segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Homilia dia (27/02/2011) “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo” (Mt 6,35)


VIII Domingo do Tempo Comum – Ano A
Is 49,14-15; Sl 62(61); 1Cor 4,1-5; Mt 6,24-34

Confiar em Deus é um teste para o orgulho humano. Tanto a história do povo eleito quanto à história individual que cada fiel atravessa, com frequência, a provação da confiança na Providência divina. O apego às seguranças humanas e às suas preocupações excessivas não se harmoniza com as pretensões divinas.

A primeira leitura (Is 49,14-15) faz ressoar aos nossos ouvidos palavras muito belas e profundamente consoladoras de Deus ao povo eleito, que vive no exílio. A perda da terra e da liberdade é uma experiência amarga, difícil de aceitar. O exílio é um ambiente de vida desesperador; o exilado vive a experiência do abandono, a ponto de perder a confiança no poder de Deus de reconduzi-lo à pátria: “O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-se de mim” (Is 49,14).

Para reanimar a confiança na realização das promessas divinas, o profeta começa argumentando com as obras do poder do Deus único e verdadeiro: “Não há outro Deus fora de mim” (Is 45,21). Com efeito, Israel fora escolhido, modelado e resgatado por Iahweh, o Deus criador do mundo e libertador de seu povo (Is 44-45). O profeta contrapõe a verdade de Deus e a de suas obras à nulidade dos ídolos e dos que os fabricam. Os que fabricam ídolos “nada sabem, nem entendem, porque os seus olhos são incapazes de ver e os seus corações não conseguem compreender” (Is 44,18). Só depois disso, o profeta apela ao amor terno de Deus, comparado ao da mãe para com seu filho: “Acaso pode a mulher esquecer-se do filho pequeno, a ponto de não ter pena do fruto do seu ventre? Se ela se esquecer, eu, porém, não me esquecerei de ti” (Is 49,15).

O traço maternal do amor de Deus pelo seu povo é “talvez a expressão mais tocante do amor divino em toda a Escritura” (Carol Stuhlmueller). Não é por acaso que o evangelista João reconhece no amor divino o maior mistério da revelação: “Deus é Amor” (1Jo 4,16), e transfere este amor à paternidade de Deus: “Deus tanto amou o mundo que entregou o seu Filho único” (Jo 3,16). O amor de Deus supera o amor da mãe. A mãe pode esquecer o seu filho, mas Deus, que nos criou não nos esquece: “Eu te modelei, tu és o meu Servo, Israel, tu não serás esquecido” (is 44,21).

O fato de Deus nos criar e não nos esquecer não pode ser entendido de maneira mágica, no sentido de nos dispensar das responsabilidade por achar que a Deus compete solucionar todas os problemas da existência humana. A confiança no amor providente de Deus não dispensa a nossa cooperação. Deus não nos substitui no que nos compete. É verdade que a vida cristã é uma vida sob a força da graça, dos dons, dos talentos e capacidades que o Criador implanta em nós, mas com o compromisso de fazê-los frutificar, e de, um dia, prestar contas a Ele daquilo que recebemos: “Aquele que muito se deu, muito será pedido, e a quem muito se houver confiado, muito será reclamado” (Lc 12,48); “Ó Deus... fazei que os vossos dons, nossa única riqueza, frutifiquem para nós em prêmio eterno” (Oração das Oferendas).

O evangelho deste domingo continua os ensinamentos do Sermão da Montanha em que Jesus apresenta a “nova lei” e o novo modo de vida para os cristãos, regido pelo amor irrestrito, incondicional, à imitação do amor de Deus. Talvez alguém ao ouvir o ensinamento de Jesus -  “... não vos preocupeis com a vossa vida, com o que havereis de comer ou beber; nem com o vosso corpo, com o que havereis de vestir...olhai os pássaros do céu... olhai os lírios do campo” (Mt 5,25-28) – possa interpretá-lo como incentivo à acomodação, à ociosidade, à indolência, ao viver na “sombra e água fresca”, ficando de braços cruzados no aguardo de que as coisas caiam prontas do céu. Não! Jesus não está pregando a despreocupação, nem a desocupação, e muito menos a fuga ou a transferência das próprias responsabilidades. Jesus prega, sim, a “pré-ocupação”, o desejo-mestre de todas as ocupações do cristão, que é a busca da vontade de Deus, e nisto toca o cerne da vida cristã: “Buscai em primeiro lugar o reino de Deus e sua justiça” (Mt 5,33).

Jesus combate a “preocupação excessiva e ansiosa” em relação aos bens materiais, em detrimento do valor da pessoa. Este tipo de preocupação, que é bem mais do que simplesmente pensar e planejar, é uma espécie de “solicitação” (atração sedutora) que produz uma fidelidade dividida e termina numa concentração excessiva em bens materiais: “Ninguém pode servir a Deus senhores: pois ou odiará um e amará outro, ou será fiel a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Mt 6,24).

Os bens materiais têm o seu devido valor, ninguém duvida disso. Alimento, bebidas, vestimentas: é disso que Jesus está falando, porém, mais importante do que estes é a pessoa, a qual merece mais atenção do que os bens externos: “A vida não vale mais do que o alimento, e o corpo mais do que a roupa?” (Mt 6,25). O problema é quando os bens exteriores se tornam uma “preocupação obsessiva”, o que nos assemelha aos pagãos, cujo único interesse é acumular bens terrenos: “Os pagãos é que procuram essas coisas” (Mt 6,32). Os cristãos devem focalizar a sua “pré-ocupação” em algo mais importante: o reino de Deus, pois dessa maneira Deus garantirá as coisas necessárias aos que trabalham para obtê-las.

“Olhai os pássaros do céu...” (Mt 6,26). Os pássaros mostram uma atitude sábia em relação aos alimentos. Assim como o passaredo, o ser humano não está dispensado de procurar obter o seu alimento. Falando a pessoas simples, que conheciam o modo de sobrevivência das aves, Jesus não recomendou abandonar o trabalho, e muito menos a indolência. O apóstolo Paulo, que trabalhava diuturnamente “para não ser pesado a ninguém”, garantindo assim o seu auto sustento, adverte os cristãos de Tessalônica sobre o dever de trabalhar para obter o “pão justo”: “Quando estivemos entre vós, já vos demos esta ordem: quem não quer trabalhar também não há de comer. Ora, ouvimos dizer que alguns dentre vós levam vida à-toa, muito atarefados em nada fazer. A estas pessoas ordenamos e exortamos, no Senhor Jesus Cristo, que trabalhem na tranquilidade, para ganhar o pão com o próprio esforço” (2Ts 3,10-12).

Viver ocupados? Sim! Se houver preocupação, esta não deve ir além do trabalho necessário para garantir a sobrevivência. É isso que Jesus ensina com o exemplo dos pássaros. As coisas necessárias à existência continuarão sendo sempre necessárias, já o acúmulo de bens não é sabedoria, pois o aumento da riqueza não prolonga a vida de ninguém. De que adianta uma vida longa regida pelo egoísmo? A busca da vontade Deus nos torna livres, capazes de discernir o que tem valor, e que por isso deve ser mantido, e o que não tem valor, e por isso deve ser deixado de lado: “Discerni tudo e ficai com o que é bom” (1Ts 5,21). A confiança em Deus guia o nosso discernimento a ver “além das aparências”.

Ocupar-se com as coisas do Reino de Deus! Este tipo de ocupação é um combate aberto contra a mentalidade crescente da “aposentadoria” e da desresponsabilização. Cresce, hoje, o fenômeno da ociosidade: pessoas que não querem trabalhar, nem sequer para garantir a própria sobrevivência. A ocupação da vida em ganhar o  próprio pão e em fazer o bem aos outros, sob as mais variadas formas, é salvífica e medicinal, pois nesta atividade de doação a pessoa se realiza vocacionalmente no amor e se protege de doenças físicas e espirituais, que adviriam se não houvesse a ocupação.

Chamado a uma vocação especial, o apóstolo Paulo não temeu confiar-se inteiramente a Deus: “Tudo posso naquele que me fortalece” (Fl 4,13). Ciente de que toda a sua história pessoal foi regida pela graça de Deus, Paulo fala da autenticidade do seu ministério. Ele não se considera dono da comunidade por ele fundada, mas “servo” e “ministro”, “administrador dos mistérios de Deus” (1Cor 1,4). A vocação do apóstolo exige fidelidade ao ministério, dedicação aos interesses de Quem o escolheu e o preparou. A fidelidade ao ministério, entretanto, não está submetida ao julgamento de ninguém, nem de “tribunal humano”, mas somente Deus poderá julgar o apóstolo: “Quanto a mim, pouco me importa ser julgado por vós ou por algum tribunal humano. Nem eu me julgo a mim mesmo. É verdade que a minha consciência não me acusa de nada. Mas não é por isso que eu posso ser considerado justo. Quem me julga é o Senhor” (1Cor, 4,3-5).

Não é fácil confiar em Deus. Há quem prefira ancorar-se em seguranças humanas à busca sincera do querer de Deus. Fiar-se é uma questão de sobrevivência, de vida ou morte. Quando a vida perde o seu rumo, o seu foco principal, poderemos trabalhar incansavelmente e realizar grandes empreendimentos, no entanto, as preocupações imediatistas se tornarão um substitutivo do essencial, e nos escravizarão em suas próprias tramas. Não é só o dinheiro que desnorteia a vida humana, mas também outros ídolos, como a aparência (autoimagem), o cargo, o consumo, os bens materiais, o poder, a comida, a bebida, o prazer, etc. Num mundo que prega a felicidade nas aparências exteriores, fica difícil buscar a felicidade nas coisas invisíveis e essenciais. É possível, então, que devamos redirecionar a confiança para reancorar nossas certezas, e, assim, com o salmista, chegar a confessar: “Só em Deus a minha alma tem repouso, dele vem a minha salvação (...). Só em Deus, ó minha alma, repousa, deve vem a minha esperança (...). Confiai nele, ó povo, em qualquer tempo, derramai vosso coração em sua presença, pois Deus é um abrigo para nós” (Sl 62[61], 2.6.9).

Nedio Pertile, Ofmcap.
Cuiabá, 25/02/2011

Homilia dia 27/02/2011 “Eu não te esquecerei jamais!”


LITURGIA – 10.
8o Dom. Comum – 27.01.11.
“Eu não te esquecerei jamais!”
1.Introdução.
No Evangelho, Jesus manda contemplar os lírios do campo que não se matam de tanto trabalhar e, não obstante isso, Deus os veste de maneira tão maravilhosa!... e acrescenta: “Se Deus age assim com eles, o que não fará por vos?!”
Deus cuida de nós, mas não dispensa nosso esforço para garantir o próprio sustento! Ele não quer cristãos preguiçosos e nem preocupados em demasia com o bem-estar material. Deus sabe de tudo o que precisamos para viver com dignidade e tranqüilidade. Basta colocar Deus em primeiro lugar, o resto virá de acréscimo! Manter-se ocupados, sim; de forma alguma, preocupados como se Deus não existisse! Esta seria uma atitude própria de pagãos que não têm fé!

2.Palavra de Deus.
Is 49,14-15 - O Povo de Israel, sofrendo no exílio as conseqüências de seus pecados, pensou que Deus o havia abandonado: “O Senhor se esqueceu de mim!” Mas, o profeta buscou no amor materno o símbolo da fidelidade divina. Israel foi gerado por Deus; não pode ser esquecido um filho nascido de suas entranhas!
1Co 4,1-5 – Tudo o que possuímos, de alguma maneira, o recebemos do Senhor; por isso, convém sermos agradecidos e generosos e fiéis no serviço aos irmãos. E Deus, que conhece o nosso coração, nos dará o devido louvor na hora oportuna! Servir com alegria e generosidade à comunidade, com certeza, é uma bela maneira de ser agradecido a Deus!
Mt 6,24-34 – Nem angustiados e nem despreocupados, mas bem focados no essencial: o  Reino de Deus! O Deus que cuida das aves e das flores, com maior delicadeza, cuidará de seus filhos! Com certeza, para Ele valemos muito mais que uma flor que o sol seca até o final da tarde: “Deus fará muito mais por nós se tivermos fé em sua Providência!” (Mt  6,30).

3.Reflexão.
Diz um provérbio: “Não fale que você tem um grande problema, mas que você crê num grande Deus!”
·         A serenidade na vida cotidiana, quase sempre, depende da fé que temos em nosso coração! Não sejamos cristãos de pouca fé: Deus que nos criou com amor e que nos redimiu com o Sangue de Jesus, cuida de nós. Diz o salmista: “Põe tua confiança no Senhor e Ele cuidará de ti” (Sl 40).
·          Jesus não queria chamar nossa atenção para contemplar a beleza efêmera do lírio, mas para o carinho e o amor divino por sua criatura humana; portanto, cuidemos das coisas do Senhor  -  do Reino de Deus  -  e Ele cuidará (e muito bem) de nós. Um homem sem fé, com certeza, não é plenamente feliz! Melhor é confiar no Senhor do que por na própria inteligência e no próprio trabalho a segurança de nossa vida; pois Deus dá de seu pão aos seus filhos mesmo quando dormem (Sl 127).
·          Além do mais, porque amontoar riqueza se nada levamos desta vida a não ser o bem que praticarmos confiantes na promessa divina? Recordemos a admoestação que o Senhor Jesus nos fez na parábola do fazendeiro que construiu novos celeiros para armazenar a superprodução com a certeza de se divertir e descansar (Lc 12,18-21)! Deus lhe pediu a alma na mesma noite!
·          Paulo nos recorda a condição de simples administradores dos bens de Deus em favor do Povo de Deus; sejamos fiéis, generosos e agradecidos, pois, Deus nos enriqueceu para servir!

“Quero celebrar o Senhor e cantar-lhe salmos
Por todo o bem que Ele me fez!”

 Frei Carlos Zagonel

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Feliz aniversário Frei Alceu 23/02


Um momento especial de renovação para sua alma e seu espírito, porque Deus, na sua infinita sabedoria, deu à natureza, a capacidade de desabrochar a cada nova estação e a nós capacidade de recomeçar a cada ano.
Desejamos a você, um ano cheio de amor e de alegrias.
Afinal fazer aniversário é ter a chance de fazer novos amigos, ajudar mais pessoas, aprender e ensinar novas lições, vivenciar outras dores e suportar velhos problemas.
Sorrir novos motivos e chorar outros, porque, amar o próximo é dar mais amparo, rezar mais preces e agradecer mais vezes.
Fazer Aniversário é amadurecer um pouco mais e olhar a vida como uma dádiva de Deus.
É ser grato, reconhecido, forte, destemido.
É ser rima, é ser verso, é ver Deus no universo;
Parabéns a você nesse dia tão grandioso.
Autor: Desconhecido 

Obrigado por fazer parte da nosso missão de evangelizar! 
Ministros Extraordinários Paróquia Nossa Senhora Aparecida

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Evangelho de hoje (22/02/2011) Mateus 16, 13-19

Jesus foi para a região que fica perto da cidade de Cesaréia de Filipe. Ali perguntou aos discípulos:
- Quem o povo diz que o Filho do Homem é? Eles responderam:
- Alguns dizem que o senhor é João Batista; outros, que é Elias; e outros, que é Jeremias ou algum outro profeta.
- E vocês? Quem vocês dizem que eu sou? – perguntou Jesus. Simão Pedro respondeu:
- O senhor é o Messias, o Filho do Deus vivo.
Jesus afirmou:
- Simão, filho de João, você é feliz porque esta verdade não foi revelada a você por nenhum ser humano, mas veio diretamente do meu Pai, que está no céu. Portanto, eu lhe digo: você é Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e nem a morte poderá vencê-la. Eu lhe darei as chaves do Reino do Céu; o que você proibir na terra será proibido no céu, e o que permitir na terra será permitido no céu.
 Bíblia Sagrada – Nova Tradução na Linguagem de Hoje
Bom dia!
Hoje a igreja celebra e recorda a confissão de Pedro. Começamos nossa reflexão com a pergunta feita por Jesus aos seus: “(…) E vocês? Quem vocês dizem que eu sou”?
Quem é Jesus para mim? O que ele representa? O quanto do seu ensinamento e mensagem é usado em meu dia-a-dia em minhas decisões e ações?
Sobre esse homem turrão e difícil Jesus edifica o futuro da sua mensagem e daqueles que o conheceriam no futuro. Sobre ele e sobre suas limitações foi edificado um projeto/; Cuidar do rebanho que careciam de pastor. Jesus delega a esse homem cheio de falhas a missão de regatar aos que fugiram ou andam perdidos.
Reparem o que diz a primeira leitura:

“(…) Sede pastores do rebanho de Deus, confiado a vós; cuidai dele, não por coação, mas de coração generoso; não por torpe ganância, mas livremente; não como dominadores daqueles que vos foram confiados, mas antes, como modelos do rebanho”. (I Pedro 5, 2-3)

Quantos de nós também temos tantas falhas e mesmo assim Jesus nos impetra projetos e sonhos? Quantas pessoas são colocadas em nossa vida para que zelemos sem mesmo sabermos tomar conta das nossas próprias vidas? Quantas comunidades, pastorais e movimentos são conduzidos por pessoas tão simples, limitadas e geniosas, quando naturalmente esperávamos que houvessem inteligentes, capacitados e doces?
Deus ainda suscita PEDROS em meio ao povo. Pessoas que com ajuda de Deus “levam comunidades nas costas”; que cantam, tocam, coordenam, discutem, programam e ainda tem tempo pra família e não faltar a missa de domingo. Pessoas que talvez não tenha formação acadêmica, mas foram outorgados por Deus com o cajado do pastor…
Não duvidem que após tamanha confiança tenha batido aquele “friozinho na barriga” desse homem tão calejado e vivido e tanto que isso é verdade que após a morte do seu mestre, ele e os outros se escondem até a vinda do paráclito consolador em pentecostes. A missão de Pedro inicia quando ele responde, mas se reafirma quando após cada deslize, medo ou fraqueza, repleto do Espírito Santo, resolve continuar.
Talvez a missão de levar a Boa Nova não tenha sido tão árdua como a de pastorear o rebanho; talvez continuar guardando a fé não tenha sido tão dura quanto a missão de manter a esperança acessa,
Ele não foi chamado a desbravar o mundo como Paulo e sim ser um ponto de referencia, um pilar, um farol, um alicerce para todos que estavam levando a mensagem e aqueles que davam seus primeiros passos nesse mar de tranqüilidade chamado Jesus, Após pentecostes Pedro chama pra si a responsabilidade que lhe foi confiada, errando e acertando manteve-se de pé até o fim de sua vida.
Somos chamados a também pastorear e como Pedro, e como Ele também nos é outorgado a missão de libertar os cativos, curar os doentes, anunciar o evangelho a toda criatura… Sim, é outorgado sobre todos nós, mesmo sendo turrões, teimosos, repletos de falhas.
A exemplo desse homem, somos a cada dia questionados sobre quem é Jesus para nós, e o que respondemos? O que será que nossa voz sussurra e que nossa vida e ações gritam?
Pegando um pequeno gancho do evangelho de domingo passado: “(…) Porque, se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? E se saudais somente os vossos irmãos, o que fazeis de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito”.
São Pedro! Roga por nós!
Um imenso abraço fraterno!

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Homilia dia 20/02/2011 Imitar amor de Deus “Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48)


VII Domingo do Tempo Comum – Ano A
Lv 19,1-2.17-18; Sl 103(102); 1Cor 3,16-23; Mt 5,38-48

Reunidos para celebrar o “Dia do Senhor”, a liturgia deste domingo nos faz retornar à fonte do amor e da paz. A Palavra de Deus proclamada e tornada nosso alimento nos insere, uma vez mais, no mistério d’Aquele que amou a todos, indistintamente, até o fim, Jesus Cristo, restabelecendo a paz no mundo: “Ele é a nossa paz: de ambos os povos fez um só, tendo derrubado o muro da separação e suprimindo em sua carne a inimizade” (Ef 5,14).

Neste domingo, o evangelho faz ressoar aos nossos ouvidos outro trecho do Sermão da Montanha – em continuidade ao evangelho do domingo passado – em que Jesus conduz os discípulos ao ponto alto da nova interpretação da Lei de Deus, que supera toda expectativa. Ensina a imitar a perfeição de Deus: “Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48). Desta imitação, decorre a ordem de amar indistintamente a todos, que se traduz em não praticar a vingança, em dar mais do que é pedido e de amar os inimigos, pois “assim vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons e faz cair a chuva sobre justos e injustos” (Mt 5,45). O ensino de imitar Deus é o cerne da mensagem da pregação de Jesus. Para realizar esta imitação, Jesus não pergunta aos discípulos se seriam capazes, nem visa facilitar a fé e os comportamentos cristãos, mas simplesmente ordena.

O mandamento de amar, indistintamente, o próximo - seja ele amigo ou inimigo; bom ou mau; justo ou injusto, pecador ou santo -, inclui o amor aos pobres, àqueles que a sociedade considera insignificantes, desvalorizados, marginalizados, excluídos e “descartados”. É justamente esse amor universal, concretizado no particular, o critério pelo qual Deus, um dia, nos julgará (Mt 25,31-46). “Na tarde de nossa vida, seremos julgados pelo amor” (S. João da Cruz).

Imitar o amor de Deus! Isso parece, à primeira vista, impossível, pois sabe-se bem que só pelo esforço humano pouco se alcança. Mas trata-se de ingressar na dinâmica do amor divino, regido pela gratuidade e pelo bem do outro. Amar é graça! Infelizmente, a palavra “amor” é hoje usada com significados ambíguos e está rodeada de muita confusão. Em se tratando de imitar o amor de Deus, trata-se da capacidade que nos é dada de amar desinteressadamente, sem apegar-se à espera da retribuição ou da recompensa, como diz a oração atribuída a São Francisco: “Senhor... que eu saiba mais amar do que ser amado”. O amor gratuito (sem interesses) constrói pessoas novas e novas relações, criando uma nova realidade. É um amor criador, paterno, cuja fonte é Deus, e que, uma vez nele envolvidos, seremos capazes de imitá-lo um pouco, pois diante d’Ele nos sentimos sempre devedores.Ao propor uma nova interpretação da Lei, não baseada nos limites seguros da moral farisaica que levava, no fim das contas, a um “quietismo estéril,  e sim restituindo-a ao seu Autor – “Vós ouvistes o que foi dito... eu, porém, vos digo” – Jesus apresenta uma nova ordem nas relações humanas, a qual não se baseia na vingança e na auto-defesa, mas no amor incondicional, sem discriminações.  

A lei da vingança – “olho por olho, dente por dente” (Mt 5,38) - era uma prática antiga no Oriente Médio e também em outros povos primitivos circunvizinhos. A “lei do talião” (Ex 21,24; Lv 24,20; Dt 19,21) visava manter o equilíbrio entre os grupos humanos (ressarcir um dano ou agressão com outro dano ou agressão: “talião” = tal ou igual, ou seja, pena igual ou semelhante). Entre o povo judeu, a lei do talião servia para restringir ou limitar a punição do vingador, que poderiam se exceder, a fim de proteger as pessoas vitimadas por ofensas, homicídios, roubos. Jesus rejeita o princípio da auto-defesa: “Não enfrenteis quem é malvado” (Mt 5,39). O discípulo não deve reagir à agressão física, mas suportá-la, nem opor-se a uma ação legal com outra ação legal (Mt 5,40). O amor inclui a todos. O preceito de odiar os inimigos não se encontra no Antigo Testamento, mas é uma interpretação popular do mandamento de amar o próximo. Mas, então, quem são os inimigos aos qual Jesus manda amar? O contexto em que foi escrito o evangelho de Mateus fornece a explicação: era tempo de perseguição dos cristãos, por isso os inimigos seriam os que perseguiam os cristãos por razões de fé, fossem esses judeus ou não-judeus (pagãos).  O evangelho de Lucas transcreve a instrução de Jesus com estas palavras: “Amai os vossos inimigos, fazei o bem que aos que vos odeiam, bendizei os que vos amaldiçoam, orai por aqueles que vos difamam” (Lc 6,27-28).

O amor sem discriminações é um amor íntegro, nesse sentido imita o amor de Deus. Na integridade do amor está a perfeição do amor divino e humano. A palavra “perfeito”, em hebraico, significa “inteiro”, “completo”, “íntegro”. Quando o ser humano pratica o amor íntegro, tentando assim imitar o amor de Deus, garantirá a integridade do agir cristão. É o que ensina Paulo a respeito do amor para com todos: “A ninguém pagueis o mal com o mal; seja a vossa preocupação fazer o bem para todos os homens, procurando se possível, vivem em paz com todos, por quanto de vós depende. Não façais justiça por vossa conta, caríssimos, mas dai lugar à ira [a ira divina que reserva para si a punição do pecado]... Antes, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer, se tiver sede, dá-lhe de beber. Agindo desta forma estarás acumulando brasas sobre a cabeça dele. Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem” (Rm 12,17-21).

A lógica da vingança é a lógica do ódio, e não do amor. A vingança produz e reproduz a violência. Pode acontecer que a lógica da vingança, mesmo que não tenhamos consciência esclarecida a respeito, esteja adormecida em nosso interior, e uma vez, acordada, acaba levando a praticar ações de violência. De vez em quando, ouvimos expressões que reforçam o comportamento vingativo, como por exemplo:  “não levo desaforo para casa”, “toma lá, dá cá”, “não tenho sangue de barata”, “pediu, levou”; “quem com ferro fere, com ferro será ferido”, e assim por diante. “Violência gera violência”. A história da humanidade está repleta de exemplos de vinganças que, infelizmente, ainda se repetem.

No grande conjunto de leis que regem a vida cultual e social do povo escolhido, a “Lei de Santidade” (Lv 17-25), a primeira leitura estende o Decálogo, propondo a imitação do Autor da Lei: “Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo” (Lv 19,2). Na relação com o próximo, a imitação da santidade de Deus, exclui a rixa, a contenda, o ódio e exige a correção fraterna onde for necessário. É o que proclama a primeira leitura: “Não tenhas no coração ódio contra o teu irmão. Repreende o teu próximo, para não te tornares culpado de pecado por causa dele. Não procures vingança, nem guardes rancor de teus compatriotas. Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor!” (Lv 19,17-18).

Para o povo da antiga aliança, o “próximo” era o compatriota, o sócio ou vizinho da mesma etnia ou religião, inclusive o estrangeiro que se tornava membro comunidade do povo escolhido. Amar o próximo, ali, significava o respeito, a estima e a ajuda que devia ser dada a esses membros da comunidade. Ao proclamar a “nova lei” do amor, Jesus, no Sermão da Montanha, restitui o mandamento do amor às intenções do Autor da Lei, por isso ordena amar indistintamente, irrestritamente, o que inaugura uma nova ordem nas relações humanas, superando a “lei do talião” e a moral farisaica.

O preceito de amar os inimigos não significa torná-los nossos amigos, sendo favorável aos seus erros, mas oferecer-lhes compreensão e ajuda. Nem levam em conta as antipatias pessoais. O evangelho mostra que Jesus amou a todos com sinceridade e compaixão, e que também tinha amigos íntimos, prediletos, mas não se dispensou de criticar e de fazer duras ameaças aos seus adversários e perseguidores. Amou tanto a ponto de pedir ao Pai que os perdoasse, desfazendo assim o mecanismo da vingança ao retribuir com o perdão. E, ordenou aos discípulos: “Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem” (Mt 5,44). Só leva os inimigos diante de Deus, em oração, quem tem uma grande dose de amor, de amor sincero. Orar pelos adversários é procurar com sinceridade o bem deles. Diante de Deus, as desavenças desaparecem, e a oração se torna a recompensa, o revide (o “troco”) dos prejuízos ou danos impostos pelos que odeiam e agridem. Orar pelos inimigos é dar uma chance à paz, superando inclusive os ressentimentos e feridas.

O inimigo é o maior necessitado de ajuda, este entra nas exigências do amor ao próximo. Zelar pelo bem dos outros torna o amor difícil, e, às vezes, atrai grandes sofrimentos. Em ambientes onde predomina a corrupção, a violência, a tirania do poder, o amor se traduz em criar condições de vida digna, sem compactuar com as situações injustas impostas por outrem. Os pecadores devem ser acolhidos e o pecado deve ser eliminado. O agressor deve ser desarmado com a atitude de “resistência pacífica” – que não é passivismo – a fim de quebrar o círculo vicioso da violência:

“É preciso desencorajar o ‘tirano’ e também resistir-lhe, pelo seu bem e pelo bem dos irmãos. Ter oferecido demais, com freqüência, “o outro lado da face”, e terem inclinado demais, freqüentemente, as costas foi motivo de perpetuar-se de seculares ou milenares injustiças. Jesus morreu por não ter cedido às pressões que lhe chegavam das vozes da prudência e do bom senso. Não é preciso odiar quem quer que seja para ser subvertido da ordem injustamente constituída. O preceito do amor aos inimigos não desmantela a estrutura da sociedade, apenas refaz as relações humanas” (Ortensio da Spinetoli). 

A proposta de Jesus para a solução dos conflitos comunitários, e de alcança social – o amor ao próximo, indistintamente – não é a nivelação das diferenças. Nós, seres humanos, temos a tendência à acomodação e ao costume de estabelecer relações somente com pessoas da mesma visão, do mesmo nível cultural e da mesma condição social. Buscamos o igual para nos identificarmos. A força do mandamento do amor supera os condicionamentos convencionais da coincidência ideológica, espiritual e cultural. Em outras palavras, o mandamento do amor faz sair de si mesmo e ir em busca do outro, do irmão, que é sempre o “outro”. É por isso que quem ama é um constante convertido e um missionário que se renova a cada dia.

Um dos lugares por excelência no mundo em que as relações humanas são regidas pelo amor é a comunidade eclesial. É pela comunidade cristã que Paulo trabalha incansavelmente para garantir e fortalecer a sua unidade. Na segunda leitura, Paulo continua a polêmica em relação à “sabedoria do mundo”, que acaba produzindo divisões ou partidarismos na comunidade cristã de Corinto. A sabedoria mundana desses cristãos mantém-nos na imaturidade espiritual, eles seguem o gosto das coisas terrenas, pois ainda são “homens carnais”: “Não vos pude falar como a homens espirituais, mas tão-somente como a homens carnais” (1Cor 3,1). O problema prática enfrentando por Paulo era a avaliação que os coríntios faziam de seus pregadores em base a critérios de vaidade e preconceitos, que são critérios da “sabedoria do mundo”.

Paulo, Cefas, Apolo, citados na segunda leitura, são “ministros” de uma missão que lhes foi confiada por Cristo. É por estes pregadores que Deus chamou os coríntios à fé. Embora a missão de cada um deles seja diferente – Paulo foi enviado para fundar a comunidade cristã, e Apolo para desenvolvê-la – é o mesmo Senhor quem os envia, com um mesmo objetivo, por isso os ministros são iguais: “Aquele que planta e aquele que rega são iguais entre si” (1Cor 3,8). Se se deve atribuir prestígio ou sucesso a um ministro da Igreja, isso se deve só a Deus: “... que ninguém ponha a sua glória em homem algum” (1Cor 3,11).

Para Paulo, a Igreja não é lugar para o discipulado de ministros. Os ministros de Deus servem à Igreja e à sua unidade, e estes não devem se servir dela para vanglória ou interesses pessoais. Onde Deus reina, não há lugar para endeusar ou idolatrar pessoas. A divisão, o partidarismo dentro da Igreja é antievangélico. O partidarismo profana a santidade da Igreja. O evangelho proclama a sabedoria do sofrimento, da cruz, e também ensina imitar a santidade de Deus, que é refletida na santidade da comunidade, em seu culto e em sua vida de caridade. Pelo batismo, cada fiel tornou-se morada do Espírito Santo, e este que santifica e edifica a Igreja (1Cor 3,16).
Frei Nedio Pertile
Cuiabá, 18/02/2011

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Evangelho de hoje (15/02/2011) Marcos 8, 14-21


Os discípulos haviam esquecido de levar pão e só tinham um pão no barco. Jesus chamou a atenção deles, dizendo:
- Fiquem alertas e tomem cuidado com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes! Aí os discípulos começaram a dizer uns aos outros:
- Ele está dizendo isso porque não temos pão. Jesus ouviu o que eles estavam dizendo e perguntou:
- Por que vocês estão discutindo por não terem pão? Vocês não sabem e não entendem o que eu disse? Por que são tão duros para entender as coisas? Vocês têm olhos e não enxergam? Têm ouvidos e não escutam? Não lembram dos cinco pães que eu parti para cinco mil pessoas? Quantos cestos cheios de pedaços vocês recolheram? Eles responderam:
- Doze. Jesus perguntou outra vez:
- E, quando eu parti os sete pães para quatro mil pessoas, quantos cestos cheios de pedaços vocês recolheram? Eles responderam:
- Sete. Então Jesus perguntou:
- Será que vocês ainda não entendem?
Bíblia Sagrada – Nova Tradução na Linguagem de Hoje
Bom dia!
Costumo dizer que das vezes que fiquei decepcionado a ponto de “chutar o balde”, 80% das vezes foram com pessoas que eu definitivamente não esperava. Em uma grande parcela desses momentos, eram amigos muito próximos, maduros e sem motivo algum aparente. Surge então a pergunta: quem nunca se decepcionou com alguém de sua comunidade (padres, coordenadores, parceiros), do trabalho, da faculdade ou da sua família?
Jesus deixa transparecer esse novo suspiro, dessa vez pelos que o acompanham. Cronologicamente não conseguimos precisar quanto tempo Jesus convivia com eles quando houve esse diálogo. Um ano, dois, três anos.. Não sabemos, mas depois de tantas experiências e profundos ensinamentos partilhados, como ainda podiam se comportar como se estivessem no inicio do convívio de um relacionamento.
A amizade entre pessoas cresce à medida que existe cumplicidade mútua. Jesus trazia a tona que havia “cumplicidade” por sua parte desde o começo. Demonstrava claramente a vontade de vê-los crescer, mudar, amadurecê-los e prepará-los para a eminência da sua ausência. Talvez justificasse assim a tristeza nas palavras que se seguiram durante o diálogo.
Se assim podemos dizer, e talvez isso nos afague, só nos decepcionam de verdade aqueles de quem muito esperamos!

“(…) Quando fordes presos, não vos preocupeis nem pela maneira com que haveis de falar, nem pelo que haveis de dizer: naquele momento ser-vos-á inspirado o que haveis de dizer. Porque não sereis vós que falareis, mas é o Espírito de vosso Pai que falará em vós. O irmão entregará seu irmão à morte. O pai, seu filho. Os filhos levantar-se-ão contra seus pais e os matarão”. (Mateus 10, 19-21)

Engraçado que, por vezes dizemos que esquecemos o que nos aconteceu, mas realmente esquecemos? Como lidamos com as limitações dos outros? Qual é o nível de comprometimento que uma discussão ou desentendimento pode levar? Quantas brigas surgiram da vontade de AMBOS em ir à MESMA DIREÇÃO, no entanto cada um DO SEU JEITO?
Um ditado índio americano diz que dentro de cada um existem dois lobos, um bom e um ruim; que diariamente se digladiam para ver quem sairá vencedor. A sabedoria revela que logrará êxito aquele que for alimentado diariamente. O lobo “bom” é alimentado de fé, esperança, paz, perdão, objetividade, coerência, discernimento, amor, (…); Deus nos nutre de maravilhas incomensuráveis, mas deixa facultativo alimentar ou não, aceitar ou não.
Apesar de próximos a Jesus, os apóstolos, talvez pelo medo, receio, incompreensão, angústia (alimento do outro lobo) não aceitavam por completo essa CUMPLICIDADE com que viam, conviviam e ouviam. Andavam com Ele, mas ainda tinham seus próprios passos, suas próprias decisões.
Mesmo caminhando a procura de Deus, devemos nos nutrir diariamente do que é bom. Nossa fé se fortalece na dificuldade, nos revés e inclusive no desânimo, na decepção, na tristeza. Se O abandonamos facilmente na presença da primeira brisa, precisamos refletir a nossa cumplicidade nessa amizade.
Sejamos cúmplices do amor de Deus e quanto às decepções com os outros… Continuemos andando!!!

“(…) Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças. E a paz de Deus, que excede toda a inteligência, haverá de guardar vossos corações e vossos pensamentos, em Cristo Jesus. Além disso, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é nobre, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, tudo o que é virtuoso e louvável, eis o que deve ocupar vossos pensamentos. O que aprendestes, recebestes, ouvistes e observastes em mim, isto praticai, e o Deus da paz estará convosco”. (Filipenses 4, 6-9)

Um imenso abraço fraterno!

Alexandre Soledade
"(...) A alegria evita mil males e prolonga a vida". (William Shakespeare)
(65) 8408-4145

Deus é Maior 

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Homilia dia 13/02/2011 “Feliz de quem anda na Lei do Senhor!”


LITURGIA – 08
6o  Dom. Comum – 13.02.2011.
“Feliz de quem anda na Lei do Senhor!”
1.Introdução.
Irmãos e irmãs, em nosso tempo ninguém gosta de leis; elas existem para serem violadas!  Pior ainda, cada qual faz a sua lei para consumo próprio! Não ouvimos mais a ninguém, nem a nós próprios, pois, Deus colocou sua Lei bem no íntimo de nosso coração. Gravou em nossa carne a sua Lei, mas, o homem não quer ouvir e, por isso, cercamo-nos de tanto barulho! Simplesmente, não queremos ouvir!
E, no entanto, a sabedoria de Deus está escrita em nosso próprio coração! É dentro de nós mesmos que podemos descobri-la e perceber como ela é sábia. A Lei de Deus, escrita em nosso próprio coração, leva para a salvação!

2.Palavra de Deus.
Eclo 15,16-21 – A vida humana é feita de escolhas e Deus coloca diante de nós o caminho da vida e da morte, cabendo-nos escolher o que nos agrada! Deus coloca a mesa, mas fala em nosso íntimo  sugerindo-nos o caminho da sabedoria; escute, portanto, e escolha. Ninguém vai escolher por você!
1Co 2,6-10 -  O ser humano é inteligente, mas não quer dar-se conta que existe uma sabedoria infinitamente maior que a sua: a Sabedoria de Deus que “preparou maravilhas para aqueles que o amam!” O verdadeiro sentido de nossa vida, somente, Deus o conhece, e Ele o revela àqueles que têm boa vontade! Deus revela os segredos a seus amados mediante o Espírito Santo.
Mt 5,17-37 – Para os antigos, Deus escreveu a Lei em tábuas de pedra; para nós, Ele a gravou nas tábuas do coração! E Jesus revisou as tábuas antigas revelando-lhes o verdadeiro sentido. Jesus é o verdadeiro Mestre da Lei; Ele nos induz a ler, a escutar o próprio coração, pois, é de lá que Ele nos fala pelo sussurro da consciência de cada um! Os caminhos de Deus não estão nas estrelas; passam pelo íntimo do próprio coração humano!

3.Reflexão.
·        O homem moderno não gosta de ser ensinado; ele quer fazer a experiência dos próprios caminhos. Ele “quebra a cara”, mas quer ser independente! Cada vez mais eu me convenção que devemos simplesmente ajudar ao homem moderno fazer a experiência de ouvir o próprio coração, pois, é lá que estão inscritos os sábios preceitos de Deus! Quanto tempo você dedica à reflexão pessoal, ao silêncio para escutar os gemidos do seu próprio coração?
·        E os caminhos de Deus são maravilhosos e estão acima de nossa imaginação: nem os olhos, nem os ouvidos e nem o coração humano imaginou a maravilha que Deus reservou para os que nele põem sua confiança (1Co 2,9).O Espírito Santo, que supre as deficiências do coração humano, revela em nosso íntimo a grandeza e a beleza da promessa divina. Eu não sei o que seja, mas sei que será coisa maravilhosa e humanamente impensável. Acima de tudo!
·        O longo Sermão de Jesus fala-nos da necessidade que temos do Espírito Santo para perceber o íntimo da Lei de Deus. Não basta observar a Lei; é necessário alcançar-lhe o espírito que a ilumina por dentro. Somente na medida de nossa conversão entenderemos as exigências da Lei de Jesus. Ele não aprecia as aparências; quer o coração de seus eleitos!
·        Jesus é o Senhor, também, da Lei; Ele é maior que Moisés que deu a Lei escrita em tábuas de pedra. Ele a escreve no coração e quer autenticidade!  (Mt 5).

“Eu te louvo, Senhor, porque revelaste os mistérios
aos pequenos!”

Frei Carlos Zagonel

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Homilia dia 13/02/2011 'Do amor à justiça a justiça do amor' “Não vim abolir a lei e os profetas, mas dar-lhes pleno cumprimento” (Mt 5,17)


VI Domingo do Tempo Comum – Ano A
Eclo 15, 16-21; Sl 119(118); 1Cor 2,6-10; Mt 5, 17-37

Em cada domingo, a liturgia cristã celebra “o dia do Senhor”. A comunidade cristã se reúne para participar da eucaristia, assim recobra suas forças ao ouvir a Palavra de Deus e ao alimentar-se do “pão da vida”. A participação na liturgia dominical é uma expressão visível de nossa adesão e pertença a Jesus Cristo, que nos amou sem limites, até o fim, e de nossa pertença à Igreja. Em cada domingo, a Igreja propicia o encontro com o Senhor ressuscitado, em cuja luz se aclara os problemas e as angústias que atormentam a existência humana, bem como os revezes, os sofrimentos e as expectativas da comunidade humana. A liturgia dominical celebra a nossa salvação, por isso nos enche de luz, de alegria, de esperança e paz.

A liturgia deste domingo nos convida a irmos da fidelidade à letra da Lei para a justiça do amor, que está por trás do texto escrito da Lei, e que tem como modelo a pessoa de Jesus Cristo. Jesus Cristo é o “homem novo”, que realiza a vontade do Pai e abre caminhos para vivermos um novo estilo de vida baseado na lei do amor. Esse novo estilo de vida supõe conhecer a vontade de Deus e praticar uma “nova justiça”, superando a letra da Lei, e que recupera o verdadeiro espírito da lei: “Não penseis que vim abolir a lei e os profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento” (Mt 5,17).

Essa instrução de Jesus aos discípulos, proferida solenemente no Sermão da Montanha, retoma a pregação profética da interiorização da lei e do culto, pois, tanto outrora quanto hoje, pode acontecer que tanto o culto quanto a prática da lei não correspondam às reais motivações do coração humano: “Abandonais o mandamento de Deus, apegando-vos à tradição dos homens... Sabeis muito bem desprezar o mandamento de Deus para observar a vossa tradição.. Assim invalidais a Palavra de Deus pela tradição que transmitis” (Mc 7,8-9.13). Esta dura advertência de Jesus, endereçada aos fariseus e doutores da lei (escribas), é uma alerta contra um tipo de vida formalmente fiel às leis e tradições, mas em contradição com a “nova justiça” proposta no relacionamento com Deus e com as pessoas. A observância da lei pode ser feita com espírito de barganha e por espírito de merecimento para ganhar o céu. São conhecidas, neste sentido, outras críticas severas a doutores da lei e fariseus que se apoderavam da lei para dominar os outros: “Os escribas e fariseus estão sentados na cátedra de Moisés... Amarram pesados fardos e os põem sobre os ombros dos homens, mas eles mesmos nem com um dedo se dispõem a movê-los” (Mt 23, 2.4).

O cumprimento de leis não garante que sejamos necessariamente considerados justos, e isto vale tanto para a lei de Deus quanto para as leis civis. Não é suficiente a fidelidade à risca à letra da lei, antes esta deve ser cumprida em modo pessoal, consciente e livre, de modo a alcançar o espírito da lei, que outro não é senão o bem dos outros, o bem de Deus e o próprio bem. Em se tratando de leis civis, não é estranho, em nosso país, em algumas instâncias e em algumas ocasiões, o legislar em causa própria, ou mesmo a prática chamada “justiça de duas medidas”, cada uma favorecendo e protegendo a seu modo, a arbitrariedade, a desigualdade, a falta de ética, a desconsideração do outro, e, a nível mais amplo, a “injustiça institucionalizada” (Documento de Puebla, nº. 495).

Os estudiosos do Antigo Testamento observam que o povo judeu mantinha uma veneração pela Lei de Deus, que lhe havia sido dada por meio de Moisés, pois a reconheciam como encarnação da sabedoria e do espírito de Deus; e, era declarado feliz quem progredia no conhecimento e cumprimento da Lei, pois desse modo agradava a Deus. É o que proclama o Salmo responsorial: “Feliz o homem sem pecado em seu caminho, que na lei do Senhor vai progredindo! Feliz o homem que observa seus preceitos e de todo o coração procura a Deus... Ensinai-me a viver os vossos preceitos; quero guardá-los fielmente até o fim. Dai-me o saber, e cumprirei a vossa lei, e de todo o coração a guardarei” (Sl 119 [118]).

Os mandamentos e preceitos da Lei de Deus são luzes, faróis orientadores para a vida dos judeus em todas as suas dimensões, e também é o motivo de um justo orgulho diante dos outros povos (cf. Dt 4,6-8). Tais preceitos e mandamentos, confiados ao povo da antiga aliança, num clima de liberdade, contém um grande valor pedagógico, inclusive para defender-se do mal: “Se quiseres observar os mandamentos, eles te guardarão” (Dt 15,15). O autor do livro do Eclesiástico (1ª Leitura) critica a afirmação de que o pecado é inevitável e a de que Deus estaria despreocupado com o ser humano e seus pecados. Ao contrário, enfatiza que o ser humano tem a liberdade de escolher entre o bem e o mal (livre arbítrio: pode fazer o bem, pode evitar o mal). Para este autor, Deus não abandonou o ser humano a vida sem sentido, mas lhe ofereceu um caminho de salvação, ao qual o ser humano, em resposta, poder percorrer em clima de liberdade e não de escravidão: “Desde o princípio ele criou o homem e o abandonou nas mãos de sua própria decisão... Se quiseres observar os mandamentos, eles te guardarão.... Diante do homem estão a vida e a morte, o bem e o mal, ele receberá aquilo que preferir” (Dt 15,14.16.18).

Deus não impõe, mas propõe! Respeita a liberdade e as decisões do ser humano. Isso mostra, da parte de Deus, o respeito à dignidade do ser humano. Da parte do ser humano, cada um é responsável por sua própria vida, por sua felicidade ou desgraça, por seu crescimento ou degeneração. Nas mãos de cada um está a liberdade de construir “sobre a rocha” ou “sobre a areia”, a realização ou a frustração. Em nossas mãos está a liberdade de seguir caminhos de vida ou caminhos de morte. O caminho, no entanto, que Deus oferece, é garantia de bênção, que se traduz por integridade de vida, felicidade, posteridade, vida longa e ingresso na terra prometida: “Eis que hoje estou colocando diante de ti a vida e a felicidade, a morte e a infelicidade. Se ouves os mandamentos de Iahweh teu Deus que hoje te ordeno – amando a Iiahweh teu Deus, andando em seus caminhos e observando seus mandamentos, seus estatutos e suas normas -, viverás e te multiplicarás. Iahweh teu Deus te abençoará na terra em que estás entrando a fim de tomares posse dela. Contudo, se o teu coração se desviar e não ouvires, e te deixares seduzir e te prostrares diante de outros deuses, e os servires, eu  hoje vos declaro: é certo que perecereis! Não prolongareis vossos dias sobre o solo... eu te propus a vida ou a morte, a bênção ou a maldição. Escolhe, pois, a vida, para que vivas tu e a tua descendência, amando a Iahweh teu Deus, obedecendo à sua voz e apegando-te a ele. Porque disto depende a tua vida e o prolongamento dos teus dias...” (Dt 30,15-20).

No Sermão da Montanha, Jesus instrui os seus discípulos sobre a nova lei do amor ao mesmo tempo em que levanta a voz contra a hipocrisia e o legalismo a que os escribas e fariseus haviam submetido à Lei de Deus. Os escribas e fariseus haviam se apropriado da Lei, Jesus quer restituí-la a Deus, para que nela se compreendesse a expressão da vontade de Deus. Devolver a lei ao seu verdadeiro Autor: isso exige conversão e aprendizado da “nova justiça”, presente no espírito da lei, cuja prática supera os critérios humanos: “Com efeito, eu vos asseguro que se a vossa justiça não exceder a dos escribas e a dos fariseus, não entrareis no Reino dos Céus” (Mt 5,20). Enquanto a prática da lei proceder de categorias ou critérios humanos, a “nossa justiça” estará longe daquilo proposto pelo espírito de Deus presente na lei.

Ao proclamar em tom alto e solene a nova lei – a lei do amor sem medidas – que aperfeiçoa e plenifica a Lei de Moisés e os profetas, Jesus propõe aos discípulos a imitação do agir de Deus: “Deveis ser perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48). Jesus quer salvar a lei do formalismo exterior, mostrando que a sua prática deve tocar e penetrar o íntimo do ser humano, pois é justamente aí, no “sacrário interior” (consciência), que decidimos a vida em favor do bem ou do mal, da vida ou da morte, da luz ou das trevas. É do interior do ser humano que brota o anseio pela justiça verdadeira, como também o anseio pela perdição.

A prática exterior da lei não é suficiente para a salvação. É neste sentido que Jesus retoma os mandamentos da antiga aliança e acrescenta-lhes o espírito das bem-aventuranças. Por isso, na nova lei do amor, não é suficiente “não matar”, mas é necessário evitar o desprezo, a rixa, a cóleca com o irmão, nem sufocá-lo psicologicamente (Mt 5,21-22). Não é suficiente “não cometer adultério”, mas é preciso não alimentar a cobiça pela mulher alheia ou pelo homem alheio no próprio coração” (Mt 5,27-28). Não é suficiente evitar um “juramento falso”, mas deve-se “não jurar”, porque Deus quer que digamos sempre a verdade: “Seja o vosso ‘sim’, sim, e o vosso ‘não’ não” (Mt 5,37). Quanta necessidade temos, em nosso tempo, de veracidade, de sinceridade, de honestidade! Será que o que dizemos corresponde sempre ao que realmente intencionamos? Se dizemos a verdade, por que jurar? Não basta só lavar as mãos antes das refeições ou do culto, mas é preciso purificar o coração. Não basta só a oferenda ou ir ao culto, mas é necessário o perdão e a reconciliação com Deus e com as pessoas.

A lei do amor, que nos guia para além da letra da lei, não seria cumprida sem a sua interiorização. A graça de Deus nos ajuda a interiorizá-la, o que supõe o esforço em sair de si mesmo, desfazer-se de toda autossuficiência, para colocar, em primeiro lugar, o bem de Deus, o bem do outro e o bem de si. Esse esforço de interiorização da lei nos ajuda a superar aquela idéia de que é necessário cumprir a lei de Deus por dever ou por medo do juízo de Deus. No dinamismo de vida nova, que nos é dada desde o batismo, regida pela lei maior do amor, da parte de Deus em relação a nós, tudo será levado em conta, não só a prática dos mandamentos, mas até “quem der, nem que seja um copo de água fria a um destes pequeninos, por ser meu discípulo, em verdade vos digo que não perderá sua recompensa” (Mt 10,42).

A graça de Deus desperta e acalenta nossos propósitos e esforços de fidelidade à Lei do Senhor. O amor está na origem e na meta da Lei de Deus, é inclusive a sua perfeição, por isso Jesus, com seu exemplo, a plenifica. O amor é a perfeição da Lei. O apóstolo Paulo escreve: Não deveis nada a ninguém, a não ser o amor mútuo, pois quem ama o outro cumpriu a Lei... a caridade é a plenitude da Lei” (Rm 13,8.10).  Por isso, Santo Agostinho chegava a dizer: “Ama e faze o que queres”.

É a partir do dinamismo salvífico do amor sem medidas do Filho de Deus, que o apóstolo Paulo confronta a sabedoria dos homens com a sabedoria de Deus. A entrega que Jesus faz de si ao Pai e ao mundo na cruz é a “misteriosa sabedoria de Deus, sabedoria escondida, que, desde a eternidade, Deus destinou para a nossa glória” (1Cor 2,7). Esta sabedoria da cruz nos foi revelada pelo Espírito, que sonda as profundezas de Deus (cf. 1Cor 2,10). O apóstolo Paulo evangeliza com as fraquezas humanas, não se impõe pela força nem com o prestígio e persuasão da retórica, cujas técnicas dominava bem, mas com a força da cruz, pois esta é salvífica. A sabedoria da cruz não é captada pela perspicácia da sabedoria humana, nem pela perspicácia dos poderosos. Deus, em sua sabedoria, “despistou” os sábios humanos e poderosos na encarnação do seu Filho revestido de fragilidade. Se aqueles tivessem reconhecido o modo de Deus amar-salvando, “não teriam crucificado o Senhor da glória” (1Cor 2,8).

A lei maior do amor infinito não combina com o legalismo dos fariseus e escribas, nem com a perspicácia dos poderosos. Deus é infinitamente maior do que os critérios humanos, assim como a sua justiça vai além da justiça humana. O seguimento de Jesus nos conduz do amor à justiça (da lei) à justiça do amor (o espírito das bem-aventuranças).

Frei Nedio Pertile
Cuiabá, 11 de fevereiro de 2011