoje vos prescrevo; a maldição se desobedecerdes aos mandamentos do Senhor vosso Deus e vos afastardes do caminho que hoje vos prescrevo” (Dt 11,26-28). O próprio Deus, por meio de Moisés, recomenda que o povo tenha sempre diante dos olhos as palavras da Lei, a fim de gravá-las na mente e no coração, e assim não seja esquecida (Dt 11,18). Recordar às palavras da Lei e praticá-las, para o antigo povo judeu, era a maneira de consagrar a vida a Deus, renovar a sua pertença e levar a sério o compromisso da Aliança. A Lei de Deus não era uma opressão, mas libertação, cuja prática devia ser imediata, urgente, como se percebe na palavra “hoje”, a qual aparece três vezes na primeira leitura (vv. 27.28.32). É uma pena que a recompensa pelo cumprimento da Lei era interpretada pelos antigos judeus mais em sentido material, como a garantia da prosperidade econômica, a descendência numerosa e a vida longa até à velhice.
Em continuidade à proclamação dos ensinamentos do Sermão da Montanha, o evangelho deste domingo insiste no valor do cumprimento das palavras de Jesus: “Nem todo aquele que me diz ‘Senhor, Senhor’ entrará no reino dos céus, mas o que põe em prática a vontade do meu Pai que está nos céus” (Mt 7,21). Não basta anunciar o “nome de Jesus” e o seu evangelho, mas é preciso praticar o evangelho. Belas e boas palavras não bastam, nem mesmo a boa-fé; não bastam as intenções, mas é preciso ações; não bastam propósitos, mas é preciso realizações; não bastam projetos, mas é preciso execuções. As palavras, as intenções, os propósitos e os projetos não garantem de per si a veracidade e a credibilidade do cristianismo. O cristianismo não se impôs à cultura grega mediante discursos, mas pela prática da solidariedade entre os próprios cristãos.
É bem provável que a advertência de Jesus – “Nem todo aquele que me diz ‘Senhor, Senhor’...” seja uma evocação da experiência da Igreja primitiva que invocava o “nome de Jesus” para a realização dos milagres, dos exorcismos e das profecias, mas que, pela falta de coerência dos cristãos, não garantia a autenticidade da vida cristã. A inautenticidade cristã será colocada plenamente à descoberta no juízo do final dos tempos, “naquele dia”, em que os falsos discípulos serão desmascarados: “Então lhes direi publicamente: ‘Jamais vos conheci. Afastai-vos de mim, vós que praticais o mal” (Mt 7,23), julgamento que retoma o Sl 6,9. Jesus não está se referindo a grandes criminosos, mas a fiéis cristãos de comportamento incoerente, que aprisionam a caridade, reduzem o nível espiritual da comunidade e colocam em perigo a vida de fé das pessoas simples, numa palavra, os que vivem de aparências, e a aparência não é a realidade. A antecipação do juízo de Jesus no final dos tempos é mostrada em outra passagem do evangelho de Mateus, na parábola da figueira, imagem do verdadeiro ou falso discípulo de Cristo: “... toda árvore boa dá bons frutos e toda árvore má dá maus frutos” (Mt 7,17). Uma árvore pode ser frondosa, de bela copada, e não produzir frutos: é a parábola da figueira estéril (Mt 21,29). Se a aparência não é a realidade, então uma pessoa pode saber muito e fazer pouco ou nada, pode ter belo discurso, mas própria vida desdiz o que ensina aos outros, poderá ser muito eficiente, mas sem produzir conversão. Uma arvore pode ser muito bonita, mas se não tiver raízes profundas, não resistirá às intempéries.  
As instruções de Jesus no Sermão da Montanha não são verdades abstratas, e sim verdades a serem praticadas, e o fato de simplesmente compreendê-las não é uma resposta suficiente da parte dos discípulos: “O conhecimento do valor da Palavra de Deus e o conhecimento de Deus mesmo como sendo a minha eternidade só é conseguido pela práxis. A questão é escutar e fazer (...). Não tanto as fórmulas intelectuais contêm a verdade, antes o nosso agir. Não há verdadeira ortodoxia sem a ortopraxia. Pois, o que tem palavras ortodoxas, nem sempre age retamente, mas quem age conforme o espírito de Deus tem também a visão certa de Deus (mesmo se as suas palavras forem, às vezes, um tanto inadequadas). E, para quem não age conforme a palavra que escuta, a ruína será grande (Mt 7,27)” (J. Konings).
O evangelho deste domingo é duro, pois pretende remover os perigos do entorpecimento espiritual que acometia os cristãos da comunidade de Mateus. Era preciso, ali, despertar para a obediência concreta aos ensinamentos de Jesus, e, para isso, não bastava a audição, mas impunha-se a necessidade de agir. É esta a lição da parábola dos dois construtores: “Quem ouve estas minhas palavras e as põe em prática é como um homem prudente que construiu a sua casa sobre a rocha. (...) Por outro lado, quem ouve estas minhas palavras e não as põe em prática é como um homem sem juízo que construiu a sua casa sobre a areia (...)” (Mt 7,24-26). A tarefa cristã é construir a vida sobre o fundamento sólido da Palavra de Deus, ou seja, em base ao conhecimento e observância do evangelho e dos valores do reino de Deus, o que lhe garantirá uma felicidade que perdura para sempre, mesmo que sobrevenham em decorrência disto perseguições, adversidades, revezes, provações de todo o tipo, no entanto, “a sua casa não cairá, porque está construída sobre a rocha” (Mt 7,25).
Construir uma casa sobre uma base sólida, firme, exige planejamento, cálculo, atenção às condições do terreno e do clima, para evitar que ela desabe à primeira ameaça. A comparação de Jesus é clara: a vida cristã deve ser construída com planejamento, cálculo, sabedoria, discernimento, a partir de um projeto de vida que responda ao querer de Deus. Isso significa não fazer da vida uma aventura, muito menos tomar decisões arbitrárias ou sem medir as conseqüências. Aqui, vale outra comparação: se um engenheiro, por exemplo, para a construção de uma ponte, fizer os cálculos errados, a ponte não subsistirá e poderá provocar muitas mortes.
Em tempos de ditadura econômica, como se vive hoje, em que impera a lei do provisório, do imediato e do usufruto irresponsável, vale recordar a virtude da prudência de que fala o evangelho.  A prudência é a “regra certa da ação” (S. Tomás de Aquino), a capacidade de discernir as condições e os meios para praticar o bem e evitar o mal. A prudência é uma virtude prática que “guia o juízo da consciência, de modo a agirmos sem medo de errar (...), contudo, não deve ser confundida com o medo, a timidez, nem com a duplicidade ou dissimulação” (Catecismo da Igreja Católica, nº 1806).
A segunda leitura (Rm 3,21-25.28), que se pode chamar de “a essência do evangelho de Paulo” (Joseph Fitzmyer), trata da justiça divina. A vinda de Cristo ao mundo inicia um novo período para a humanidade, o tempo da justiça divina, da qual nos tornamos participantes através da fé.  Somos salvos-justificados mediante a fé no evento Cristo. Em Cristo, manifestou-se a justiça de Deus, por isso, o seu evangelho é “a força de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rm 1,16).  Este novo tempo sucede ao tempo da lei, da circuncisão e das promessas. A humanidade, sem o evangelho, estava sujeita à ira de Deus, mas a partir de Cristo, a salvação independe da lei e é destinada a substituí-la: “A finalidade da Lei é Cristo para a justificação de todo o que crê” (Rm 10,4). A salvação cristã é destinada a todos, em modo gratuito e misericordioso: é o mistério da graça - pois que “todos pecaram e estão privados da glória de Deus” (Rm 3,23) – em virtude da obra redentora de Cristo: “(...) e a justificação se dá gratuitamente, por sua graça, em virtude da redenção realizada em Jesus Cristo” (Rm 3,24).
Diante da oferta gratuita da salvação cristã, que Deus dá por meio de seu Filho “a todo o que n’Ele crer”, cabe-nos acolher e cooperar com este projeto redentor, não só aderindo intelectualmente, mas também através das obras. A redenção cristã do mundo se prolonga no testemunho e nas atividades concretas dos cristãos. Não serão as nossas obras, compromissos e realizações que nos darão a justificação diante de Deus, porque esta é pura graça, puro dom: é Deus quem nos salva, e não nós mesmos, mas a salvação não acontece totalmente alheia às nossas ações.
A doutrina paulina da justificação – somos salvos pela fé e não pelas obras – por muito tempo dividiu católicos e protestantes, porém não existe incompatibilidade entre a fé e as obras no que diz respeito à salvação. As obras são conseqüência e cooperam para testificar a fé. O apóstolo Paulo nunca negou a relação entre a salvação e as obras realizadas (o testemunho da caridade). A fé é o início da “nova vida”, dada gratuitamente ao cristão desde o batismo, mas esta “nova vida” está ligada à esperança e à caridade: “Em Jesus Cristo, nem a circuncisão tem valor, nem a incircuncisão, mas a fé agindo pela caridade” (Gl 5,6); “Pela graça de Deus fostes salvos, por meio da fé, e isso não vem de vós, é dom de Deus: não vem das obras, para que ninguém se encha de orgulho. Pois somos criaturas dele, criados em Jesus Cristo para as boas obras que Deus já antes tinha preparado para que nelas andássemos” (Ef 2,8-10); “(...) pela graça de Deus sou o que sou: e a sua graça a mim dispensada não foi estéril. Ao contrário, trabalhei mais do que todos eles; não eu, mas a graça de Deus que está comigo” (1Cor 15,10).
Jesus nos confiou o evangelho, não para que este fique apenas como livro, mas para que seja vivido, com alegria e criatividade. Peçamos ao Senhor a graça de ouvir sempre a sua Palavra e de vivê-la, assim a nossa vida tornar-se-á um evangelho vivo por meio do qual muitas pessoas passarão a crer no mesmo Deus que nós cremos e para o qual vivemos.

Frei Nedio Pertile
Cuiabá, 05 de Março de 2011.