Ap 7,2-4.9-14; Sl 24; 1Jo 3,1-3; Mt 5,1-12
Celebramos, hoje, a festa de todos os santos e santas. É a festa que lembra a Igreja celeste, a Igreja terrestre e a Igreja em estado de purificação, em seu mistério de união junto a Deus.
A solenidade de todos os santos e santas dirige o olhar de nossa fé para o céu e nos faz contemplar a glória da grande família dos filhos e filhas de Deus, reunidos em torno ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, em adoração, e celebrando a salvação.
Quem é esta grande família que a liturgia em nossos templos nos propõe a contemplar? Conforme a visão profética do evangelista João, é “uma imensa multidão de gente de todos as nações, tribos, povos e línguas, e que ninguém podia contar. Estavam de pé diante do trono e do Cordeiro; trajavam vestes brancas e traziam palmas na mão. (...) Esses são os que vieram da grande tribulação. Lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do Cordeiro” (Ap 7,9-10.14).
Esta grande família celeste, em adoração perpétua ao Deus vivo e verdadeiro, à qual somos convidados a nos unir, passou por tribulações e sofrimentos, sem se deixar abater. Os santos e as santas, pelo batismo, inseriram-se no mistério da morte e ressurreição de Cristo. Consagraram suas vidas a Cristo, a Ele assemelhando-se na morte e na ressurreição. Enquanto viveram neste mundo, semearam a paz, a esperança, o amor e a justiça. Não deixaram morrer a semente que Deus havia plantado em seus corações. Mesmo vivendo cercados de sinais de desespero e morte, iluminaram seus ambientes com o dom do testemunho de uma vida centrada em Deus.
O que seria do mundo sem os santos e as santas? Como seria o mundo sem o calor da santidade? O mundo precisa, certamente, de técnicos, especialistas, cientistas, mas também de pessoas espirituais e místicas. O mundo precisa de tecnologia, é verdade, mas também de oração e solidariedade. O mundo precisa de pessoas inventoras e criadoras, mas também de pessoas humildes, serenas, pobres de espírito, puras e sinceras. O mundo precisa de audaciosos e corajosos, para transformar estruturas e costumes perversos, mas também de perseguidos e de mártires, cujas lembranças produzem efeitos profundos na consciência humana.
Os santos e as santas elevam o nosso espírito para além de nossa miséria e pequenez. Eles nos lembram que existe a felicidade de viver das “coisas do alto”. Não é a felicidade do bem-estar econômico, do progresso, do dinheiro, do conforto e do prazer, mas a felicidade do reino de Deus, que o mundo não entende. É a felicidade do viver com conseqüências, que repercutem para sempre na memória de Deus, pois não somos apenas “os filhos e as filhas da terra” que terminarão no pó dos cemitérios, mas, como proclama o evangelista João: “Desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos” (1Jo 3,2). Nada mais consolador do que esse mistério de fé: Deus nos trata como filhos e nos quer em sua “vida eterna”.
A Igreja reservou, em seu calendário litúrgico, um dia de festa dedicado os santos e as santas para recordar que a vocação dos cristãos é a santidade. O apóstolo Paulo nos diz que Deus “escolheu-nos em Cristo antes da fundação do mundo, para sermos santos e irreprensíveis diante de seus olhos” (Ef 1,4), e, “esta é a vontade de Deus, a vossa santificação” (1Ts 4,3). A santidade é uma caminhada que dura a vida toda, e só terminará quando nos encontrarmos face a face com Deus. É uma caminhada longa e serena, lenta, mas firme. É, aos poucos, que vamos imprimindo o Cristo em nossos corações.
Hoje, muitos vivem apressados, estressados, deprimidos, angustiados. Correm loucamente sem saber aonde chegar. Não sabem realmente o que buscam. É a experiência do extravio, da falta de direção, porque faltam os valores que preenchem de felicidade o coração humano. A Igreja venera os santos e as santas como modelo de vida cristã. Não tenhamos medo de caminhar para Deus. Não tenhamos medo de buscar segurança nas palavras de Jesus. Não tenhamos medo de experimentar e anunciar o que Deus nos preparou. Que os santos e santas intercedam junto a Deus por nós, para que, um dia, também nós, estejamos junto a eles.
Frei Nedio Pertile
Cuiabá, 05/11/2010
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