sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Homilia dia (20/11/2011) “O Senhor é Pastor e Juiz de seu Povo!”


LITURGIA – FESTA DE CRISTO REI.
20 de novembro de 2011.
“O Senhor é Pastor e Juiz de seu Povo!”

1.Introdução.
No último domingo do Ano Litúrgico, Jesus recorda que Ele é o Pastor e o Juiz de seu Povo. É o Pastor misericordioso que procura a ovelha desgarrada e avalia com justiça as obras e a vida de cada um de nós. A ovelha machucada Ele a carrega nos braços, e a ovelha gorda será tratada com justiça!
Jesus não é rei segundo a moda deste mundo; Ele é rei porque venceu a morte e garante a ressurreição para os seus seguidores. É o primeiro a ressuscitar, encabeça a procissão dos ressuscitados e nós esperamos fazer parte desta procissão na condição de sermos bons pastores como Ele foi!
O critério para o julgamento será o amor manifestado para com os mais fracos. O pobre, o doente e o injustiçado... todos eles são, para nós, um verdadeiro sacramento da presença de Cristo. Se você acolheu o pobre, foi a Cristo que você acolheu!

2.Palavra de Deus.
Ez 34,11-12.15-17 – Os pastores do Povo de Israel eram os sacerdotes e as lideranças políticas.Por sua omissão causaram a desgraça do Povo levado para o exílio; agora, é o próprio Deus quem vai cuidar do rebanho. Jesus é o “Pastor prometido”: Ele cuida com carinho e compaixão das ovelhas doentes e machucadas, e deverá julgar com severidade as ovelhas gordas e prepotentes.
1Co 15,20-26ª.28 – A ressurreição de Jesus é prova de sua divindade. Ter fé em Jesus ressuscitado significa crer na própria ressurreição. Se Jesus não ressuscitou estamos perdidos! Mas, se Jesus ressuscitou, a sorte dos incrédulos é desgraça certa! Jesus, na condição de “primícias”, abre a procissão que seus discípulos vão engrossando, felizes, porque a morte não manda mais sobre eles!
Mt 25,31-46 – Jesus é o “Pastor prometido” que tomará conta do rebanho abandonado pelos pastores (lideranças civis e religiosas) de Israel e fará um julgamento justo favorecendo os mais fracos que foram prejudicados pelos poderosos. Ovelhas gordas e carneiros chifrudos prestarão contas de seu procedimento maldoso. Deus estabelecerá a verdadeira justiça no Reino anunciado por Jesus.
3. Reflexão.
·         A “Festa de Cristo Rei”, na sua instituição, tinha um apelo missionário e apostólico: conquistar o mundo para Cristo! Era a mística do “Movimento da Ação Católica”, estimulada pelo Papa Pio XI. Hoje, sem perder o apelo missionário, recorda o Bom Pastor, preocupado com as ovelhas abandonadas, desgarrados e enfraquecidas e, por isso, necessitadas de misericórdia e compaixão. Jesus se apresenta como o “Bom Pastor”, aquele que dá sua vida pelas ovelhas e carrega no colo as machucadas! Seu Reino não é símbolo de poder, mas de compaixão e de misericórdia!
·         Jesus é o “Pastor ressuscitado”, vencedor da morte e primícias da vida ressuscitada. Aos coríntios que não acreditavam na ressurreição pessoal, Paulo garante que a fé na Ressurreição de Cristo é garantia de nossa própria ressurreição. Sofrer tanto neste mundo e não ressuscitar no fim seria uma irreparável desgraça! Crer em Cristo para quê, se não ressuscitarmos com  Ele? A esperança da ressurreição é alegria e força na luta cotidiana pela prática do bem!
·         Jesus é o Rei do Universo!É Ele quem dirige a História. Ele a dirige mesmo com as “linhas tortas dos poderosos”! O amor, a solidariedade e a gratuidade... valores ensinados por Ele, germinam discretamente entre os homens de todos os tempos. O mundo será transformado, sim, por Ele. Esta é a nossa esperança! Nós cremos no seu reinado; por isso, lutamos por um mundo melhor!            
                         “O Senhor é meu Pastor Ele me acompanha em toda a parte!”
Frei Carlos Zagonel.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Homilia dia (13/11/2011) "Feliz quem serve ao Senhor de todo o coração!”



LITURGIA – XXXIII DOMINGO COMUM.
13 de novembro de 2011.
"Feliz quem serve ao Senhor de todo o coração!”
1.Introdução.
Fim de ano é tempo de avaliação e de prestação de contas. Toda a empresa faz isso! Faz um balanço do ano inteiro para verificar a real situação da mesma. O patrão não se quer enganar e “quebrar a cara!” Do mesmo modo, a Igreja nos pede  uma prestação de contas para verificar nossa real situação. A “Parábola de Jesus” presta-se bem para um exame de consciência!
Se cuidar bem de uma empresa é sinal de sabedoria, não podemos ser negligentes no cuidado com os bens que Deus nos confiou para administrar. Quais são os talentos que recebemos e que fizemos com eles durante o ano que passou? Somos merecedores de elogio ou de condenação? Um bom exame de consciência pode livrar-nos de uma condenação definitiva.

2.Palavra de Deus.
 Pr 31,10-13.19-20.30-31 – A mulher, descrita no Livro dos Provérbios, é símbolo da sabedoria e da diligência no cumprimento da própria missão. O cristão deve assemelhar-se à mulher que administra com sabedoria a própria casa. Os dons pessoais não são um mero ornamento pessoal. São recursos, recebidos  para bem cumprir a missão recebida do Criador.
1Ts 5,1-6 – O Apóstolo Paulo alerta-nos para a certeza da vinda do Senhor. Ele não procura assustar-nos, mas nos quer vigilantes para acolher com festa o Senhor que vem para nos salvar. Viver na sobriedade para entrar alegres no “salão da festa eterna!”
Mt 25,14-30 – A “Parábola de Jesus” é um alerta para a vigilância e a reafirmação da fé na vinda gloriosa de Jesus para julgar vivos e mortos. Não é a pedagogia do susto, mas os filhos devem estar prontos para a volta de Jesus! Devemos estar atentos e vigilantes para recebê-lo com festa. A prestação de contas vai por conta da encenação, mas a alegria vem do fato que Jesus cumprirá sua Palavra: “Ele virá para nos salvar definitivamente!”

3.Reflexão.
·          Nossa vida não é um acaso e nem a nossa morte um destino absurdo. Deus nos colocou no mundo para cuidar do jardim e para crescer na vida divina segundo o modelo de seu Filho Jesus. Este é o sentido de nossa vida na terra! Não somos um grão de areia perdido no deserto; somos um sonho de Deus, somos seus filhos adotivos, participantes de sua natureza divina. (2Pd 1,4).
·         Tanto a “Parábola de Jesus” quanto o ensinamento de Paulo falam da diligência necessária no cumprimento do “Plano de Deus” a nosso respeito. Ele nos quer participantes responsáveis neste “Plano”. Não estamos no “Plano de Deus” como condenados, mas como alegres criaturas humanas premiadas pela maravilhosa proposta divina: sermos seus filhos adotivos à imagem e semelhança de Jesus, que voltará para colher os frutos da semente colocada  no íntimo de nosso coração no dia de nosso Batismo.
·         O dom de Deus é de qualidade e precisa frutificar; não vamos enterrar o talento pensando que Deus não reclame seus direitos de semeador. Sua Palavra é eficaz, precisa frutificar! Não desperdicemos os dons do Senhor! Ele é zeloso de seus dons. Virá à procura de rendimentos!
Sejamos diligentes no cuidado e na administração da obra do Senhor, pois, Jesus virá, com certeza!
“Minha felicidade é estar com Deus
e colocar no Senhor a minha esperança!
Frei Carlos Zagonel.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Homilia dia (30/10/2011) “Um só é vosso mestre; vos todos sois irmãos!”


LITURGIA – XXXI DOMINGO COMUM.
30 de outubro de 2011.
“Um só é vosso mestre; vos todos sois irmãos!”
1.Introdução.
Vivemos num mundo onde a concorrência é norma de vida. Luta-se para ocupar o topo da pirâmide e, lá chegando, o poder substitui a igualdade democrática ou a fraternidade evangélica. Quem pode mais, chora menos! A vida deixa de ser uma convivência para tornar-se uma luta onde sobrevive o mais forte!
Jesus prega uma sociedade de irmãos, onde o ministério é “serviço” e não poder ou dignidade! Na Comunidade de Jesus, quem quer ser o maior deve tornar-se servo de todos. Só Deus é grande; nós todos somos irmãos, todos iguais uns aos outros!
O poder corrompe as pessoas e, também, a doutrina, pois, não se prega mais a doutrina da Palavra de Deus, mas a própria ideologia. A pregação torna-se interesseira! A unidade entre pregação e vivência se rompe; por isso, tornamo-nos hipócritas e escondemos o nosso verdadeiro rosto! Numa palavra, tornamo-nos palhaços de circo!

2.Palavra de Deus.
Ml 1,14b-2,2b.8-10 – O profeta Malaquias repreende os sacerdotes e lideranças do Povo de Israel porque abandonaram o estudo e pregaram os próprios interesses e se tornaram prepotentes. Por isso, serão amaldiçoados e suas bênçãos se transformarão em maldições! Longe de Deus, sobra a desgraça!
1Ts 2,7b-9.13 – Paulo chegou à cidade de Tessalônica, com o corpo todo chagado pela flagelação recebida na cidade de Filipos; pregou o Evangelho aos tessalonicenses com humildade, desejando entregar-lhes a própria vida! Foi acolhido como anunciador da Palavra de Deus e eles foram salvos!
Mt 23,1-12 – Jesus reconhece o saber dos escribas e fariseus, mas condena sua hipocrisia (a falsidade): pois não observam aquilo que pregam! A vida não acompanha a sua pregação; pelo contrário, vivem de maneira bem diferente da pregação feita! Por isso, Jesus diz: “ ...fazei e observai tudo quanto vos disserem. Mas não imiteis as suas ações, pois, dizem mas não fazem!”

3.Reflexão.
·         Quando Deus deixa de ser importante e não ocupa mais o primeiro lugar na vida humana, sobra grande espaço para a ideologia, para a pregação acomodada aos interesses egoístas de cada um, principalmente, de quem está no topo da pirâmide e é senhor do poder! Não se fala mais de Deus, mas dos próprios interesses!
·         Assim aconteceu com as lideranças sacerdotais no Antigo Testamento e com as lideranças no tempo de Jesus (fariseus e sacerdotes) e assim continua acontecendo na Igreja e na sociedade de nosso tempo. O pecado é velho, mas constantemente atualizado! Para Jesus, a pregação deve sempre ser respaldada pela vida do pregador. Este precisa empenhar a própria vida em favor da Palavra anunciada!
·         Paulo pregou a Palavra de Deus aos tessalonicenses, tendo o corpo chagado pela flagelação; por isso, o povo recebeu suas palavras  como Palavra de Deus! O povo se converteu e foi salvo! Bom pregador não é aquele que sabe das coisas, mas quem vive a Palavra que prega! O povo, normalmente, não aprecia os mestres que falam bem, mas as testemunhas! (Paulo VI).
·         O mundo atual é carente de testemunhas; tem faladores demais, interesseiros e hipócritas! Como é difícil ser verdadeiro ministro (servidor) da Palavra! Cristo, e somente Ele, é Mestre, pois Ele deu a própria vida pela Palavra.
“Põe tua confiança no Senhor Jesus e serás salvo!”
Frei Carlos Zagonel.

domingo, 23 de outubro de 2011

Homilia dia (23/10/2011) "O amor a Deus e ao próximo"


XXX Domingo do Tempo Comum – Ano A
Ex 22,20-26; Sl 18(17); 1Ts 1,5-10; Mt 22,34-40

O povo israelita foi formado pacientemente. Sendo conduzido pela pedagogia da Lei que lhe fora dada por Deus, programou para os relacionamentos humanos um alto nível ético-moral. Entre as muitas obrigações e proibições a serem cumpridas, estavam aquelas que diziam respeito aos estrangeiros, órfãos e viúvas, aos quais se deveria respeitar, sem lhes tirar proveito, pois desprezar um destes era sinal de desprezo de Deus. A primeira leitura (Ex 22,20-26) é um texto que foi redigido por volta do séc. XI a.C., no tempo dos juízes, e mostra a prática do amor concreto e cotidiano em relação a grupos humanos, vulneráveis e necessitados, e que testam a sinceridade e a autenticidade do amor ao próximo.

Paulo, na segunda leitura (1Ts 1,5-10) felicita os cristãos de Tessalônica que se converteram a Jesus Cristo e que estão aguardando o seu retorno imediato. Pede-lhes que imitem a Deus e ao apóstolo, a fim de tornar a fé credível em meio às dificuldades. Somente a fé no Deus vivo e verdadeiro permite esperar uma recompensa que venha dEle mesmo (a ressurreição de Cristo e a nossa, em Cristo) e perseverar até o fim. A fé no Deus vivo custa tribulações, mas são justamente as provações da vida por causa da fé, que arrancam a consolação espiritual. Por mais paradoxal que possa parecer, a fé e a palavra de Deus se propagam entre as pessoas através dos sofrimentos e provações. Se, hoje, almejamos um cristianismo light, de aparências, isso é certamente já o seu declínio e corrosão interna. Nunca houve cristianismo fácil e aprazível: prova disso é o que realmente convence as pessoas a darem a vida por algo que lhes dê sentido, ou seja, o cristianismo, em sua essência, é amor, mas não sem sacrifícios, renúncias e paciência...

O evangelista Mateus descreve as resistências dos judeus em relação ao Filho de Deus e à sua mensagem. O evangelho de hoje narra um desses momentos, desta vez com os saduceus. Orgulhosos e assentados sobre as próprias autossuficiências, os saduceus não querem aprender de Jesus, mas querem testá-lo para ver se sabe em que consiste o cerne da Lei de Deus, ou seja, qual o maior mandamento da Lei de Deus. Conforme os rabinos de então, a Lei divina desdobrava-se em 248 mandamentos e 365 prescrições de igual valor. A resposta de Jesus foi clara e incontestável: o maior mandamento é o amor a Deus, e o amor ao próximo tem o mesmo valor, o mesmo peso. No amor a Deus e no amor ao próximo está contida toda a lei e todo o ensinamento dos profetas. Sem o amor a Deus e sem o amor ao próximo, os outros mandamentos e proibições ficam vazios de sentido.

O amor a Deus e o amor ao próximo resume o espírito da Lei de Deus, pois ai está expressa a vontade de Deus. Amar o próximo é prova – demonstração – de que se ama a Deus. Não amar o próximo é prova – demonstração – de que não se ama a Deus. Quem não ama a Deus coloca-se ela mesma no lugar de Deus, deixando de lado o que Deus realmente deseja do próximo. Ninguém vive sem amar, mas na vida do amor é preciso libertar-se das amarras da subjetividade e da projeção. Há quem ame a si próprio nos outros. O amor verdadeiro tem muitas facetas: é desejo, é atração, mas sobretudo é encontro com alguém, de quem se aprende e se ensina, a quem revelamos e desde quem somos revelados em nossa essência, e, muitas vezes, desses encontros saímos transformados.

Não se pode amar a Deus sem amar o irmão. É contraditório dizer que se ama a Deus, permanecendo indiferente aos pobres, aos doentes, aos migrantes, aos marginalizados, aos excluídos, aos vizinhos e principalmente os familiares. Jesus veio ao mundo para revelar o amor de Deus pela humanidade, por isso fez de seu ministério público um momento de mil maneiras de amar: curou os doentes, resgatou a dignidade das crianças, das mulheres e dos pobres, perdoou pecadores, expulsou demônios, instruiu os que o seguiam, falou com clareza (sem meias-verdades) aos que o perseguiam, e por fim, como grande gesto de amor, aceitou ser rejeitado e morto. Uma vida de amor, de amor salvador, graças à qual aprendemos e imitamos o que é amar conforme Deus.   

Frei Nedio Pertile, OFMCap
Cuiabá, 23 de outubro de 2011

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Homilia dia (23/10/2011) “Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração”!


       LITURGIA -  XXX DOMINGO COMUM.
23 DE OUTUBRO DE 2011.
“Amarás o Senhor teu Deus de todo o coração”!
1.Introdução.
Como você vê ou considera os “Dez Mandamentos da Lei de Deus”? São uma imposição cultural ou são costumes antigos que se transformaram em leis! Neste caso, observá-los seria um sinal de atraso mental e cultural. O mundo “progrediu” e os “Mandamentos” ficaram os mesmos de antigamente! Quem consegue livrar-se deles, seria uma pessoa livre e, psicologicamente, amadurecida!
Napoleão Bonaparte, imperador da França, costumava dizer: “Um povo que não tem fé, não se governa. Fuzila-se!” Não exija a observância dos Mandamentos para quem não acredita em Deus! Os Mandamentos significam sabedoria e luz para o mundo, quando Deus é importante! Num mundo sem Deus, nem a guerra conserta!
Jesus proclama a “Lei do Amor”; onde existe um amor a Deus colocado acima de tudo e de todos, sobra espaço para a liberdade  e para o respeito ao próximo, especialmente, para o mais fragilizado!

2.Palavra de Deus.
Ex 22,20-26 – Deus se apresenta como o Libertador do Povo de Israel e, por isso, pode estabelecer normas de relacionamento social e comunitário. Não é a “lei do mais forte”, mas a “lei de um povo solidário”. Além disso, Deus é o protetor dos pobres, e tratá-los mal significa dar-se mal com Deus!
1Ts 1,5c-10 – Povo que primeiro abandonou os ídolos e se converteu ao Deus vivo e verdadeiro; agora, ele aguarda a volta do Senhor Jesus que nos “livra da ira futura”! Não é para esse mundo que acreditamos em Jesus; aguardamos dEle a liberdade e a alegria já neste mundo e, depois, no outro.
Mt 22,34-40 – Os inimigos de Jesus não se cansam de criar-lhe embaraços. Querem surpreendê-lo em algum erro! Mas, Jesus sempre tem uma resposta cheia de sabedoria. Nesta vez resume a imensa e complicada legislação dos fariseus em dois simples preceitos: Amar a Deus acima de tudo e de todos e amar ao próximo como a si mesmo! Toda a Lei está aqui! Quem ama, cumpre a Lei de Deus plenamente!

3.Reflexão.
·         Um mundo sem Deus é um mundo de confusão; nele manda quem é mais forte! Os  poderosos afirmam com  “Luiz XIV, rei da França”: “A lei é aquilo que me agrada!” Eles não têm leis para si mesmos; apenas, têm imposições para os mais fracos! À primeira vista, o mundo atual é  retrato perfeito de um mundo sem Deus! A guerra, a repressão e a vigência da “lei do mais forte” são os instrumentos próprios de um mundo sem Deus!
·         Os fariseus não estão à procura da verdade; querem, apenas, embaraçar  (criar dificuldades) a Jesus! Evidente, Jesus deu-lhes uma resposta simples, perfeita e completa: “Quem ama a Deus acima de tudo e de todos e ama a seu próximo como a si mesmo” está no caminho certo. Há, entre nós, muita gente  que não sabe de cor os Mandamentos, mas sabe amar a Deus e a seus irmãos. Esses são os verdadeiros santos que estão entre nós! Podemos e devemos imitá-los!
·         Não se crê em Deus para ficar rico neste mundo! Os tessalonicenses acreditaram no Deus vivo e verdadeiro e esperaram a volta do Senhor Jesus! Nós, também, acreditamos no Deus vivo e verdadeiro, queremos viver em paz nesta terra, mas esperamos a justiça perfeita das mãos do Senhor Jesus que voltará para manifestar todo sua glória e todo seu amor pelos pequenos!

“Vos nos dais os vossos preceitos e,
por isso, neles queremos firmar os nossos passos! (Sl 118,4-5)

Frei Carlos Zagonel.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Homilia dia (16/10/2011) “Devolvei o que é de Cesar a Cesar, e o que é de Deus,a Deus!”


LITURGIA – XXIX DOMINGO COMUM.
16 DE OUTUBRO DE 2011.

      “Devolvei o que é de Cesar a Cesar, e o que é de  Deus,a Deus!”
1.Introdução.
Pagar imposto ao Estado será coisa legal? Ou podemos sonegá-lo tranquilamente, sem pecar? Qual seria a resposta de Jesus, hoje, em nossa realidade brasileira? Pagar ou não pagar impostos que o Governo nos impõe a toda a hora e cada vez mais pesados?
Deixemos o Governo governar e que a Igreja cuide das coisas de Deus! Temos certeza que o ensinamento de Jesus não vai por este caminho. Deus deve ocupar sempre o primeiro lugar, e quem serve a Deus conhece direitinho quais são suas obrigações públicas e políticas. Não basta rezar e bater palmas! É necessário agir para que se cumpra a justiça de Deus em favor de todo o povo!
O Estado é uma instituição social e necessária; para usufruir de seus serviços, precisamos pagar os devidos impostos! Mas, o imposto é  preço de serviço; não serve para engordar o bolso dos ladrões!

2.Palavra de Deus
Is 45,1.4-6 – Deus se serviu de  Ciro, rei dos Persas, para dar liberdade ao Povo de Deus exilado e explorado na Babilônia. Ciro é o servo de Javé, ungido para libertar! Ele não conhece Javé e, sem querer, o torna conhecido em toda a terra. Deus é o senhor do universo e nós somos servos e administradores de seu poder!
1Ts  1,15b – A “Carta aos Tessalonicenses” é o documento mais antigo do Novo Testamento. Paulo alegra-se com o progresso na fé e na caridade, revelado na Comunidade de Tessalônica. Os cristãos desta cidade são um povo escolhido e ungido pela ação do Espírito Santo.
Mt 22,15-21 – Os inimigos de Jesus querem enredá-lo numa questão política: ou Ele fica contra o Estado (manda sonegar os impostos) ou contra o povo mandando pagar os impostos! Mas,Ele coloca as coisas no seu devido lugar: Deus em primeiro lugar e, depois, pagar os serviços que o Estado nos presta ou deveria nos prestar!

3.Reflexão.
·         Diz um autor: “As nações se agitam, mas é Deus quem as conduz!” O rei Ciro tinha uma estratégia militar e de conquistador, mas Deus serviu-se dele para libertar o Povo de Israel! O homem moderno julga-se “senhor do universo e de seu destino”, mas não se dá conta que Deus não renunciou ao seu Projeto de Salvação. Ele conduz o universo até o “Fim dos Tempos!”
·         E nós nos damos conta das vezes que “Deus escreveu direito através de nossas linhas tortas”? Nossa agitação não destrói o Plano de Deus! Ele nos conduz com sabedoria!
·         O Estado precisa dos impostos para cumprir o seu dever, mas não é o todo poderoso com direito de nos explorar e de nos roubar! E a Igreja não pode ficar quieta, rezado para que Deus salve nossa alma! Deus quer uma vida plena para todos os homens e, por isso, ela deve ser a “consciência crítica” das ações do Estado. Ele está sujeito à Ética escrita por Deus nos “Dez Mandamentos”! E ela precisa recordar-lhe o  dever de bem governar!
·         Dispensar Deus na vida pública é perigoso. Significa colocar uma raposa faminta num galinheiro. Ela come até as penas das pobres galinhas! Deus é necessário para um correto ordenamento da sociedade.
“Daí, pois, a Cesar o que é de Cesar e a Deus o que é de Deus!”

Frei Carlos Zagonel.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

APRENDA A DAR PRESENTES...


Três filhos saíram de casa, conseguiram bons empregos e prosperaram.
       Anos depois, eles se encontraram e estavam discutindo sobre os presentes que eles conseguiram comprar para a mãe, que já era bem idosa.
      O primeiro disse: 
- Eu consegui comprar uma casa enorme para nossa mãe.
      O segundo disse: 
- Eu mandei para ela uma Mercedes zerinho com motorista.
      O terceiro sorriu e disse: 
- Certamente meu presente foi melhor. Vocês sabem como a mamãe gosta da Bíblia, mas ela está praticamente cega e não consegue mais ler. Então mandei pra ela um papagaio marrom raro que consegue recitar a Bíblia todinha. Foram 12 anos de treinamento num mosteiro, por 20 monges diferentes. Eu tive de doar US$ 100,000.00 para o mosteiro,mas valeu a pena. Nossa mãe precisa apenas dizer o capítulo e versículo que o papagaio recita sem um único erro.
       Tempos depois, os filhos receberam da mãe uma carta de agradecimento pelos presentes:
"Marlon, a casa que você comprou é muito grande. Eu moro apenas em um quarto, mas tenho de limpar a casa todinha..."
"Maycon, eu estou muito velha pra sair de casa e viajar. Eu fico em casa o tempo todo e nunca uso o Mercedes que você me deu. E o motorista também é muito mal educado..."
"Querido Marvin, você  foi o único filho que teve bom senso pra saber que o que a sua mãe realmente gosta é de coisas simples.  Aquele franguinho estava delicioso, muito obrigada."

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Homilia dia (14.08.2011) A salvação de Deus não conhece fronteiras




A salvação de Deus não conhece fronteiras

XX Domingo do Tempo Comum – Ano A
Is 56,1.6-7; Sl 67(66); Rm 11,13-15.29-32; Mt 15,21-28

Reunidos em assembléia litúrgica, lembramos e proclamamos a graça da salvação do Deus Trino, oferecida a toda a humanidade. Esta graça, conforme o plano divino, centralizada em Jesus Cristo, nosso Redentor, por quem recebemos o Espírito Santo e no unimos ao Pai, é gratuitamente oferecida a quem a acolher com fé. Em seu transbordamento de amor eterno, “Deus, nosso Salvador, quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,4). Não é sem razão que, já no Antigo Testamento, o salmista, tateando em sua fé, o dom da salvação estendido além das fronteiras do povo hebreu, convida a louvar o Senhor do Universo, dilantando a sua bênção a todas as gentes: “Que todas as nações vos glorifiquem, ó Senhor. [...] Que na terra se conheça o seu caminho e a sua salvação por entre os povos” (Sl 67[66]). A liturgia, ao evocar o misterioso plano de salvação universal, nos faz proclamar que o Deus Amor preparou aos que o amam “bens que os olhos não podem ver” e que a prática da caridade nos faz ir “ao encontro das promessas divinas que superam todo desejo” (Oração do dia).

Dos caminhos da sabedoria e pedagogia divinas, desvela-se a predileção de Deus por um povo pequeno e sofrido, mas transformado em “luz das nações” (Is 42,6;49,6). Os profetas pressentem que a salvação de Deus não poderia ser exclusividade de Israel. A primeira leitura (Is 56,1.6-7), um oráculo profético pós-exílico, ao encher de esperança o povo sofrido recém retornado à sua pátria, aonde tudo deveria ser restaurado, convida os estrangeiros a se associarem aos judeus na prática da Lei e no culto do templo para participarem também eles da salvação. Para experimentar a salvação, não era mais preciso ser da etnia judaica, em contrapartida era necessário a fidelidade aos preceitos da Lei do Senhor, e assim o templo se tornaria “casa universal”: “Minha casa será chamada casa de oração para todos os povos” (Is 56,7).

Para realizar o plano divino da salvação universal, o Filho de Deus nasce, vive e trabalha em terras judaicas. O nosso Salvador, Jesus Cristo, compreende a si mesmo primeiramente como o Enviado “às ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mt 15,24) e que “a salvação vem dos judeus”, como havia declarado no diálogo com a samaritana (Jo 4,22). À época do ministério público do Senhor, havia o senso comum de que o povo judeu era o “filho predileto” de Deus, com conseqüente desprezo aos que não pertenciam à etnia judaica, considerados como “cachorros”. A este propósito, os mestres da lei ensinavam que “quem come com um idólatra é como alguém que come com um cachorro”. Jesus não se atém à distinção entre judeus e pagãos, superando o senso comum do desprezo aos de “fora” da etnia judaica. A pregação e a atividade de Jesus rompe as barreiras do puro-impuro, justo-pecador, bom-mau, bem como a pregação dos apóstolos depois da ressurreição do Mestre. Dentro das fronteiras do judaísmo, Jesus vai ao encontro dos publicanos e pecadores para oferecer-lhes a salvação, demonstrando e declarando-se amigo dos pecadores e publicanos. O evangelista Mateus mostra que os benefícios da salvação alcançaram também os não-judeus, como é o caso da cura do servo do centurião (Mt 8,5-13), a expulsão dos demônios entre os gadarenos (Mt 8,28-34) e a viagem ao território de Cesaréia de Felipe (Mt 16,13).

O evangelho deste domingo narra a cura da filha de uma mulher cananéia, na região de Tiro e Sidônia (Mt 15,21-28). O evangelista Mateus ressalta a fé e a coragem desta mulher estrangeira, tão profundamente angustiada e que chega a se humilhar até invocar o “Messias dos judeus”: “Senhor, Filho de Davi, tem piedade de mim: minha filha está cruelmente atormentada por um demônio!” (Mt15,22). A mulher não desiste da súplica nem mesmo diante do aparente silêncio de Jesus. A insistência da fé da cananéia é exemplo de fé para todos os que crêem em Cristo, como fazem nas assembléias ou individualmente. O aparente silêncio de Jesus representa o “silêncio de Deus” diante dos sofrimentos humanos. Somente uma grande fé pode vencer as resistências do mal. Muito embora os discípulos achassem incômoda a insistência da mulher estrangeira a ponto de pedirem que Jesus a mandasse embora (Mt 15,23), o próprio Jesus dá uma lição aos ciumentos discípulos, louvando a fé da mulher e atendendo o seu pedido: “’Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres!’ E a partir daquele momento sua filha ficou curada” (Mt 15,28). A cura da filha da cananéia mostra que a salvação de Deus não conhece fronteiras. Com efeito, após a ressurreição, os apóstolos recebem o mandato de levar o evangelho a todos os povos (Mt 28,19).

O apóstolo Paulo, tomado de zelo pelo anúncio da salvação cristã, a partir da missão recebida do Ressuscitado, vangloria-se de ser o “apóstolo dos gentios”: “E a vós, gentios, eu digo: enquanto apóstolo dos gentios, eu honro o meu ministério” (Rm 11,13). O apóstolo, como vimos domingo passado, não acredita que Deus excluiu os judeus do seu plano de salvação. A infidelidade dos judeus diante da misericórdia de Deus é parcial e temporária, por isso não universal e não definitiva, considerando que “são insondáveis os seus juízos e impenetráveis os seus caminhos” (Rm 11,33). Embora Paulo seja um cristão convicto, sobre cujas costas carrega a responsabilidade de levar a salvação cristã para fora das fronteiras do judaísmo, continua a considerar-se membro da etnia judiaca (“minha carne”), expressando a ela a sua solidariedade e provocando o “ciúme” para tentar salvar, pelo menos, alguns judeus (Rm 11,4). Sim, a salvação é oferecida aos judeus, mas também aos pagãos: “Não me envergonho do evangelho: ele é a força de Deus para a salvação de todo aquele que crê, em primeiro lugar do judeu, mas também do grego” (Rm 1,16). E, aconselha aos pagãos convertidos não se ensoberbecerem ou se vangloriarem porque acolheram o Salvador; compara-os aos ramos de uma oliveira selvagem enxertados numa oliveira doméstica (judeus), de cuja raiz e seiva se sustentam (Rm 11,16-24). No mistério e paradoxo de seu plano de salvação, diz Paulo: “Deus encerrou todos na desobediência para a todos fazer misericórdia” (Rm 11,32).

A lógica divina da salvação é a lógica da inclusão e da unidade. A história humana, no entanto, não é regida por esta lógica, como seria de se esperar a partir do projeto de salvação universal, retomado de geração em geração no decurso da história. As discriminações de ordem étnica, religiosa e econômica tendem a se reproduzir de geração em geração. Ainda hoje deparamo-nos com a ditadura ou imposição das diferenças, criando divisões e classificações, acompanhadas às vezes de intolerância e violência. O fenômeno das discriminações pervade os relacionamentos, mas não só, envenena o interior das pessoas, gerando atitudes excludentes e de superioridade. Por incrível que pareça, distando há dois mil anos da mensagem evangélica, repetida incansavelmente por zelosos pregadores, o ideal do único Deus e da fraternidade humana continua sendo um ideal a ser buscado. As experiências humanas não iluminadas pela fé acabam apagando a sede da experiência da salvação, e distanciando a própria vida de sua fonte. Quando as pessoas e a sociedade em seu conjunto perdem a direção do plano de Deus, a conseqüência é o extravio, a degeneração, a arbitrariedade e a irracionalidade.

Por mais que a história humana, marcada pelo pecado, tente a impor a lógica da divisão e da perdição (cultura de morte), cabe aos cristãos testemunhar um sadio otimismo e uma alegria profunda, fundamentada na graça da salvação, que compromete na salvação do mundo. Renovemos, por isso, cada dia, a fé e a esperança no amor salvador e gratuito de Deus, para alimentar a prática da caridade em favor de uma cultura de vida. Não nos cansemos de dizer ao nosso coração: “Faze o bem e evita o mal”, para que ele seja o mestre a nos guiar na busca do que realmente enobrece e dignifica a vida humana. Utilizemos o tempo da oração, mas também o tempo do trabalho e do lazer, o tempo dos passeios e das visitas, para não perder de vista que Deus quer nos salvar, não sozinho, mas conosco, que Ele reclama a nossa companhia e o nosso amor. Cooperemos com aquilo que o Espírito de Deus desperta em nossas consciências, seja para o bem das pessoas e o nosso próprio bem, seja para o louvor da glória do Nome de Deus. Nem o pecado, nem o desespero, nem a presunção, nem os “profetas das desgraças”, ou seja, nada e ninguém podem desfazer ou apagar a certeza que Deus escreveu em nossos corações: a participação no seu Reino de vida eterna, já vivido e experimentado, de alguma maneira, em nossa vida presente. Não apaguemos a sede da paz, a sede do verdadeiro amor, a sede da justiça, a sede da fraternidade, a sede da Beleza, a sede de Deus!

Frei Nedio Pertile,OFMCap.
Cuiabá, 11 de agosto de 2011
 

Homilia dia (14.08.2011) “Volvei para nós o vosso olhar!”


LITURGIA – XX DOMINGO COMUM.
14.08.2011.
“Volvei para nós o vosso olhar!”
1.Introdução.
Haverá salvação para todos os povos, independente da “religião” seguida? O Povo de Israel imaginava-se único herdeiro das “Bênçãos divinas”, e, no entanto, muitos desconhecidos e até inimigos de Israel foram objeto da salvação divina! Puderam erguer suas preces e realizar seus sacrifícios no Templo do Senhor. Embora exista a verdadeira Igreja de Jesus, o templo que Deus prefere é o do coração humano; é no íntimo de nosso coração que podemos adorar o verdadeiro Deus!
No Evangelho deste domingo, Jesus faz um milagre em favor de uma estrangeira e inimiga de Israel, uma cananéia! Exaltou sua fé e demonstrou que também os estrangeiros podem participar e comer na mesa do senhor, não na condição de cachorrinho que se alimenta de migalhas, mas de filho de Deus!
Deus conhece o coração humano. É no íntimo do coração humano que Ele faz sua morada e recebe um culto agradável! Com certeza, Deus, hoje, distribui com abundância sua graça no coração de muitos fiéis crentes, e a faz escassear no coração dos católicos acomodados!

2.Palavra de Deus
Is 56, 1.6-7 - Regressando do Exílio da Babilônia,Israel centraliza sua fé no Templo, na Lei e na Raça: Javé é o Deus dos judeus e suas promessas são exclusivas para o Povo judeu. Mas Deus garante que seu Templo será Casa de Oração para todos os povos! O Povo Israel custa engolir esta verdade!
Rm 11,13-15.29-32 – Paulo, Apóstolo designado para os gentios, se dá conta que estes já são mais numerosos que os judeus na Igreja de Jesus. Sua esperança é que funcione a lei do ciúme: os judeus se convertam por causa do grande número de gentios aderindo à fé em Jesus Cristo! Talvez, hoje, o crescimento dos crentes estimule o zelo e o retorno dos católicos à sua verdadeira Igreja!
Mt 15,21-28 – Jesus, solicitado pela mulher cananéia, procura induzi-la à verdadeira fé no Messias. Sua fé é humilde, insistente e confiante = “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como queres!” Para os Apóstolos ela era uma mulher incômoda; para Jesus, uma mulher cheia da verdadeira fé e iniciadora da adesão a Jesus da parte dos estrangeiros. Jesus não se importa com a “religião”, mas com o “coração” das pessoas!
3.Reflexão.
* Vivemos no meio de confusão muito grande no que diz respeito a crenças e religiões; cada qual reivindica sua veracidade! Será que Deus olha para as igrejas ou para o coração do ser humano? Com certeza, o coração é o templo preferido de Deus! Na conversa com a mulher cananéia, Jesus indica pormenores de sua pedagogia: Primeiro, induz a Cananéia para uma confissão de fé verdadeira no Messias judeu; e, em segundo lugar, valoriza a persistência, a humildade e a paciência. Não é qualquer “fé” que agrada a Deus! Ele nos revelou seu Filho, Jesus Cristo, e o constituiu Senhor, Salvador e Juiz! Longe do Jesus, revelado pelo Pai, não há salvação!
* Deus destinou à salvação todos os povos, independente de raça e de igreja! E a promessa de Deus não é anulada por causa de nossos pecados. Ela permanece. Basta voltar-se para Ele com a paciência humilde e a confiança persistente da mulher Cananéia!
* Mas será que o mundo de hoje deseja milagres de conversão ou a conversão de tudo em dinheiro, saúde e bem estar? O deus do mundo capitalista e de algumas igrejas mediáticas (de televisão) mais se parece com um “Baal /devorador” do que com Jesus Cristo, o Salvador!
* Cuide de seu coração; ele é o templo que Deus mais aprecia! Para a samaritana Jesus disse: “Deus procura adoradores em espírito e verdade!”(Jo 4,23).

“Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como queres!”
Frei Carlos Zagonel

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Homilia dia (07.08.2011) “Tende confiança, sou eu, não tenhais medo!” (Mt 14,27)

“Tende confiança, sou eu, não tenhais medo!” (Mt 14,27)

XIX Domingo do Tempo Comum – Ano A
1Rs 19a,9.11-13a; Sl 85(84); Rm 9,1-5; Mt 14,22-33

Cada vez que nos reunimos em assembléia litúrgica, comemoramos a presença de Deus no meio de nós e em nós. Lembramos os fatos salvíficos e passamos a contemplar também o espírito com o qual Deus vem até nós, por meio de sua Palavra, de seu Filho e de seu Espírito. O Deus transcendente e inacessível paradoxalmente não quer ficar longe de quem ama, ao contrário, quer ficar perto, tão perto, a ponto de querer ser nosso “hóspede”. E continua a nos falar da sua vida, do seu amor e da sua paz, como falou no passado com e por meio dos patriarcas, dos profetas e do próprio Filho, Jesus Cristo. E o nosso coração, ao ingressar no templo, se enche de uma sadia expectativa, como a do salmista: “Quero ouvir o que o Senhor irá falar: é a paz que ele vai anunciar. [...] O Senhor nos dará tudo o que é bom, à nossa terra nos dará as suas colheitas; a justiça andará na sua frente e a salvação há de seguir os passos seus” (Sl 85).

A primeira leitura (1Rs 19a,9.11-13a) narra duas experiências religiosas paradoxais do profeta Elias. Num primeiro momento, levado pela confiança e pelo zelo ao Deus único e verdadeiro, o profeta age com violência, invocando o fogo celeste e destruindo os falsos profetas no monte Carmelo (1Rs 18,20-40). Num segundo momento, cansado da violência, da perseguição sofrida e da fuga pelo deserto, refugia-se numa gruta no monte Horeb. Ali, algo inusitado lhe acontece: pensando que Deus se manifestasse por meio de sinais cósmicos de força – vento impetuoso, terremoto e fogo – como havia acontecido no passado de Israel (cf Ex 19), eis que Javé “passa” diante do profeta “no murmúrio de uma brisa suave” (1RS 19,12). A vocação profética impunha a Elias uma nova experiência: a suavidade da intimidade com o Deus ao qual servia, o que não lhe eliminava a firmeza e a dureza de suas palavras e ações proféticas. É por meio da palavra do profeta, acompanhada de ações, que Deus levará adiante o seu plano de purificação e salvação de seu povo.

O evangelho de Mateus (14,22-33) narra a travessia dos apóstolos no lago de Genesaré, logo após a multiplicação dos pães. Os apóstolos seguem sozinhos, de barco, e são surpreendidos por uma forte ventania e ondas altas que ameaçam afundar a barca. O medo toma conta deles. É nesta hora que o Filho de Deus, o Senhor do universo, “por quem e para quem foram feitas todas as coisas” (Jo 1,3), intervém, caminhando sobre as águas, fazendo cessar a ventania e serenando as águas revoltas, para serenar os apóstolos, tomados de medo. Os apóstolos, ainda incrédulos em relação ao Mestre, ao vê-lo caminhando sobre as ondas, pensam ser um fantasma, mas Jesus lhes desfaz o equívoco imediatamente e os convida à fé: “Tende confiança, sou eu, não tenhais medo” (Mt 14,26). Refeito do susto e do medo, o apóstolo Pedro quer imitar o Mestre, caminhando também sobre as águas, mas fraqueja em sua fé, e começa a afundar, merecendo a advertência do Mestre: “Homem fraco na fé, por que duvidaste?” (Mt 14,31). Ao testemunhar o senhorio de Jesus sobre a ventania e a água agitada, os apóstolos reconhecem a sua divindade: “Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus” (Mt 14,33).

Os povos antigos costumavam personificar as forças da natureza, por causa dos perigos a que os humanos eram submetidos em algumas situações. Conforme a mitologia de então, a qual parece refletir-se nas reações dos apóstolos pescadores, o mar era habitado por um monstro marinho, o Leviatã, e a tempestade representava a força do inimigo. O fato de Jesus caminhar sobre as águas  mostra então o poder divino sobre a sua criação: Deus reina sobre a terra, o mar e no fundo dos mares (Jó 9,8; 38,16; Sl 76 (77) 17-19; Is 43,16; Eclo 24,81). A barca, conforme a interpretação dos Padres, é a imagem da Igreja, ameaçada pelas forças de morte do mundo, mas que, com a presença do Senhor, navega com segurança entre águas agitadas, sem afundar.

A segunda leitura é um testemunho forte da preocupação e do amor do apóstolo Paulo  pelo povo israelita, que não acolheu Jesus Cristo e nem seu evangelho: “Tenho uma grande tristeza e uma dor incessante em meu coração” (Rm 9,2). Paulo reconhece que os judeus foram beneficiados pelo amor de predileção de Deus, aos quais concedeu muitos privilégios: “A eles pertencem a adoção filial, a glória, as alianças, a legislação, o culto as promessas e também os patriarcas, e dos quais descende Cristo, segundo a carne” (Rm 9,4-5). Paulo não diz meias verdades, e ao fazer isso não exagera porque crê na salvação também dos judeus, pois a salvação foi oferecida a eles primeiramente, depois aos gentios. Tamanho é o seu amor a Israel, de quem se sabe pertencente, que não teme ser excluído da salvação, se o seu testemunho os converter: “Quisera eu mesmo ser anátema, separado de Cristo, em favor de meus irmãos, de meus parentes segundo a carne, que são os israelitas” (Rm 9, 3-4).

O testemunho da presença de Deus “no murmúrio da brisa mansa”, para o profeta Elias, e a intervenção de Jesus de acalmar as ondas do lago de Genesaré, mostram-nos a imagem de um Deus que age pela via da serenidade, e não da violência ou do extraordinário ou do medo. As idéias e as imagens que forjamos de Deus nem sempre se harmonizam com a maneira pela qual Deus se fez conhecer. As imagens de Deus, forjadas pelos interesses humanos, podem levar as pessoas à descrença e até mesmo esconder o “rosto” de Deus. A história das religiões mostra o forjamento destas imagens, feitas sob medida humana. Infelizmente, muitos ainda procuram-nO aonde não O podem encontrar. A tentação da idolatria freqüenta até mesmo o culto. A Deus não se inventa, mas se O acolhe. Não lhe apraz atemorizar – como o Leviatã - a quem escolheu como seus filhos e filhas para amar, ao contrário, como Moisés exclamou, após renovar a aliança: “Iahweh! Iahweh... Deus de compaixão e piedade, lento para a cólera e cheio de amor e fidelidade” (Ex 34,6). Uma religiosidade baseada em práticas mágicas e comerciais, ou uma religiosidade baseada num tipo de dependência que destrói a liberdade e a criatividade  mais afasta do que aproxima do Deus verdadeiro.

Uma imagem forjada de Deus não condiz com a serenidade produzida pela vivência da sua Palavra. O coração da oração cristã é feito pela escuta e internalização da sua Palavra, aonde as imagens são purificadas e convertidas: “Seja feita a tua vontade” (Mt 6,10). Os ecos de sua Palavra nos fazem caminhar com segurança entre os escombros do mundo, o qual se afadiga na luta entre a verdade e a mentira, entre a vida e a morte. A presença de Deus nos faz navegar com segurança nos mares revoltos da vida exterior e da vida interior, pois “Ele é a nossa Paz” (Ef 2,14). Ele é como a água que nos refresca em dia de secura, é como a brisa que cobre de serenidade os vales e as montanhas, é como o sereno que umedece e verdeja em silêncio a natureza. Sim, na provisoriedade e nas contrariedades da existência humana, marcada pelo pecado e pela graça, pelas luzes e sombras, por tempestades e calmarias, a presença de Deus nos enche de certezas e de uma alegria indizível. Que o bom Deus nos dê “um coração de filhos para alcançarmos um dia a herança prometida” (Oração do dia), e que a comunhão eucarística “nos traga a salvação e nos confirme na vossa verdade” (Oração depois da comunhão).

Frei Nedio Pertile, OFMCap.
Cuiabá, 02 de agosto de 2011

Homilia dia (07.08.2011) “Como sopram os ventos de Deus?”


LITURGIA – XIX DOMINGO COMUM.
07.08.2011.
“Como sopram os ventos de Deus?”
1.Introdução.
O profeta Elias vive tempos de perseguição e violência. Ele extermina os sacerdotes de Baal, mas a rainha Jezabel promete vingar-se com a morte do profeta Elias! Este foge para o deserto e, deprimido, deseja morrer! Deus, porém, o convoca para uma audiência (conversa) na altura do Monte Horeb!
Jesus, por sua vez, compadecido com a multidão faminta, multiplica o pão e os peixes, caminha sobre as ondas, domina a tempestade do mar, permite a Pedro caminhar sobre as ondas do mesmo, mas assusta-se com a impetuosidade do vento e clama por socorro! Jesus lhe estende a mão e o salva... a ventania cessa e o mar entra em calmaria!
Parece que nos dois momentos temos duas linguagens de Deus: a ventania e a brisa mansa da montanha são duas mensagens divinas. Parece que Javé escolhe a mansidão como pedagogia pastoral, e domina, com uma simples ordem, a misteriosa violência do mar.
Os Apóstolos, prostrados, exclamam: “Verdadeiramente, tu é o Filho de Deus!”

2.Palavra de Deus.
1Re 19,9ª.11-13ª – O profeta Elias, fugindo de Jezabel, chega ao Monte Horeb onde aguarda a fala de Deus que não se manifesta na violência , mas na mansidão de uma simples brisa mansa. Nova linguagem de Deus! Por que Deus escolhe a brisa mansa como expressão de sua presença?
Rm 9,1-5 – O Apóstolo Paulo vive triste por causa da resistência do Povo judeu; ele ama tanto esse povo que aceitaria ser condenado em troca de sua salvação. O amor, quando verdadeiro, é sempre solidário até o sofrimento. Não existe amor descomprometido para Paulo, discípulo de Jesus!
Mt 14,22-33 – Para os antigos, o mar era moradia das forças infernais e a tempestade era uma de suas manifestações. Mas Jesus caminha sobre as ondas do mar e acalma a tempestade. É senhor do mar e de sua temível potência. Pedro não teve fé suficiente para enfrentar o mar! Invocou o socorro de Jesus!

3.Reflexão.
* A Bíblia gosta de símbolos e, muitas vezes, Deus se expressa em símbolos. Precisamos estar atentos para descobrir a linguagem de Deus. Elias, homem de oração, profeta fiel e zeloso, agiu com violência contra os sacerdotes de Baal. Matou a todos! Mas, agora, angustiado pela perseguição da rainha, e deprimido por causa de seu fracasso, deseja morrer! Mas, Deus o chama para uma conversa pessoal, lá no alto do Monte Horeb. Mostra-lhe duas coisas: 1- Deus prefere o caminho da mansidão e da suavidade paciente (aragem) e 2- Elias não é o único que mantêm fidelidade a Javé. Há muita gente boa por aí, basta ter paciência e olhar limpo para observar. Só em Damasco há cinco mil que não dobraram seu joelho diante de Baal!
* Jesus revelou sua divindade multiplicando o pão e os peixes (sinal já conhecido pelos Apóstolos) e pelo domínio sobre o mar e a tempestade. O homem nada pode contra estas forças (diabólicas, segundo a superstição). Mas, Jesus domina-as com uma simples ordem! Pedro, também, quis caminhar sobre as ondas (e quem não gostaria?)! Jesus salva Pedro e nos ensina que está sempre atento aos nossos “pedidos desesperados”! Ele tem poder de socorro! Por quê, você não grita por Jesus no meio dos perigos desta vida, deste mundo, como fez Pedro?
* O domínio da tempestade e do mar é mais uma linguagem simbólica de nosso Deus: Ele tem poder... Basta você gritar por socorro! Ou tem medo até de gritar e prefere afogar-se?


“Senhor, não desprezeis o clamor de quem vos busca!”

Frei Carlos Zagonel.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Feliz dia do Padre


Padre, pessoa de Deus
Porta voz de Jesus Cristo
Ser Padre é uma aventura
Viver entre espinhos e rosas
Sem nunca reclamar
Pronto a nos ajudar
Padre é aquele que perdoa
Que partilha os Sacramentos
Que anuncia a Boa-Nova
Que da massa é o fermento
Ser Padre é estar a serviço dos outros
Sem se preocupar com o tempo
Ser Padre é partilhar O pão que é Jesus
Alimenta com a palavra
Mostrando esta luz
Ser Padre: É ser alegre e otimista
É ser sal e luz
É ajudar o irmão
É sentir o peso da cruz
É ser filho de Deus
É ser irmão de Jesus!
Ser padre é ser “pai” de uma comunidade inteira. Como tal, ele é o homem da Palavra de Deus, da Eucaristia, do perdão e da bênção, exemplo de humildade, penitência e tolerância, o pregador e conversor da fé cristã. Enfim, é um comunicador e entusiasta da Igreja, que luta por uma vivência cristã mais perfeita.



sexta-feira, 29 de julho de 2011

Homilia dia (31.07.2011) “Todos comeram e ficaram satisfeitos!”



LITURGIA – XVIII DOMINGO COMUM.
31.07.2011.


“Todos comeram e ficaram satisfeitos!”
1.Introdução.
Alguns “profetas” disseram que o século XXI seria o “Século da incredulidade religiosa”! Pelo contrário, está se o “Século da fome e da sede de Deus!” Mas, no “Mundo da Comunicação instantânea”, é difícil descobrir o “rosto do verdadeiro Deus!” Muitos falam dele, mas poucos o conhecem!
Igrejas inúmeras e profetas sem conta falam de Jesus e de sua Igreja. Estamos literalmente tontos de tanta informação e, por incrível que pareça, estamos cada vez mais distantes do verdadeiro Deus de Jesus Cristo. É necessário voltar ao Evangelho, meditado em silêncio e oração para conhecer a Jesus.!
O Povo de Israel vivia no “Exílio da Babilônia”, inclinado a seguir os deuses de ouro dos poderosos; por isso, o profeta fala de “água pura e pão de qualidade oferecido de graça”! Não paga a pena abandonar o verdadeiro Deus e seguir os ídolos de seus opressores! O pão que eles oferecem não sacia e nem a água alivia a sede! Somente Javé, o verdadeiro Deus, sacia e sacia de graça! “Escutai-me... vinde a mim e comei com fartura do que é bom! Escutai-me e vivereis!” (Is 55,1-3).

2.Palavra de Deus.
Is 55,1-3 – O profeta recorda que não são os deuses da Babilônia que saciam a fome e a sede do povo exilado. Este deve procurar a Javé que o sacia com fartura de pão verdadeiro e de água viva oferecida de graça. Deus não esqueceu a aliança feita ao rei Davi: “Farei convosco uma aliança eterna!”
Rm 8,35.37-39 – Paulo nos recorda que apenas o amor divino e sangrento de Jesus: é nossa garantia. Ele derramou seu Sangue e morreu por nós; por isso, nada nos separa deste amor. É Jesus quem nos salva. Não são igrejas ou filosofias e nem Movimentos que nos salvam! Somente “o amor de Deus manifestado em Cristo Jesus nosso Salvador!” Ele e nada mais! E Ele nos salva de graça!
Mt 14,13-21 – Quando Jesus não é mais ouvido em Cafarnaum, não obstante os milagres, refugia-se no deserto onde os pobres e famintos o encontraram. Compadecido, cancela seu descanso e passa o dia a doutriná-los, cura seus enfermos e dá-lhes pão e peixe em abundância para comer. É o Messias esperado. Quem sacia os pobres é Deus; não são os ricos!
3.Reflexão.
* O Povo de Deus, além de ser explorado pelos poderosos, é tentado a seguir os deuses deles. São deuses de ouro, mas não saciam nem a fome e nem a sede do povo; por isso, o profeta reaviva a confiança em Javé que sacia a fome e a sede dos perseguidos gratuitamente. A salvação do pobre está em Deus!
* Paulo, em luta com seus adversários, recorda que somente o amor de Deus manifestado em Jesus Cristo, pode salvar-nos.Não há Lei que salve e nem circuncisão! E quem poderá afastar-nos dEle? A alegria do pobre é saber que Deus lhe quer bem e lhe reservou uma glória eterna e que ninguém pode roubar! Os pobres não têm recursos materiais para comprar a felicidade; ela é oferecida gratuitamente por Jesus Cristo, nosso Salvador! Como é maravilhoso nosso Deus!
* Os pobres não foram alimentados por Herodes e nem pelos sacerdotes; Jesus deu-lhes pão e peixe com fartura. Crer no poder de Jesus não nos dispensa de lutar em favor dos pobres e partilhar com eles o pão de cada dia. Jesus multiplicou o pão e o peixe, mas os apóstolos o distribuíram para os famintos: “Dai-lhe vós de comer... Ele deu o pão aos discípulos e os discípulos às multidões!” Devemos distribuir entre os famintos o pão recebido de Deus!


“Em vós esperam os olhos de todos!”
Frei Carlos Zagonel.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Homilia dia (24.06.2011) Deus revela os segredos do Reino aos pequenos!


LITURGIA DO XVII DOMINGO COMUM
24.07.2011.

Deus revela os segredos do Reino aos pequenos!
1.Introdução.
A vida humana parece feita de escolhas e de negociações: Salomão escolheu a sabedoria em vez da riqueza; o homem da parábola evangélica vende todos os seus bens para adquirir um campo que guarda escondido um tesouro. Escolha e negociação! Mas, qual seria a motivação e quais seriam os valores que se pretende alcançar ou realizar com esta escolha e negociação? Numa palavra, quais são os valores que regem nossa vida neste mundo? As escolhas e as negociações supõem valores espirituais ou materiais!
Deus tem seu desígnio (projeto) a respeito de cada criatura humana. Ele tem seu projeto, mas sua realização requer parceria com a criatura humana. Nós podemos frustrar o projeto de Deus com nossas escolhas e negociações! Infelizmente, podemos prejudicar o projeto de Deus a nosso respeito!


2.Palavra de Deus.
1Rs 3,5.7-12 – O jovem rei Salomão pediu sabedoria para bem julgar e governar em vez de riqueza para gozar! E Deus lhe concedeu sabedoria e riqueza, ao mesmo tempo. Foi o rei mais sábio de seu tempo. A tarefa de bem julgar é difícil para qualquer juiz humano. Ele precisa da sabedoria divina!
Rm 8,28-30 – Nós não somos “uma pedra” no caminho de Deus! Fomos chamados por Ele e predestinados a nos tornar semelhantes a seu Filho, participando de sua natureza divina... “predestinou (os homens) a serem conformes à imagem de seu Filho”. Deus predestina, chama,justifica e, por fim, glorifica! Este é o nosso maravilhoso Deus e Salvador! Como não amá-lo e escutar a sua voz?
 Mt 13,44-52 – Jesus continua a catequese a respeito do Reino de Deus.Antigamente era comum esconder tesouros debaixo da terra. A parábola de Jesus serve-se deste fato para esclarecer o valor do Reino de Deus. Para adquiri-lo, paga a pena vender tudo, desfazer-se de tudo!... O tesouro escondido não é ouro e nem prata! É o Reino de Deus! Mas o Pai celeste precisa revelar-nos o valor do Reino para termos a coragem de vender tudo e adquiri-lo! Como o rei Salomão, precisamos pedir a sabedoria!....


3.Reflexão.
* A sabedoria é uma das virtudes necessárias para apreciar o Reino de Deus; sem esta virtude, preferimos a riqueza e a glória humana! Salomão em sua juventude, ainda, inexperiente, pediu sabedoria. Parece que nossos homens públicos não pensam na sabedoria de Deus, mas na astúcia dos negócios que aumentar a sua riqueza material que o tempo enferruja!
* Sem crer na Palavra de Deus que anuncia o Reino não pensamos em sabedoria de governo e de justiça em favor do Povo, a quem nossos homens públicos representam! Esperar justiça da parte de quem não tem e não pratica uma fé verdadeira na Palavra de Deus, é tempo perdido!
* Reflitamos sobre as Parábolas de Jesus: Quais seriam os bens a vender para adquirir o campo que esconde um precioso tesouro? O tesouro é o Reino de Deus, mas, e os bens, quais seriam? Evidentemente, são valores, mas os valores do Reino e os valores do Mundo não somam. São água e azeite que não misturam!
* Mas Deus não desanima; pelo contrário, colabora, coopera com a criatura humana predestinada a participar da divindade de seu Filho Jesus. Ele nos quer filhos seus de verdade! Nascidos de seu amor!


“Eu te louvo, ó Pai (...) porque revelaste os teus segredos aos pequeninos!” (Mt 11,25)


Frei Carlos Zagonel.



terça-feira, 19 de julho de 2011

Evangelho de hoje (19.07.2011) Mateus 12, 46-50

Puxa Saco1 Evangelho de hoje (19/07/2011) Mateus 12, 46 50
Quando Jesus ainda estava falando ao povo, a mãe e os irmãos dele chegaram. Ficaram do lado de fora e pediram para falar com ele. Então alguém disse a Jesus:
- Escute! A sua mãe e os seus irmãos estão lá fora e querem falar com o senhor. Jesus perguntou:
- Quem é a minha mãe? E quem são os meus irmãos? Então apontou para os seus discípulos e disse:
- Vejam! Aqui estão a minha mãe e os meus irmãos. Pois quem faz a vontade do meu Pai, que está no céu, é meu irmão, minha irmã e minha mãe.
Bíblia Sagrada – Nova Tradução na Linguagem de hoje – Ed. Paulinas
Bom dia!
Bem a frente desse momento, outra situação obrigou a Jesus ter “um mesmo peso”. Todos devem lembrar quando dois dos seus discípulos pediram para sentar-se um a sua direita e outro a sua esquerda e o Senhor pacientemente os exortou a respeitar a divina escolha e ao divino tempo.

“(…) Nisso aproximou-se a mãe dos filhos de Zebedeu com seus filhos e prostrou-se diante de Jesus para lhe fazer uma súplica. Perguntou-lhe ele: Que queres? Ela respondeu: Ordena que estes meus dois filhos se sentem no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda. Jesus disse: Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu devo beber? Sim, disseram-lhe. De fato, bebereis meu cálice. QUANTO, PORÉM, AO SENTAR-VOS À MINHA DIREITA OU À MINHA ESQUERDA, ISTO NÃO DEPENDE DE MIM VO-LO CONCEDER. ESSES LUGARES CABEM ÀQUELES AOS QUAIS MEU PAI OS RESERVOU”. (Mateus 20, 20-23)

Humano e ao mesmo divino, Jesus poderia privilegiar os seus, mas deixava claro que sociedade esperava que nascesse após a divulgação pública da Boa Nova: Uma sociedade justa e longe das prevaricações. Essa talvez tenha sido uma das “bandeiras” defendidas por Jesus que mais incomodavam aos doutores da lei: OS PRIVILÉGIOS!
Sem dúvida que o maior dos privilégios (ou quereres) a ser enfrentado era o individual, pois por instinto, precisamos antes de tudo pensar primeiro em nós e em seguida nos outros.
Esse ato humano e natural vem à tona no sofrimento do Senhor no horto das oliveiras, mas a Sua missão divina o move a continuar no caminho. Quem de nós pensaria primeiro nos outros em detrimento ao meu querer? Jesus descarta o seu privilégio divino e se oferece por sua criatura. Estudiosos, inclusive os mais céticos, afirmam que Jesus era divino visto que andava na “contramão” do raciocínio lógico que possuímos.

“(…) O olhar de Cristo esconde nas entrelinhas complexos fenômenos intelectuais e uma delicadeza emocional. Mesmo no extremo da sua dor ele se preocupava com a angústia dos outros, sendo capaz de romper o instinto de preservação da vida e acolher e encorajar as pessoas, ainda que fosse com um olhar… Quem é capaz de se preocupar com a dor dos outros no ápice da sua própria dor? Se muitas vezes queremos que o mundo gravite em torno de nossas necessidades quando estamos emocionalmente tranqüilos, imagine quando estamos sofrendo, ameaçados, desesperados”. (Augusto Cury – Mestre dos mestres)

Nosso raciocínio lógico também se mostra convincente quando ao sermos perseguidos, desistimos. Sim! Ninguém é obrigado a sofrer, mas de que vale desistir sem lutar? Quais são os verdadeiros motivos que me fazem continuar? Será que os motivos são os melhores pequenos ao ponto de serem descartáveis?
Muitos dos que desistem de algo foi por que entrou na luta pelos motivos errados. Por exemplo quando luto pra ser chefe, por uma promoção E NÃO TENHO TER LASTRO OU CONHECIMENTO PARA TAL FUNÇÃO; quando quero ser reconhecido numa função que fica por detrás das cortinas e não no palco; quando quero aplausos pelo meu lindo canto ou por minha linda pregação, se na verdade minha verdadeira função era passar desapercebido para deixar que as pessoas  vissem o Cristo e não a mim…
Motivos justos nos motivam a perseverar, os “quereres” são descartáveis. É claro que existe aquilo que esta além das nossas forças, mas isso é um tema para outra reflexão
Quem por ventura exerce uma liderança profissional, social ou comunitária, quais os motivos que o levaram a assumir essa função? Quem há muitos anos “NÃO LARGA O OSSO” e não treina substitutos, o que desejas com isso? Perpetuar-se? Isso se chama tirania e não democracia.
Em meio ao sofrimento do horto, das confusões, dos desentendimentos, optaríamos em continuar? Na semana que Jesus fala dos “fardos” Ele nos convida a refletir: quantas coisas abracei apenas por vaidade?
Outra coisa que precisamos repensar é o tratamento desigual que damos as pessoas em troca de interesses. Por que temos a triste mania de tratar bem aqueles que tenho algum interesse? Será que a copeira não deve ter o mesmo tratamento do diretor?
Por estarmos num ambiente chamado igreja, deveríamos entender que lá seria um dos poucos lugares no mundo onde não deveriam ter diferenças de tratamento, pois para Deus somos todos iguais. O que doou cerveja e refrigerante para a festa do padroeiro deveria ter o mesmo tratamento gentil daquele que doa suas duas moedinhas no ofertório, pois o motivo que trouxe o simples de coração a aquele local foi idêntico a mulher que enxugava os pés de Jesus com os cabelos

“(…) Meus irmãos, na vossa fé em nosso glorioso Senhor Jesus Cristo, guardai-vos de toda consideração de pessoas. Suponde que entre na vossa reunião um homem com anel de ouro e ricos trajes, e entre também um pobre com trajes gastos; se atenderdes ao que está magnificamente trajado, e lhe disserdes: Senta-te aqui, neste lugar de honra, e disserdes ao pobre: Fica ali de pé, ou: Senta-te aqui junto ao estrado dos meus pés, não é verdade que fazeis distinção entre vós, e que sois juízes de pensamentos iníquos? Ouvi, meus caríssimos irmãos: porventura não escolheu Deus os pobres deste mundo para que fossem ricos na fé e herdeiros do Reino prometido por Deus aos que o amam? Mas vós desprezastes o pobre! Não são porventura os ricos os que vos oprimem e vos arrastam aos tribunais? “. (Tiago 2, 1-6)

Deixo ao fim a reflexão proposta pelo site da CNBB

“(…) Jesus não quer que nós sejamos seus servos, pois o amor que ele tem por nós não permite isso. O apóstolo São João nos diz no seu Evangelho que Jesus não chama os seus seguidores de servos, mas de amigos, porque lhes revelou tudo o que o Pai lhe deu a conhecer. Mas no Evangelho de hoje, Jesus vai mais além, ele nos mostra que quer que todos os que ele ama e o amam sejam membros da sua família, participem da sua vida divina. Para demonstrar o amor que temos por Jesus, não basta apenas afirmar o amor que se sente por ele, é preciso ir além, é preciso conhecer e realizar a vontade do Pai. Somente quem faz a vontade do Pai ama verdadeiramente a Jesus, torna-se membro da sua família e participa da sua vida”.

Um imenso abraço fraterno.