sexta-feira, 29 de julho de 2011

Homilia dia (31.07.2011) “Todos comeram e ficaram satisfeitos!”



LITURGIA – XVIII DOMINGO COMUM.
31.07.2011.


“Todos comeram e ficaram satisfeitos!”
1.Introdução.
Alguns “profetas” disseram que o século XXI seria o “Século da incredulidade religiosa”! Pelo contrário, está se o “Século da fome e da sede de Deus!” Mas, no “Mundo da Comunicação instantânea”, é difícil descobrir o “rosto do verdadeiro Deus!” Muitos falam dele, mas poucos o conhecem!
Igrejas inúmeras e profetas sem conta falam de Jesus e de sua Igreja. Estamos literalmente tontos de tanta informação e, por incrível que pareça, estamos cada vez mais distantes do verdadeiro Deus de Jesus Cristo. É necessário voltar ao Evangelho, meditado em silêncio e oração para conhecer a Jesus.!
O Povo de Israel vivia no “Exílio da Babilônia”, inclinado a seguir os deuses de ouro dos poderosos; por isso, o profeta fala de “água pura e pão de qualidade oferecido de graça”! Não paga a pena abandonar o verdadeiro Deus e seguir os ídolos de seus opressores! O pão que eles oferecem não sacia e nem a água alivia a sede! Somente Javé, o verdadeiro Deus, sacia e sacia de graça! “Escutai-me... vinde a mim e comei com fartura do que é bom! Escutai-me e vivereis!” (Is 55,1-3).

2.Palavra de Deus.
Is 55,1-3 – O profeta recorda que não são os deuses da Babilônia que saciam a fome e a sede do povo exilado. Este deve procurar a Javé que o sacia com fartura de pão verdadeiro e de água viva oferecida de graça. Deus não esqueceu a aliança feita ao rei Davi: “Farei convosco uma aliança eterna!”
Rm 8,35.37-39 – Paulo nos recorda que apenas o amor divino e sangrento de Jesus: é nossa garantia. Ele derramou seu Sangue e morreu por nós; por isso, nada nos separa deste amor. É Jesus quem nos salva. Não são igrejas ou filosofias e nem Movimentos que nos salvam! Somente “o amor de Deus manifestado em Cristo Jesus nosso Salvador!” Ele e nada mais! E Ele nos salva de graça!
Mt 14,13-21 – Quando Jesus não é mais ouvido em Cafarnaum, não obstante os milagres, refugia-se no deserto onde os pobres e famintos o encontraram. Compadecido, cancela seu descanso e passa o dia a doutriná-los, cura seus enfermos e dá-lhes pão e peixe em abundância para comer. É o Messias esperado. Quem sacia os pobres é Deus; não são os ricos!
3.Reflexão.
* O Povo de Deus, além de ser explorado pelos poderosos, é tentado a seguir os deuses deles. São deuses de ouro, mas não saciam nem a fome e nem a sede do povo; por isso, o profeta reaviva a confiança em Javé que sacia a fome e a sede dos perseguidos gratuitamente. A salvação do pobre está em Deus!
* Paulo, em luta com seus adversários, recorda que somente o amor de Deus manifestado em Jesus Cristo, pode salvar-nos.Não há Lei que salve e nem circuncisão! E quem poderá afastar-nos dEle? A alegria do pobre é saber que Deus lhe quer bem e lhe reservou uma glória eterna e que ninguém pode roubar! Os pobres não têm recursos materiais para comprar a felicidade; ela é oferecida gratuitamente por Jesus Cristo, nosso Salvador! Como é maravilhoso nosso Deus!
* Os pobres não foram alimentados por Herodes e nem pelos sacerdotes; Jesus deu-lhes pão e peixe com fartura. Crer no poder de Jesus não nos dispensa de lutar em favor dos pobres e partilhar com eles o pão de cada dia. Jesus multiplicou o pão e o peixe, mas os apóstolos o distribuíram para os famintos: “Dai-lhe vós de comer... Ele deu o pão aos discípulos e os discípulos às multidões!” Devemos distribuir entre os famintos o pão recebido de Deus!


“Em vós esperam os olhos de todos!”
Frei Carlos Zagonel.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Homilia dia (24.06.2011) Deus revela os segredos do Reino aos pequenos!


LITURGIA DO XVII DOMINGO COMUM
24.07.2011.

Deus revela os segredos do Reino aos pequenos!
1.Introdução.
A vida humana parece feita de escolhas e de negociações: Salomão escolheu a sabedoria em vez da riqueza; o homem da parábola evangélica vende todos os seus bens para adquirir um campo que guarda escondido um tesouro. Escolha e negociação! Mas, qual seria a motivação e quais seriam os valores que se pretende alcançar ou realizar com esta escolha e negociação? Numa palavra, quais são os valores que regem nossa vida neste mundo? As escolhas e as negociações supõem valores espirituais ou materiais!
Deus tem seu desígnio (projeto) a respeito de cada criatura humana. Ele tem seu projeto, mas sua realização requer parceria com a criatura humana. Nós podemos frustrar o projeto de Deus com nossas escolhas e negociações! Infelizmente, podemos prejudicar o projeto de Deus a nosso respeito!


2.Palavra de Deus.
1Rs 3,5.7-12 – O jovem rei Salomão pediu sabedoria para bem julgar e governar em vez de riqueza para gozar! E Deus lhe concedeu sabedoria e riqueza, ao mesmo tempo. Foi o rei mais sábio de seu tempo. A tarefa de bem julgar é difícil para qualquer juiz humano. Ele precisa da sabedoria divina!
Rm 8,28-30 – Nós não somos “uma pedra” no caminho de Deus! Fomos chamados por Ele e predestinados a nos tornar semelhantes a seu Filho, participando de sua natureza divina... “predestinou (os homens) a serem conformes à imagem de seu Filho”. Deus predestina, chama,justifica e, por fim, glorifica! Este é o nosso maravilhoso Deus e Salvador! Como não amá-lo e escutar a sua voz?
 Mt 13,44-52 – Jesus continua a catequese a respeito do Reino de Deus.Antigamente era comum esconder tesouros debaixo da terra. A parábola de Jesus serve-se deste fato para esclarecer o valor do Reino de Deus. Para adquiri-lo, paga a pena vender tudo, desfazer-se de tudo!... O tesouro escondido não é ouro e nem prata! É o Reino de Deus! Mas o Pai celeste precisa revelar-nos o valor do Reino para termos a coragem de vender tudo e adquiri-lo! Como o rei Salomão, precisamos pedir a sabedoria!....


3.Reflexão.
* A sabedoria é uma das virtudes necessárias para apreciar o Reino de Deus; sem esta virtude, preferimos a riqueza e a glória humana! Salomão em sua juventude, ainda, inexperiente, pediu sabedoria. Parece que nossos homens públicos não pensam na sabedoria de Deus, mas na astúcia dos negócios que aumentar a sua riqueza material que o tempo enferruja!
* Sem crer na Palavra de Deus que anuncia o Reino não pensamos em sabedoria de governo e de justiça em favor do Povo, a quem nossos homens públicos representam! Esperar justiça da parte de quem não tem e não pratica uma fé verdadeira na Palavra de Deus, é tempo perdido!
* Reflitamos sobre as Parábolas de Jesus: Quais seriam os bens a vender para adquirir o campo que esconde um precioso tesouro? O tesouro é o Reino de Deus, mas, e os bens, quais seriam? Evidentemente, são valores, mas os valores do Reino e os valores do Mundo não somam. São água e azeite que não misturam!
* Mas Deus não desanima; pelo contrário, colabora, coopera com a criatura humana predestinada a participar da divindade de seu Filho Jesus. Ele nos quer filhos seus de verdade! Nascidos de seu amor!


“Eu te louvo, ó Pai (...) porque revelaste os teus segredos aos pequeninos!” (Mt 11,25)


Frei Carlos Zagonel.



terça-feira, 19 de julho de 2011

Evangelho de hoje (19.07.2011) Mateus 12, 46-50

Puxa Saco1 Evangelho de hoje (19/07/2011) Mateus 12, 46 50
Quando Jesus ainda estava falando ao povo, a mãe e os irmãos dele chegaram. Ficaram do lado de fora e pediram para falar com ele. Então alguém disse a Jesus:
- Escute! A sua mãe e os seus irmãos estão lá fora e querem falar com o senhor. Jesus perguntou:
- Quem é a minha mãe? E quem são os meus irmãos? Então apontou para os seus discípulos e disse:
- Vejam! Aqui estão a minha mãe e os meus irmãos. Pois quem faz a vontade do meu Pai, que está no céu, é meu irmão, minha irmã e minha mãe.
Bíblia Sagrada – Nova Tradução na Linguagem de hoje – Ed. Paulinas
Bom dia!
Bem a frente desse momento, outra situação obrigou a Jesus ter “um mesmo peso”. Todos devem lembrar quando dois dos seus discípulos pediram para sentar-se um a sua direita e outro a sua esquerda e o Senhor pacientemente os exortou a respeitar a divina escolha e ao divino tempo.

“(…) Nisso aproximou-se a mãe dos filhos de Zebedeu com seus filhos e prostrou-se diante de Jesus para lhe fazer uma súplica. Perguntou-lhe ele: Que queres? Ela respondeu: Ordena que estes meus dois filhos se sentem no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda. Jesus disse: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu devo beber? Sim, disseram-lhe. De fato, bebereis meu cálice. QUANTO, PORÉM, AO SENTAR-VOS À MINHA DIREITA OU À MINHA ESQUERDA, ISTO NÃO DEPENDE DE MIM VO-LO CONCEDER. ESSES LUGARES CABEM ÀQUELES AOS QUAIS MEU PAI OS RESERVOU”. (Mateus 20, 20-23)

Humano e ao mesmo divino, Jesus poderia privilegiar os seus, mas deixava claro que sociedade esperava que nascesse após a divulgação pública da Boa Nova: Uma sociedade justa e longe das prevaricações. Essa talvez tenha sido uma das “bandeiras” defendidas por Jesus que mais incomodavam aos doutores da lei: OS PRIVILÉGIOS!
Sem dúvida que o maior dos privilégios (ou quereres) a ser enfrentado era o individual, pois por instinto, precisamos antes de tudo pensar primeiro em nós e em seguida nos outros.
Esse ato humano e natural vem à tona no sofrimento do Senhor no horto das oliveiras, mas a Sua missão divina o move a continuar no caminho. Quem de nós pensaria primeiro nos outros em detrimento ao meu querer? Jesus descarta o seu privilégio divino e se oferece por sua criatura. Estudiosos, inclusive os mais céticos, afirmam que Jesus era divino visto que andava na “contramão” do raciocínio lógico que possuímos.

“(…) O olhar de Cristo esconde nas entrelinhas complexos fenômenos intelectuais e uma delicadeza emocional. Mesmo no extremo da sua dor ele se preocupava com a angústia dos outros, sendo capaz de romper o instinto de preservação da vida e acolher e encorajar as pessoas, ainda que fosse com um olhar… Quem é capaz de se preocupar com a dor dos outros no ápice da sua própria dor? Se muitas vezes queremos que o mundo gravite em torno de nossas necessidades quando estamos emocionalmente tranqüilos, imagine quando estamos sofrendo, ameaçados, desesperados”. (Augusto Cury – Mestre dos mestres)

Nosso raciocínio lógico também se mostra convincente quando ao sermos perseguidos, desistimos. Sim! Ninguém é obrigado a sofrer, mas de que vale desistir sem lutar? Quais são os verdadeiros motivos que me fazem continuar? Será que os motivos são os melhores pequenos ao ponto de serem descartáveis?
Muitos dos que desistem de algo foi por que entrou na luta pelos motivos errados. Por exemplo quando luto pra ser chefe, por uma promoção E NÃO TENHO TER LASTRO OU CONHECIMENTO PARA TAL FUNÇÃO; quando quero ser reconhecido numa função que fica por detrás das cortinas e não no palco; quando quero aplausos pelo meu lindo canto ou por minha linda pregação, se na verdade minha verdadeira função era passar desapercebido para deixar que as pessoas  vissem o Cristo e não a mim…
Motivos justos nos motivam a perseverar, os “quereres” são descartáveis. É claro que existe aquilo que esta além das nossas forças, mas isso é um tema para outra reflexão
Quem por ventura exerce uma liderança profissional, social ou comunitária, quais os motivos que o levaram a assumir essa função? Quem há muitos anos “NÃO LARGA O OSSO” e não treina substitutos, o que desejas com isso? Perpetuar-se? Isso se chama tirania e não democracia.
Em meio ao sofrimento do horto, das confusões, dos desentendimentos, optaríamos em continuar? Na semana que Jesus fala dos “fardos” Ele nos convida a refletir: quantas coisas abracei apenas por vaidade?
Outra coisa que precisamos repensar é o tratamento desigual que damos as pessoas em troca de interesses. Por que temos a triste mania de tratar bem aqueles que tenho algum interesse? Será que a copeira não deve ter o mesmo tratamento do diretor?
Por estarmos num ambiente chamado igreja, deveríamos entender que lá seria um dos poucos lugares no mundo onde não deveriam ter diferenças de tratamento, pois para Deus somos todos iguais. O que doou cerveja e refrigerante para a festa do padroeiro deveria ter o mesmo tratamento gentil daquele que doa suas duas moedinhas no ofertório, pois o motivo que trouxe o simples de coração a aquele local foi idêntico a mulher que enxugava os pés de Jesus com os cabelos

“(…) Meus irmãos, na vossa fé em nosso glorioso Senhor Jesus Cristo, guardai-vos de toda consideração de pessoas. Suponde que entre na vossa reunião um homem com anel de ouro e ricos trajes, e entre também um pobre com trajes gastos; se atenderdes ao que está magnificamente trajado, e lhe disserdes: Senta-te aqui, neste lugar de honra, e disserdes ao pobre: Fica ali de pé, ou: Senta-te aqui junto ao estrado dos meus pés, não é verdade que fazeis distinção entre vós, e que sois juízes de pensamentos iníquos? Ouvi, meus caríssimos irmãos: porventura não escolheu Deus os pobres deste mundo para que fossem ricos na fé e herdeiros do Reino prometido por Deus aos que o amam? Mas vós desprezastes o pobre! Não são porventura os ricos os que vos oprimem e vos arrastam aos tribunais? “. (Tiago 2, 1-6)

Deixo ao fim a reflexão proposta pelo site da CNBB

“(…) Jesus não quer que nós sejamos seus servos, pois o amor que ele tem por nós não permite isso. O apóstolo São João nos diz no seu Evangelho que Jesus não chama os seus seguidores de servos, mas de amigos, porque lhes revelou tudo o que o Pai lhe deu a conhecer. Mas no Evangelho de hoje, Jesus vai mais além, ele nos mostra que quer que todos os que ele ama e o amam sejam membros da sua família, participem da sua vida divina. Para demonstrar o amor que temos por Jesus, não basta apenas afirmar o amor que se sente por ele, é preciso ir além, é preciso conhecer e realizar a vontade do Pai. Somente quem faz a vontade do Pai ama verdadeiramente a Jesus, torna-se membro da sua família e participa da sua vida”.

Um imenso abraço fraterno.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Homilia dia (17.07.2011) “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra!”



LITURGIA XVI DOMINGO COMUM.
17.07.2011.
“Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra!”
1.Intordução. 

Quem de nós não gostaria de um mundo composto apenas de justos? Seria muito bom e viveríamos em paz! Será que a paz nasce da uniformidade humana ou da força de Deus que coloca em nosso coração sentimentos de paciência e de misericórdia? Aliás, a paciência e a misericórdia humanas são frutos amadurecidos da luta diária num mundo cheio de contrastes.
O Evangelho de hoje recorda-nos que justos e pecadores devem conviver até o “Dia da Colheita”; primeiro, para dar a todos a oportunidade da conversão, e, segundo, para que seja manifestada a paciência e a justiça de Deus. Deus é paciente com todos, especialmente, com o pecadores, mas é também justo, pois, dará a cada um a devida recompensa pelo que praticou ao longo de sua vida!
Jesus fala em parábolas para exigir a reflexão e a descoberta pessoal do verdadeiro sentido de sua pregação. O Reino de Deus é um dom gratuito do Pai, mas requer a colaboração de cada um para ser digno dele.


2.Palavra de Deus.
Sb 12,13.16-19 – Os “bons judeus e cristãos” se perguntam por que Deus não faz “limpeza” de uma boa vez no mundo? Deus tem paciência e dá tempo para a conversão! A paciência do amadurecimento pessoal e a paciência para a conversão do pecador! Deus não tem pressa para castigar. Quer salvar a todos!
Rm 8,26-27 – Nossa “marca registrada” é a fraqueza: nem sabemos rezar direito! Mas o Espírito Santo toma-nos em seus braços e reza por nós! Deus tem paciência com nossa fraqueza e, aos poucos, vai conduzindo-nos para o amadurecimento.
Mt 13,24-43 – Jesus fala para agricultores que conhecem o plantio do trigo e a presença de pestes daninhas.Pois, o Reino dos céus assemelha-se à semeadura de trigo onde brota, inesperadamente, a peste que prejudica o bom desenvolvimento do trigo. A lógica de Deus manda deixar que ambos cresçam juntos; a separação acontecerá no fim, na colheita!

3.Reflexão.
* Deus é eterno, por isso, é também paciente, misericordioso e magnânimo, isto é: de coração grande! Ele não nos criou perfeitos, acabados. Colocou-nos num caminho de aperfeiçoamento e de amadurecimento. É obra de muita paciência! – que o digam os pais, educadores de seus filhos! Quanta paciência e quanta esperança para este amadurecimento!
* Ninguém nasce sendo portador, apenas, de virtudes ou de defeitos. Somos uma semeadura onde convivem qualidades e defeitos. Precisamos alimentar a uns (as qualidades) e podar a outros (os defeitos) e aguardar, pacientemente, a colheita definitiva no final de nossa vida! A mesma coisa acontece com o Reino de Deus no mundo: bons e justos convivem! Nós precisamos engrossar a procissão dos bons e, com isso, diminuir a dos maus! O julgamento cabe a Deus e acontecerá, com certeza, no Final dos Tempos!
* Neste processo de educação o Espírito Santo nos dá a sua mão e nos conduz à santidade, à intimidade com o Pai celeste. É Ele quem conduz a Igreja e a cada um dos discípulos de Jesus. Permita ao Espírito Santo agir em seu coração! É mão experimentada, sábia e paciente!

“O Senhor é misericordioso e compassivo,
Ele dá alimento àqueles que o temem” (Sl 110,4).



Frei Carlos Zagonel

terça-feira, 12 de julho de 2011

Evangelho de hoje (12.07.2011) Mateus 11, 20-24

Arrependimento 300x225 Evangelho de hoje (12/07/2011) Mateus 11, 20 24
Então Jesus começou a acusar as cidades onde tinha feito muitos milagres. Ele fez isso porque os seus moradores não haviam se arrependido dos seus pecados. Jesus disse:
- Ai de você, cidade de Corazim! Ai de você, cidade de Betsaida! Porque, se os milagres que foram feitos em vocês tivessem sido feitos nas cidades de Tiro e de Sidom, os seus moradores já teriam abandonado os seus pecados há muito tempo. E, para mostrarem que estavam arrependidos, teriam vestido roupa feita de pano grosseiro e teriam jogado cinzas na cabeça! Pois eu afirmo a vocês que, no Dia do Juízo, Deus terá mais pena de Tiro e de Sidom do que de vocês, Corazim e Betsaida. E você, cidade de Cafarnaum, acha que vai subir até o céu? Pois será jogada no mundo dos mortos! Porque, se os milagres que foram feitos aí tivessem sido feitos na cidade de Sodoma, ela existiria até hoje. Pois eu afirmo a vocês que, no Dia do Juízo, Deus terá mais pena de Sodoma do que de você, Cafarnaum..
Bíblia Sagrada – Nova Tradução na Linguagem de hoje – Ed. Paulinas
Bom dia!
Como lidamos com a ingratidão? Nosso interior esta preparado para responder a ela? Deparamos com ela em muitos momentos do nosso dia. Conhecemos pessoas que têm dificuldade até de dizer obrigado, quiçá voltar, reconhecer ou elogiar?
Jesus não precisava de tapinhas nas costas como estamos acostumados a precisar e isso tende a ficar ainda pior em nós quanto mais imaturos somos ou carentes em virtude de sofrimentos ou emoções. É importante dizer isso: a Ingratidão, portanto pode ser confundida pelo sentimento que estamos vivenciando.
O pecado da ingratidão:
É preciso deixar bem claro que ser ingrato nos leva a se aproximar do egoísmo e do orgulho. Uma correção fraterna que deixou de ser acolhida pode ser visto como ingratidão. O fechar a porta, mentir ou não atender ao telefone a quem sempre nos ajudou também é; acusar, caluniar, apontar, [...] são gestos de profunda ingratidão quando lembramos como o Pai do céu nos recebe após cada erro.
O caluniador é um grande ingrato! Quem fecha os olhos também!
Vejamos o que diz o catecismo da igreja católica:

“(…) Pode-se pecar de diversas maneiras contra o amor de Deus: a indiferença negligencia ou recusa a consideração da caridade divina, menospreza a iniciativa (de Deus em nos amar) e nega sua força. A ingratidão omite ou se recusa a reconhecer a caridade divina e a pagar amor com amor”. (Catecismo da Igreja Católica § 2094)

A emoção que cega
A emoção não curada é igual a ver ingratidão em tudo! Como assim?
Quem não conhece alguém, ou talvez nós mesmos, que ao estar vivendo uma situação particular muito delicada passa a olhar todos que nos rodeiam como ingratos? Como alguém pode saber que estou doente se eu não contar? Como podem me ajudar a resolver um problema se não confio contá-lo a ninguém? Será que o meu problema particular é maior que o que vive o outro cuja aflição eu mesmo nem sei do que se trata?
Consigo enxergar e reconhecer que parei no tempo? Consigo notar que mais afasto do que ajunto? Por que será que algumas mães e pais não tem o respeito dos filhos? Por que cada vez mais vemos mães e pais que nunca foram mães e pais de seus filhos chateados ou decepcionados ao verem seus filhos saírem de casa? Esses filhos são realmente ingratos?
Inércia: a maior ingratidão
Atender o telefone e não mentir compromisso pode ser feito; um pai que resolve hoje tirar o atraso e ser pai dos seus filhos também pode acontecer, ou seja, Jesus convidava aquelas cidades, e a mim, a abandonar a inércia, ou seja, não ficar parado. Não adianta por culpa nas pessoas, pois cada um precisa fazer sua própria reflexão. “(…) Porque, se os milagres que foram feitos em vocês tivessem sido feitos nas cidades de Tiro e de Sidom, os seus moradores já teriam abandonado os seus pecados há muito tempo. E, para mostrarem que estavam arrependidos, teriam vestido roupa feita de pano grosseiro e teriam jogado cinzas na cabeça”!
Ao fim, deixo a reflexão proposta pelo site da CNBB

“(…) É comum nós vermos diversas pessoas que participam da vida da Igreja lamentando a incredulidade que existe no mundo moderno e os graves problemas que encontramos na humanidade que são, na maioria das vezes, conseqüências do pecado. Mas nós não paramos para pensar que isso acontece por causa da nossa falta de fé. Se todos nós tivéssemos de fato uma fé verdadeira, esta fé nos lançaria para o trabalho evangelizador e de transformação social ao invés de ficarmos lamentando a situação do mundo. Quem crê sabe que a única resposta plausível para os problemas do mundo se chama Evangelho e, por isso, sempre tem um renovado ardor missionário que o impele constantemente ao trabalho evangelizador”.

Um imenso abraço fraterno.

sábado, 9 de julho de 2011

Homilia dia (10/07/2011) “A PALAVRA DE DEUS É SEMENTE DIVINA!”


LITURGIA XV DOMINGO COMUM.
10.07.2011.
“A PALAVRA DE DEUS É SEMENTE DIVINA!”
01.Introdução.
O salmista afirma que os ídolos tem boca, mas não falam (Sl 115,4-5). Os ídolos modernos falam até demais, mas suas palavras não são sementes de qualidade. São sementes malignas que podem levar à morte! Hoje temos palavras demais. Precisamos selecionar o que vamos ouvir e privilegiar a Palavra de Deus. Ela é semente geradora de vida divina, de luz benéfica e de vigor necessário para caminhar.
Jesus – “Verbo que se fez carne...palavra” – foi rejeitado pelos homens de seu tempo; mas àqueles que o receberam deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus (Jo 1,12). A Palavra de Deus tem, hoje, o mesmo poder de nos fazer filhos de Deus! Quem a rejeita ou não lhe dá importância, corre o risco de perder-se nas trevas. A Palavra de Deus é pão descido dos céus e saído da boca de Deus! Ela salva!
O mundo moderno entope nossos ouvidos com palavras maliciosas, e nosso cérebro “breca”, não consegue mais elaborar um raciocínio iluminador. Ficamos anestesiados engolindo pílulas coloridas e adocicadas, mas venenosas! A serpente tentadora de Adão e Eva, modernizou sua técnica mortal!

02.Palavra de Deus.
Is 55,10-11 – Deus mesmo é o avalista de sua Palavra: ela é eficaz, sadia e produz o pão que nos alimenta. Ela sai da boca de Deus, por isso, é fecunda e  produz frutos de salvação. É como chuva que cai do céu e para lá não volta sem fecundar a terra! (Is 55,10-11)
Rm 8,18-23 – A vida humana é uma seqüência de sofrimentos: para o pessimista, não há alegrias! Mas,para o otimista, existe alegria no meio do sofrimento! Paulo, porém, nos diz que não há comparação entre o sofrimento deste mundo e a glória que nos aguarda na casa do Pai. Feliz de quem acredita na Palavra de Deus, viva e eficaz. Até a própria natureza, tão devastada nos dias atuais, tomará parte na libertação humana. Somos infelizes sem a natureza e não seremos glorificados sem que ela participe de nossa gloria: “Haverá novos céus e uma nova terra, nos quais habitará a justiça (2Pd 3,13).
Mt 13,1-23 – A Palavra de Deus é igual para todos, assim como a semente que o semeador joga na terra; a germinação e a frutificação dependem das condições do terreno, ou seja, de nossa disposição e colaboração. Há um mistério no coração do homem: o mistério da generosidade divina e a liberdade humana. Podemos acolher ou menosprezar e, até, rejeitar a semente da Palavra de  Deus
03.Reflexão.
·         Jesus usou uma parábola que seus ouvintes entendiam bem. Eram agricultores: lavravam a terra, semeavam as sementes e colhiam! Hoje, a maioria dos que freqüentam a igreja pouco entendem de sementes e de semeadura! Por isso, é necessário um esforço maior para entender o significado da Palavra de Deus. Podemos dizer que a semente é a leitura da Palavra de Deus, e a frutificação é o comportamento das pessoas que leram ou escutaram a Palavra de Deus.
·         A Palavra de Deus tem o aval do próprio Deus: é semente de qualidade comprovada; mas as condições da terra dependem mais de nossa vontade de colaborar com ela. A Palavra de Deus ilumina o coração de uma pessoa, mesmo analfabeta; mas, pode ser ineficaz e cansativa num coração estufado de orgulho ou de palavras ocas de nossos Meios de Comunicação Social!
·          A vida humana conhece, certamente, o sofrimento, mas para um coração simples e repleto de fé, sobra muito espaço para a luz, a alegria e a esperança: “Penso que os sofrimentos do tempo presente não tem proporção com a glória que deverá revelar-se em nós” (Rm 8,18).

“A semente é a Palavra de Deus, e Cristo é o semeador”
Frei Carlos Zagonel.








terça-feira, 5 de julho de 2011

Evangelho de hoje (05.07.2011) Mateus 9, 32-38

buscar 300x242 Evangelho de hoje (05/07/2011) Mateus 9, 32 38
Quando eles foram embora, algumas pessoas levaram a Jesus um homem que não podia falar porque estava dominado por um demônio. Logo que o demônio foi expulso, o homem começou a falar. Todos ficaram admirados e afirmavam:
- Nunca vimos em Israel uma coisa assim! Mas os fariseus diziam:
- O chefe dos demônios é quem dá a esse homem poder para expulsar demônios.
Jesus andava visitando todas as cidades e povoados. Ele ensinava nas sinagogas, anunciava a boa notícia sobre o Reino e curava todo tipo de enfermidades e doenças graves das pessoas. Quando Jesus viu a multidão, ficou com muita pena daquela gente porque eles estavam aflitos e abandonados, como ovelhas sem pastor. Então disse aos discípulos:
- A colheita é grande mesmo, mas os trabalhadores são poucos. Peçam ao dono da plantação que mande mais trabalhadores para fazerem a colheita.
Bíblia Sagrada – Nova Tradução na Linguagem de hoje – Ed. Paulinas
Bom dia!
Inicio essa reflexão com um pensamento bem particular: os discípulos de Jesus são conhecidos pelo amor uns aos outros e aos que mais precisam e por eles superam as pressões e os entraves da vida em comunidade.

“(…) O discípulo nasce pelo fascínio do encontro com Cristo e se desenvolve pela força da atração que permanece na experiência de comunhão dos discípulos de Jesus. ‘A Igreja cresce, não por proselitismo, mas ‘por atração: como Cristo atrai tudo para si com a força de seu amor’. A Igrejaatrai quando vive em comunhão, pois os discípulos de Jesus serão reconhecidos se amarem uns aos outros como ele nos amou’“. (CNBB – Documento 87, §89)

Vivemos tempos onde as pessoas não querem mais se responsabilizar umas pelas outras. Tenho “compromissos cristãos” bem definidos, ou seja, participo das celebrações e de uma pastoral ou movimento, ou ajudo nas festas ou ajudo no recolhimento e entrega de materiais de primeira necessidade como roupas, alimentos, (…). Graças a Deus, desses operários a igreja esta bem suprida, mas novos campos precisam ser roçados (internet, livros, CDs, DVDs,…); novos campos precisam ser cuidados (juventude, promoção humana, política, relações sociais, comunicação…) e reconquistar campos abandonados (família, filhos, casamento, amor ao próximo).
O operário que precisamos hoje na messe é extremamente capacitado por Deus, mas muitas vezes pouco utilizado ou aproveitado por nós, às vezes por mera vaidade ou “medo de perdermos o espaço”. Aos pastos repletos de lobos Jesus envia os mais experientes ficando assim o cuidar do rebanho para os que foram ensinados pelo pastor. Mas tenho uma pergunta: onde estão eles?
Muitos pararam no caminho em virtude das perseguições dos próprios filhos de Deus que existem em toda comunidade. Pessoas que por imaturidade e frustrações pessoais “abraçam” a igreja como local para realizarem suas necessidades de ser reconhecido e poder “mandar” em alguém.
Não estou falando nenhuma coisa que não saibamos ou que não vivamos em nossas comunidades; padres nos seminários sofrem com isso também. Não é um conforto, mas se até Jesus teve que enfrentá-los, por que nós não teríamos?
A proposta da CNBB para o evangelho de hoje é bem nesse foco: Dizer para cada um que pensou em desistir a continuar lutando pelo reino de Deus

“(…) Existem pessoas que vivem chorando pelos cantos por causa das ofensas e calúnias das quais são vítimas no trabalho evangelizador. O Evangelho de hoje nos mostra que não deve ser essa a atitude dos discípulos de Jesus. Quando Jesus realiza a expulsão de um demônio, é caluniado, pois afirmam que é pelo poder do mal que ele faz exorcismos. Jesus simplesmente continua a sua caminhada, preocupando-se com o sofrimento e as dores de todos os que encontra pelo caminho e fazendo o bem a todos, olhando a todos com compaixão e preocupando-se porque são como ovelhas que não têm pastor. Assim também devemos ser nós, não devemos viver preocupados com as calúnias que nos são dirigidas, mas sim preocupados em fazer o bem”. (proposta do site da CNBB)

Por que é que mesmo lendo isso ainda me calo, fujo ou desisto?
“(…) Quando Jesus viu a multidão, ficou com muita pena daquela gente porque eles estavam aflitos e abandonados, como ovelhas sem pastor”.
Se me calo, desisto ou “entrego os pontos” o mundo vai aos poucos parar de ouvir meus valores, preceitos e no que acredito. Se parar de acreditar, de denunciar, de aprender é sinal que o mundo conseguiu me mudar.
Não ligue para aqueles que ficam procurando defeitos no seu trabalho. Faça sim uma reflexão permanente se algo do que falam é verdade, no entanto, entendendo e verificando que o motivo da crítica é a inveja ou dor de cotovelo, bata o pé e continue.
Rezemos para que os filhos de Deus não se persigam.
Um imenso abraço fraterno.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Encontro de formação dia 25/06/2011 Com Frei Carlos Zagonel

3° Parte do estudo do livro Verbum Domini "A Palavra de Deus na Igreja"

* Para entender a Palavra de Deus, tem que entrar na minha vida. A Palavra de Deus sempre é atual!

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Homilia dia 01.07.2011 São Pedro e São Paulo “plantaram a Igreja, regando-a com seu sangue” (Antífona da entrada da missa)


Solenidade dos Apóstolos São Pedro e São Paulo
At 12,1-11; Sl 34(33); 2Tm 4,6-8.17-18; Mt 16,13-19

Voltamos, neste domingo, o nosso olhar para os apóstolos São Pedro e São Paulo, colunas e fundamento da Igreja, cuja memória integra-se no coração da celebração eucarística. Pedro e Paulo consagraram suas vidas a Jesus Cristo e à Igreja e, por essa causa maior, acabaram sendo martirizados. Eles selaram com o derramamento do próprio sangue o que amaram e defenderam. Ambos sofreram o martírio, em 69 d.C. sob o imperador Nero: Pedro foi crucificado e Paulo foi decapitado. O martírio de ambos uniu-os e prolongou a oferenda martirial de Jesus por amor à humanidade na glorificação do Pai. Aos apóstolos Pedro e Paulo, o nosso reconhecido e justo louvor, como diz a Antífona da entrada da missa: “Eis os santos, que vivendo neste mundo, plantaram a Igreja, regando-a com seu sangue. Beberam do cálice do Senhor e se tornaram amigos de Deus”. A honra litúrgica prestada aos apóstolos Pedro e Paulo se repete como um eco na vida da Igreja, unindo as gerações dos dois milênios de sua história, pois “a muralha da cidade [celeste] tinha doze alicerces sobre os quais estão escritos os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro” (Ap 21,4).

A primeira leitura (At 12,1-11) descreve a perseguição dos cristãos da comunidade de Jerusalém, durante do reinado de Herodes Agripa. Nesta investida das forças contrárias à Igreja nascente, também Pedro foi preso, porém naquela mesma noite, enquanto a Igreja ora por ele, Pedro foi miraculosamente libertado pelo “anjo do Senhor”. Ao sair da prisão e tendo tomado consciência do que lhe havia acontecido, Pedro exclamou: “Agora sei que o Senhor enviou o seu anjo, livrando-me das mãos de Herodes e de toda a expectativa do povo judeu” (At 12,11). O evangelho da vida de Cristo e seus mensageiros não podem ficar presos às forças maléficas dos homens. A libertação do apóstolo evoca a certeza do salmista: “O Anjo do Senhor acampa ao redor dos que o temem, e os liberta. [...] Iahweh resgata a vida de seus servos” (Sl 34[33] 8.23), e realiza a promessa de Jesus antes de retornar ao Pai: “Eis que eu estarei convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28,20).

A segunda leitura (2Tm 4,6-8.17-18) descreve os últimos dias do apóstolo Paulo, preso em Roma. Ele sabe que deverá enfrentar, em breve, o martírio, por isso o faz serenamente, com a consciência do dever cumprido: “Quanto a mim, já fui oferecido em libação, e chegou o tempo da minha partida. Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé” (2Tm 4,6-7). Depois de anos a fio, consumando a própria vida no cumprimento da missão para a qual fora escolhido, e confiante na justiça divina, o apóstolo Paulo dá um sentido ao seu martírio: este não é castigo, muito menos fracasso de uma vida em vão, mas, em primeiro lugar, é uma justa homenagem a Deus que o chamou e o consagrou para acolher e testemunhar o evangelho de Jesus Cristo. É por isso que Paulo confia na recompensa da glória que Deus concederá a ele e aos outros que também acolheram o evangelho de seu Filho: “Desde já me está reservada a coroa da justiça, que me dará o Senhor, justo juiz, naquele Dia” (2Tm 4,8). Em segundo lugar, Paulo considera o seu martírio um testemunho muito útil para a edificação espiritual e para a salvação dos seguidores de Cristo: “Tudo suporto por causa dos eleitos, a fim de que eles obtenham a salvação que está em Cristo Jesus, com a glória eterna” (2Tm 2,10).

O evangelho (Mt 16,13-14) narra a confissão de fé de Pedro e a responsabilidade individual que Jesus lhe confiou. Em determinado momento de seu ministério público, Jesus se dirigiu ao território de Cesaréia de Felipe, e ali quis saber o que as multidões e os apóstolos pensavam a seu respeito. Conforme o testemunho dos apóstolos, a multidões reconheciam em Jesus um profeta, sim, um grande profeta, mas apenas e não mais do que um profeta; já Pedro, de sua parte e em nome dos outros apóstolos, reconhece que Jesus é o messias esperado, aquele do qual falavam as Escrituras, mas mais do que isso: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16,16). O evangelista João descreve a confissão de fé de Pedro, depois da catequese do Senhor sobre o pão da vida: “Senhor, a quem iremos? Tens palavras de vida e nós cremos e reconhecemos que tu és o Santo de Deus” (Jo 6,68).

Em resposta à confissão de Pedro, Jesus o confirmou na fé e lhe confiou a responsabilidade de ser o chefe da Igreja, outorgando-lhe inclusive um novo nome: Pedro (em grego: Cefas), que significa Rocha, sobre a qual a Igreja se assentará: “Bem-aventurado és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne ou o sangue que te revelaram isso, e sim o meu Pai que está nos céus. Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do reino dos céus e o que ligares na terra será ligado no céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16,17-19). Jesus deu a Pedro a responsabilidade de ser o fundamento firme, sólido, inquebrantável da Igreja até o tempo da parusia. Mateus compara a Igreja a uma casa, que é de Deus, e para esta casa, o Filho de Deus entrega as chaves a Pedro, para abrir ou fechar a porta (“o poder das chaves”, o primado de Pedro), de modo que o que Pedro faz aqui na terra, repercute no céu.

Nós rezamos no Creio: “Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica”. Ao dizermos que a Igreja é apostólica, confessamos que ela é edificada (construída) sobre o testemunho dos apóstolos. O apóstolo Paulo diz que os cristãos são “concidadãos dos santos e membros da família de Deus [...], edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas (Ef 2,19). A Igreja conserva e transmite tudo o que Jesus Cristo ensinou aos apóstolos por seus discursos e ações. Tudo o que Jesus fez e ensinou chegou até nós através dos sucessores dos apóstolos (sucessão apostólica). É por isso que, neste dia, ao venerarmos a memória dos apóstolos Pedro e Paulo, as orações presidenciais pedem a Deus para perseverarmos na “doutrina dos apóstolos”: “Ó Deus [...] concedei à vossa Igreja seguir em tudo os ensinamentos destes apóstolos que nos deram as primícias da fé” (Oração do dia); “Concedei-nos, ó Deus, por esta eucaristia, viver de tal modo em vossa Igreja que, perseverando na fração do pão e na doutrina dos apóstolos, sejamos um só coração e uma só alma” (Oração depois da comunhão).

A liturgia deste domingo nos propõe a força de dois testemunhos autênticos, Pedro e Paulo, que consagraram suas vidas à Alguém: Jesus Cristo. Sabemos que o exemplo de vida vale mais do que muitas palavras. É legítimo duvidar ou questionar idéias e teorias, no entanto, um testemunho fala por si mesmo, não se o questiona, pois torna credível a razão pela qual a vida é doada. Deus seja louvado por estes dois apóstolos, mártires e santos, que edificaram com as suas palavras, a sua sabedoria e seu o testemunho clarividente, a Igreja de Jesus Cristo. Que o testemunho destes apóstolos ajude os cristãos a recuperar o zelo missionário para que o evangelho se torne cada vez mais conhecido e vivido.

E, oremos, pelo nosso papa, Bento XVI, vigário de Cristo e sucessor de Pedro, para que Deus continue iluminando-o com a sabedoria do Alto para governar a Igreja Católica em fidelidade à missão que Cristo confiou a Pedro e a seus sucessores. A missão do papa é uma missão difícil, vai além das suas próprias forças, por isso unamo-nos aos que elevam suas preces ao sucessor de Pedro, suplicando a Deus pela sua saúde e vida longa, e assim mantenha a Igreja unida na mesma fé, no mesmo amor e na mesma esperança. Por fim, agradeçamos a Deus pelo papa que Deus colocou à frente da Igreja para o nosso bem: “Viva o Papa nosso pai comum...”.
Frei Nedio Pertile, OFMCap.
Cuiabá, 01 de julho de 2011


Homilia dia 01.07.2011 “A PALAVRA DE DEUS É SEMENTE DIVINA!”


LITURGIA XV DOMINGO COMUM.
10.07.2011.
“A PALAVRA DE DEUS É SEMENTE DIVINA!”

01.Introdução.
O salmista afirma que os ídolos tem boca, mas não falam (Sl 115,4-5). Os ídolos modernos falam até demais, mas suas palavras não são sementes de qualidade. São sementes malignas que podem levar à morte! Hoje temos palavras demais. Precisamos selecionar o que vamos ouvir e privilegiar a Palavra de Deus. Ela é semente geradora de vida divina, de luz benéfica e de vigor necessário para caminhar.
Jesus – “Verbo que se fez carne...palavra” – foi rejeitado pelos homens de seu tempo; mas àqueles que o receberam deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus (Jo 1,12). A Palavra de Deus tem, hoje, o mesmo poder de nos fazer filhos de Deus! Quem a rejeita ou não lhe dá importância, corre o risco de perder-se nas trevas. A Palavra de Deus é pão descido dos céus e saído da boca de Deus! Ela salva!
O mundo moderno entope nossos ouvidos com palavras maliciosas, e nosso cérebro “breca”, não consegue mais elaborar um raciocínio iluminador. Ficamos anestesiados engolindo pílulas coloridas e adocicadas, mas venenosas! A serpente tentadora de Adão e Eva, modernizou sua técnica mortal!

02.Palavra de Deus.
Is 55,10-11 – Deus mesmo é o avalista de sua Palavra: ela é eficaz, sadia e produz o pão que nos alimenta. Ela sai da boca de Deus, por isso, é fecunda e produz frutos de salvação. É como chuva que cai do céu e para lá não volta sem fecundar a terra! (Is 55,10-11)
Rm 8,18-23 – A vida humana é uma seqüência de sofrimentos: para o pessimista, não há alegrias! Mas,para o otimista, existe alegria no meio do sofrimento! Paulo, porém, nos diz que não há comparação entre o sofrimento deste mundo e a glória que nos aguarda na casa do Pai. Feliz de quem acredita na Palavra de Deus, viva e eficaz. Até a própria natureza, tão devastada nos dias atuais, tomará parte na libertação humana. Somos infelizes sem a natureza e não seremos glorificados sem que ela participe de nossa gloria: “Haverá novos céus e uma nova terra, nos quais habitará a justiça” (2Pd 3,13).
Mt 13,1-23 – A Palavra de Deus é igual para todos, assim como a semente que o semeador joga na terra; a germinação e a frutificação dependem das condições do terreno, ou seja, de nossa disposição e colaboração. Há um mistério no coração do homem: o mistério da generosidade divina e a liberdade humana. Podemos acolher ou menosprezar e, até, rejeitar a semente da Palavra de Deus
03.Reflexão.
* Jesus usou uma parábola que seus ouvintes entendiam bem. Eram agricultores: lavravam a terra, semeavam as sementes e colhiam! Hoje, a maioria dos que freqüentam a igreja pouco entendem de sementes e de semeadura! Por isso, é necessário um esforço maior para entender o significado da Palavra de Deus. Podemos dizer que a semente é a leitura da Palavra de Deus, e a frutificação é o comportamento das pessoas que leram ou escutaram a Palavra de Deus.
* A Palavra de Deus tem o aval do próprio Deus: é semente de qualidade comprovada; mas as condições da terra dependem mais de nossa vontade de colaborar com ela. A Palavra de Deus ilumina o coração de uma pessoa, mesmo analfabeta; mas, pode ser ineficaz e cansativa num coração estufado de orgulho ou de palavras ocas de nossos Meios de Comunicação Social!
* A vida humana conhece, certamente, o sofrimento, mas para um coração simples e repleto de fé, sobra muito espaço para a luz, a alegria e a esperança: “Penso que os sofrimentos do tempo presente não tem proporção com a glória que deverá revelar-se em nós” (Rm 8,18).

“A semente é a Palavra de Deus, e Cristo é o semeador”

Frei Carlos Zagonel.